Saúde
Metade das crianças afetadas por síndrome ligada a Covid tem sintomas neurológicos, aponta estudo
Sinal mais comum é dor de cabeça, mas existem também casos em que ocorrem alucinações, convulsões e dano cerebral, de acordo com pesquisadores britânicos
1 min de leituraMetade das crianças que desenvolve a rara Síndrome Inflamatória Multissistêmica, associada à Covid-19, apresenta sintomas neurológicos, de acordo com um novo estudo da Universidade College London, na Inglaterra.
Os pesquisadores analisaram dados de 46 crianças, com idade média de 10 anos, que tiveram a rara Síndrome Inflamatória Multissistêmica cerca de um mês depois de contraírem Covid. A condição grave causa inflamação em diversas partes do corpo.
Os resultados mostraram que 24 crianças apresentavam sintomas neurológicos, sendo o mais comum dor de cabeça - afetando todos os pacientes pediátricos. Quatorze crianças tiveram encefalopatia, dano cerebral; seis apresentaram alteração na voz ou rouquidão; seis tiveram alucinações; cinco apresentaram ataxia, ou problemas de coordenação; três tiveram problemas com os nervos periféricos, que conectam o cérebro a outras partes do organismo; e uma criança teve convulsões.
Crianças com Síndrome Inflamatória Multissistêmica que apresentam sintomas neurológicos tem mais risco de precisar de ventilação mecânica, mas os pesquisadores não encontraram diferenças significativas na chance de se recuperar da condição.
De acordo com os pesquisadores, é importante que os médicos monitorem cuidadosamente os pacientes pediátricos que já tiveram Covid-19 em busca do aparecimento de algum desses sintomas preocupantes. "Ainda estamos aprendendo como essa nova síndrome inflamatória, que se desenvolve depois que as crianças são infectadas com o coronavírus, afeta os pacientes e precisamos estar atentos", disse um dos autores do estudo, Omar Abdel-Mannan, da Universidade College London. “São necessários mais pesquisas de acompanhamento com essas crianças para concluir se há algum efeito neuro cognitivo de longo prazo”.
Casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica foram relatados pela primeira vez na Grã-Bretanha, Itália e Espanha em abril de 2020 e começaram a surgir na América do Norte em maio. Nos EUA, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, 3185 crianças já apresentaram a condição e 36 morreram.
A maioria das crianças que desenvolve a Síndrome Inflamatória Multissistêmica começa a apresentar os sintomas de duas a quatro semanas após a infecção pelo coronavírus.