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No último sábado (29), uma criança morreu após ser atacada pelo cachorro da própria família. Talan Peters, 2 anos, estava em casa, em Mena, Queensland, na Austrália, quando foi mordido pelo animal de estimação e sofreu graves ferimentos no crânio. O menino foi levado às pressas para o Hospital Innisfail, antes de ser transportado de helicóptero para o Townsville Base Hospital. Lá, ele passou por uma cirurgia cerebral de emergência, mas os médicos não conseguiram estancar o sangramento interno. Talan, então, foi colocado em coma induzido, mas estava sem atividade cerebral. Infelizmente, ele morreu na noite da última segunda-feira (31).

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Menino de 2 anos não resistiu após ser atacado pelo cão da própria família (Foto: Reprodução/Mirror)

Menino de 2 anos não resistiu após ser atacado pelo cão da própria família (Foto: Reprodução/Mirror)

Uma página de crowdfunding foi criada para ajudar a apoiar os pais, Amber Stewart e James Peters, e seus irmãos Lucas, 5, e Kade, de apenas um mês. Os fundos arrecadados serão usados no funeral e permitirão que os pais possam se afastar do trabalho por alguns dias.

O pai descreveu o filho como um "menino especial" e disse que ele "lutou até o último suspiro". "Ele era um pequeno soldado corajoso. Ele era feliz, aventureiro e destemido, e iluminava uma sala com seu sorriso e caráter", afirmou James ao site australiano News. Ele declarou, ainda, que a família estava “tão orgulhosa do garotinho” e que ele estaria sempre em seus corações. "Ele fará muita falta para toda a família e amigos. Não temos palavras para explicar a dor e a perda que estamos sentindo neste momento", desabafou.

Talan Peters, 2, morreu no hospital (Foto: Reprodução/Mirror)

Talan Peters, 2, morreu no hospital (Foto: Reprodução/Mirror)

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Como evitar ataques?

"É muito comum ouvir que um cão que normalmente era dócil atacou de repente. Mas, na verdade, nenhum animal, de nenhuma espécie, 'ataca de repente'. Antes, eles vão dando alguns sinais, o problema é que as pessoas não identificam ou não sabem identificar esse sinais", esclarece a comportamentalista canina Renata Gomes de Lima, proprietária do Bangalô Dog Hostel (SP). "O que existe, hoje, é uma falta de conhecimento, de saber como os animais funcionam. As pessoas recebem muitas informações sobre os pets, como sendo um 'brinquedo fofinho', mas, na verdade, os cães são animais predadores na natureza. Eles atacam por diversos motivos e não apenas porque querem agredir ou destruir. Normalmente, isso acontece quando eles têm suas necessidades negligenciadas. Cães não são crianças, eles não são seres humanos, são de outra espécie e, portanto, têm outra maneira de viver", alerta.

Segundo a especialista, a noção de espaço dos animais é completamente diferente de um humano. "Eles têm muito forte essa questão de invasão de espaço. Um animal que tem seu espaço invadido acaba tendo uma reação. Não existe emoção ou ciúmes, o que existe é ação e reação", explica.

Renata diz, ainda, que é errado rotular uma raça como sendo mais agressiva. "Existem raças diferentes, mas também indivíduos diferentes, assim como irmãos que foram criados da mesma forma e têm pesonalidades distintas. Por isso, é importante conhecer seu animal e saber identificar seus sinais. O que acontece muito também é que um pit bull ou um bull dog, por exemplo, que possuem a mordida mais forte, acabam entrando para a estatística de cães que mais mordem porque geralmente causam ferimentos mais graves. Por outro lado, raças menores também podem morder bastante, só que não levam as pessoas para o hospital", destaca.

