• Mônica Kato
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Perguntamos – por meio de uma enquete no Instagram @revistacrescer – quais dúvidas, vocês, leitores, têm em relação às vacinas. Recebemos dezenas delas que, de alguma forma, estão representadas nas perguntas que listamos abaixo. Com a ajuda de médicos infectologistas, esclarecemos vários pontos que têm a ver com os imunizantes. Confira!

+ Reações mais comuns que as vacinas dão

22 respostas para as dúvidas mais comuns sobre as vacinas (Foto: Getty)

22 respostas para as dúvidas mais comuns sobre as vacinas (Foto: Getty)

1. Por que crianças que têm alergia a ovo não podem tomar as vacinas contra a H1N1 e contra a febre amarela? (@wilmafeitosa)
Não é bem assim. Algumas vacinas, como a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela), a da gripe (Influenza H1N1) e a da febre amarela possuem proteínas do ovo na sua composição. Mas se trata de uma fração mínima. Antes de tudo, é necessário entender de que tipo de alergia estamos falando. Porque há quem se considere alérgico, mas, de fato, não é “de verdade”: ingere ovo e, às vezes, apresenta algumas bolinhas na pele. E come bolo e macarrão, que levam ovos na receita, e não acontece nada... Por isso, apenas pessoas que têm alergia grave a esse alimento devem passar por uma avaliação médica para determinar se existe indicação para tomar ou evitar esses imunizantes.

2. O que fazer para amenizar a dor da vacina em bebês? (@lucibrasile)
Uma das técnicas recomendadas é a chamada mamanalgesia, ou seja, amamentar na hora da vacinação. O estímulo da sucção, do contato e mesmo do açúcar do leite materno têm efeito analgésico. Claro que há que se cuidar da posição da criança no colo de quem a está segurando, e da técnica correta de aplicação mas, levando isso em conta, a amamentação na hora da picadinha é uma boa dica para o bebê sofrer menos. Para o momento pós-vacina, a orientação é fazer compressa fria sobre o local.

3. Crianças com epilepsia podem tomar vacinas? (@alicegalves)
A princípio, sim. Não há nenhuma contraindicação ou restrição para pequenos com epilepsia e eles podem receber qualquer vacina. No entanto, um cuidado que pode ser adotado é em relação à tríplice bacteriana que, em geral, pode provocar mais febre. Nesse sentido, é preferível aplicar a forma acelular. É importante considerar que crianças com problemas mais sérios devem passar por avaliação do pediatra antes de tomar qualquer vacina.

4. Qual é a importância da vacina da febre amarela? Ela só é necessária caso a criança saia do país? (@karina_santos_ana)
Há algum tempo, apenas algumas regiões (de matas) tinham casos da doença. Mas hoje, ela é uma enfermidade que ocorre em todo o país. Inclusive, tivemos um surto recente, em 2018. Não atingiu tanto a área urbana, mas, ainda assim, provocou muitos casos e um grande número de mortes. Atualmente, vale a recomendação de fazer a vacina para todas as crianças, em duas doses, aos 9 meses e aos 4 anos, independentemente se vai sair do país ou não.

5. Como minimizar a reação da vacina pentavalente? (@mari_nunes_dias)
Infelizmente, não tem muito como evitar. A pentavalente (protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite por Haemophilus influenzae tipo B) é uma vacina que costuma causar mais reações mesmo. Cerca de 30 a 40% das crianças têm febre, ficam enjoadinhas... A recomendação é fazer compressas frias nas primeiras 24 horas no local da injeção, caso ele esteja dolorido. Depois de 24 horas, aplicar compressas mornas. E, sob recomendação médica, analgésicos comuns, se tiver dor ou febre. Esses efeitos costumam durar de 24 a 48 horas. Existe a possibilidade de administrar medicamentos antes da aplicação da vacina – esse tema ainda gera discussão, por isso, consulte a opinião do pediatra do seu filho.

6. Crianças com APLV e alérgicas a látex podem tomar quais vacinas? (@karlacomkfernandescoms)
De maneira geral, crianças com APLV (alergia ao leite de vaca) podem tomar qualquer vacina. A alergia não é uma contraindicação. No entanto, há um cuidado especial em relação à tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). Quem tem esse tipo de alergia deve tomar a versão produzida no Brasil, que não possui a proteína do leite na formulação. Já em relação ao látex, pode haver contato com o material na hora da aspiração do conteúdo de alguns frascos (a tampa pode ser feita desse material). Mas isso é bem raro. Se já tiver ocorrido algum evento anterior, é importante comunicar o médico, que irá investigar e avaliar se vale continuar o esquema vacinal e com quais vacinas. Essa é uma preocupação pós-vacinação e não pré. Por fim, não custa reforçar que se o pequeno tem alergias conhecidas, ele deve passar por avaliação médica específica para estabelecer como proceder com a vacinação.

