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Menino de 5 anos quase morreu após o ataque (Foto: Reprodução/The Sun)

Menino de 5 anos quase morreu após o ataque (Foto: Reprodução/The Sun)

Um menino de apenas 5 anos teve parte de sua testa e orelha arrancadas por seis pit bulls em um ataque violento. Mickele Allen foi surpreendido pelos animais quando voltava para casa, depois de ir a uma loja de doces, na Jamaica. A criança foi encontrada "coberta de sangue", no último domingo (22), pelo irmão mais novo. "Ele perdeu uma quantidade enorme de sangue. Ele foi encontrado por seu irmão com os cães ainda o atacando", disse Evan Garfein, chefe de cirurgia plástica da Montefiore. "Ele teve cerca de 50 a 60% do couro cabeludo arrancado. Além da maior parte de sua testa, ele teve sua orelha esquerda, parte de sua bochecha esquerda arrancadas, ferimentos graves em ambos os braços e ambas as pernas", completou. 

Felizmente, o menino recebeu £ 185 mil (o equivalente a mais de R$ 1,3 milhão) de pessoas que se solidarizaram com o caso de Mickele. O dinheiro permitiu que o menino voasse para a cidade de Nova York, nos Estados Unidos, onde cirurgiões trabalham para reconstruir seu rosto. O dinheiro foi usado com passagens aéreas para ele e sua mãe, passaportes e vistos, além dos cuidados médicos. Garfein, chefe de cirurgia, também decidiu fazer o procedimento sem cobrar do menino.

Sua mãe, Shereen Antoinette Grindley, disse que depois de nove horas de cirurgia e enxertos de pele, o filho está de bom humor. "Eu o vi esta manhã. Ele está se recuperando muito rápido, está comendo, está falando, ele é simplesmente incrível, incrível. Estou tão emocionada. Estou muito feliz", disse à ABC13. "Eu só quero dizer obrigada, obrigada, muito obrigada", completou.

Mickele está se recuperando após o ataque (Foto: Reprodução/The Sun)

Mickele está se recuperando após o ataque (Foto: Reprodução/The Sun)

COMO EVITAR ATAQUES

"É muito comum ouvir que um cão que normalmente era dócil, atacou de repente. Mas, na verdade, nenhum animal, de nenhuma espécie, 'ataca de repente'. Antes, eles vão dando alguns sinais, o problema é que as pessoas não identificam ou não sabem identificar esse sinais", explica a comportamentalista canina Renata Gomes de Lima, proprietária do Bangalô Dog Hostel (SP). "O que existe, hoje, é uma falta de conhecimento, de saber como os animais funcionam. As pessoas recebem muitas informações sobre os pets, como sendo um 'brinquedo fofinho', mas, na verdade, os cães são animais predadores na natureza. Eles atacam por diversos motivos e não apenas porque querem agredir ou destruir. Normalmente, isso acontece quando eles têm suas necessidades negligenciadas. Cães não são crianças, eles não são seres humanos, são de outra espécie e, portanto, têm outra maneira de viver", alerta.

Segundo a especialista, a noção de espaço dos animais é completamente diferente de um humano. "Eles têm muito forte essa questão de invasão de espaço. Um animal que tem seu espaço invadido acaba tendo uma reação. Não existe emoção ou ciúmes, o que existe é ação e reação", explica. Renata diz que é errado rotular uma raça como sendo mais agressiva. "Existem raças diferentes, mas também indivíduos diferentes, assim como irmãos que foram criados da mesma forma e têm pesonalidades distintas. Por isso, é importante conhecer seu animal e saber identificar seus sinais. O que acontece muito também é que um pit bull ou um bull dog, por exemplo, que possuem a mordida mais forte, acabam entrando para a estatística de cães que mais mordem porque geralmente causam ferimentos mais graves. Por outro lado, raças menores também podem morder bastante, só que não levam as pessoas para o hospital", disse.

Abaixo, reunimos algumas dicas da especialista que podem ajudar a ter uma boa relação com o animal e evitar acidentes:

Atenda às necessidade do animal
As necessidades dos cães são simples: eles precisam caminhar — isso faz com que tenham equilíbrio mental e físico — alimentar-se e descansar. Se você propuser essa rotina estruturada diariamente, ele será um animal mais equilibrado.

Conheça seu cão
Os cãos sempre dão sinais de que algo está errado. De uma forma genérica, quando ele se curva para trás, está acoado e cães atacam muito mais por medo do que por agressividade. Portanto, um cão que tem medo é mais perigoso, mas isso são sinais genéricos. Para fazer uma boa leitura de um animal é preciso conhecê-lo, obervá-lo e conviver com ele. Quando você coloca um cão dentro de casa, precisa estar disposto a construir um relacionamento interespécies. É fundamental entender quais são as necessidades dele, o que é preciso para suprí-las e o que esse animal precisa aprender e entender sobre a rotina da família para fazer parte do contexto humano. Quando você negligencia isso, acaba criando desiformação.

Construa um relacionamento
Quando se tem um animal e uma criança em casa é importante gerenciar a estrutura. Para que um cão tenha respeito pela criança é fundamental separar os espaços. Toda vez que inserir uma pessoa nova no espaço dos cães, ou até um cão novo, precisa fazer uma apresentação para que entendam que aquele ser não é uma ameaça, e que você, enquanto lider desse grupo, é a referência. E essa apresentação deve ser feita dando espaço. Nunca apresente uma pessoa ou outro animal para um cão colocando o rosto com rosto, focinho com focinho. Faça sempre de lado e com muito espaço. Pois, essa interação de frente, cara a cara, é uma posição muito afrontosa para eles e pode dar muito errado, como quando um cão morde o rosto de uma criança e acontece uma tragédia. Pode dar certo uma vez ou outra, mas acredite, pode dar muito errado!

Nunca deixa um animal perto de um bebê
Não é seguro deixar nenhum cão perto de um bebê sem supervisão e, mesmo com supervisão, nunca deixe o acesso livre. Claro que existem muitos cães que amam crianças, mas não é recomendada a aproximação de livre acesso, pois, antes, o cão precisa aprender a respeitar o espaço do bebê. Quando falamos em espaço, estar próximo já é uma invasão de espaço para o animal. O animal precisa, primeiro, simplesmente existir na presença do bebê. Ele pode estar no mesmo ambiente, mas sem interação. Conforme a criança for crescendo, ela também vai precisar aprender a respeitar o espaço desse cachorro e entender que existe um limite. Para as coisas darem certo, é preciso, antes, coexistir. Se haverá interação, depende do cachorro. Se o cão é mais reservado, não deve existir uma interação de correr, puxar, apertar e morder. A criança pode, por outro lado, aprender a conduzir o cão com a guia ou dar a comida. Com isso, o cão vai entender o respeito que ele deve ter por aquela pessoa, independentemente da idade dela. E isso tudo é construído.