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Abaixo, reunimos algumas dicas da especialista que podem ajudar a ter uma boa relação com o animal e evitar acidentes:

Pesquise sobre as raças
Se você fosse adotar um tigre ou uma cobra, antes, certamente iria pesquisar todas as informações que envolvem esses animais para se precaver em relação a eles no nosso ambiente familiar, não é? Infelizmente, com os cães, as pessoas não costumam fazer isso. Por exemplo, algumas raças específicas, como as japonesas, que é o caso do Chow Chow, costumam ser de difícil interpretação até para quem trabalha com cães, pois a expressão deles é muito igual. É difícil diferenciar quando estão desconfortáveis, por exemplo. Eles são mais primitivos e exigem mais espaço, isso significa que não são cães de ficar abraçando, apesar de parecerem um ursinho. Outras raças precisam gastar mais energia e necessitam de mais espaço, podendo ficar entediadas e frustradas dentro de casa. Portanto, é fundamental conhecer e buscar uma raça que mais se encaixe à sua rotina famíliar.

Atenda às necessidade do animal
As necessidades dos cães são simples: eles precisam caminhar — isso faz com que tenham equilíbrio mental e físico — alimentar-se e descansar. Se você propuser essa rotina estruturada diariamente, ele será um animal mais equilibrado.

Conheça seu cão
Os cãos sempre dão sinais de que algo está errado. De uma forma genérica, quando ele se curva para trás, está acoado e cães atacam muito mais por medo do que por agressividade. Portanto, um cão que tem medo é mais perigoso, mas isso são sinais genéricos. Para fazer uma boa leitura de um animal é preciso conhecê-lo, obervá-lo e conviver com ele. Quando você coloca um cão dentro de casa, precisa estar disposto a construir um relacionamento interespécies. É fundamental entender quais são as necessidades dele, o que é preciso para suprí-las e o que esse animal precisa aprender e entender sobre a rotina da família para fazer parte do contexto humano. Quando você negligencia isso, acaba criando desiformação.

Construa um relacionamento
Quando se tem um animal e uma criança em casa é importante gerenciar a estrutura. Para que um cão tenha respeito pela criança é fundamental separar os espaços. Toda vez que inserir uma pessoa nova no espaço dos cães, ou até um cão novo, precisa fazer uma apresentação para que entendam que aquele ser não é uma ameaça, e que você, enquanto lider desse grupo, é a referência. E essa apresentação deve ser feita dando espaço. Nunca apresente uma pessoa ou outro animal para um cão colocando o rosto com rosto, focinho com focinho. Faça sempre de lado e com muito espaço. Pois, essa interação de frente, cara a cara, é uma posição muito afrontosa para eles e pode dar muito errado, como quando um cão morde o rosto de uma criança e acontece uma tragédia. Pode dar certo uma vez ou outra, mas acredite, pode dar muito errado!

Nunca deixa um animal perto de um bebê
Não é seguro deixar nenhum cão perto de um bebê sem supervisão e, mesmo com supervisão, nunca deixe o acesso livre. Claro que existem muitos cães que amam crianças, mas não é recomendada a aproximação de livre acesso, pois, antes, o cão precisa aprender a respeitar o espaço do bebê. Quando falamos em espaço, estar próximo já é uma invasão de espaço para o animal. O animal precisa, primeiro, simplesmente existir na presença do bebê. Ele pode estar no mesmo ambiente, mas sem interação. Conforme a criança for crescendo, ela também vai precisar aprender a respeitar o espaço desse cachorro e entender que existe um limite. Para as coisas darem certo, é preciso, antes, coexistir. Se haverá interação, depende do cachorro. Se o cão é mais reservado, não deve existir uma interação de correr, puxar, apertar e morder. A criança pode, por outro lado, aprender a conduzir o cão com a guia ou dar a comida. Com isso, o cão vai entender o respeito que ele deve ter por aquela pessoa, independentemente da idade dela. E isso tudo é construído.

Por fim, a especialista faz uma provocação: "Antes de pegar um cão, abraçar, beijar e agarrar, pergunte a si mesmo se você está fazendo isso para ele ou para você. A resposta, muitas vezes, será: 'Pra mim mesmo'. Então, cabe aos adultos entenderem e organizarem melhor essas questões com as crianças. Cachorro não é brinquedo!", finalizou.

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