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7. Quais são os possíveis efeitos adversos da vacina contra HPV? Ainda não vacinei minha filha com medo de ter alguma reação forte. (@daiane_1209)
São os mesmos que podem ocorrer com quaisquer vacinas, como dor no local, febre e mal-estar. Não há nenhum efeito grave ligado ao imunizante. Trata-se de uma vacina extremamente segura e que deve ser feita – ela é bastante importante para a redução de casos de câncer de colo de útero que, com certeza, é algo que não queremos para os nossos filhos no futuro.

8. Quais vacinas da rede particular são realmente necessárias? Para quem não pode pagar por todas, quais deveriam ser prioridade? (@limartinsamorim e @dpapoula)
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) preconizam o calendário de saúde individual o mais completo possível. Não dá para falar das que são mais ou das que são menos necessárias ou prioritárias. Todas são importantes! Quanto mais completa estiver a proteção, melhor para a criança. Claro que isso depende da possibilidade de a família ter acesso aos imunizantes na clínica privada. Por isso, converse com o pediatra para que ele, dentro das suas condições, possa orientar sobre o esquema vacinal do seu filho.

9. As lactantes realmente transmitem pelo leite os anticorpos gerados pelas vacinas? (@meelsmendes)
Sim. Em geral, as vacinas feitas pela grávida passam anticorpos pela placenta e tornam o feto, e depois o recém-nascido, por meio da amamentação, protegidos em algum grau. Entretanto, isso depende da doença para a qual a gestante foi imunizada e do período de amamentação. Amamentar não garante que o bebê esteja protegido nem o dispensa de tomar as próprias vacinas. Até porque essa proteção é chamada de imunidade passiva. Ou seja, a criança não desenvolveu a resposta imunológica, o que significa que esses anticorpos vão se perdendo ao longo do tempo, e não são repostos. Por isso, ela precisa tomar todos os imunizantes previstos pelo PNI (Programa Nacional de Imunização), do Ministério da Saúde.

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10. Há riscos se a criança não tomar as vacinas que não são oferecidas pelo SUS, como a meningite A e B? (@pamelaassaiante)
O risco é, obviamente, adoecer. O PNI (Programa Nacional de Imunização), que define as políticas de vacinação pelo SUS, tem um olhar de saúde pública. Ou seja, estuda quais são as doenças mais frequentes e em quais faixas etárias está a maior incidência. Com base nessas informações, inclui as vacinas x ou y no calendário infantil. A clínica privada contempla um programa mais completo de vacinação. Se puder investir nessas vacinas, vale a pena.

11. Quantas doses da vacina para a meningite a criança precisa tomar? (@marci3681)
O PNI, que oferece as vacinas pelo SUS, disponibiliza a do meningococo C, em três doses – aos 3, 5 e 12 meses. De acordo com a SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), a recomendação, se possível, já que estas são feitas na rede particular, é adicionar a do meningococo B, em quatro doses, aos 3, 5, 12 e 15 meses, e a ACWY, aos 3, 5, 12 e 15 meses, e aos 5 e 6 anos.

12. As meningocócicas B e C – que estão no calendário vacinal para crianças de 2 meses – são essenciais? Ou posso deixar para tomar tudo de uma vez, com a ACWY, com 1 ano? (@marinamuniz10)
Sim, elas são bem importantes – quem pode pagar, deve fazer o quanto antes. Porque essas doenças são mais comuns em bebês. Esperar um ano para fazer as vacinas significa deixar a criança desprotegida nesse período, o que não é recomendável. Apenas esclarecendo: a meningocócica B não está no calendário vacinal do SUS, e a meningocócica C deve ter a primeira dose aplicada aos 3 meses e não aos 2 meses.

13. Meu filho tem 4 anos, atrasou a primeira dose da ACWY e só tomou uma até agora. Como fica o esquema de reforço? (@v_grazzi)
A prescrição de vacinas iniciadas fora do período recomendado deve ser avaliada caso a caso. Por isso, consulte o pediatra dele.

14. Quais as diferenças entre as vacinas do SUS e das clínicas particulares? (@lucibrasile)
O calendário proposto no PNI (Programa Nacional de Imunização) é bastante completo e oferece a proteção necessária às crianças. A diferença entre as vacinas oferecidas pelo sistema público e as clínicas particulares tem a ver com a quantidade de proteção contra diferentes subtipos de determinados vírus ou bactérias. Por exemplo, a vacina contra o rotavírus do SUS é monovalente, enquanto da rede privada, pentavalente. A vacina contra Influenza (gripe) do posto é trivalente, enquanto na clínica particular é quadrivalente. E também há vacinas na rede privada que não são oferecidas pelo SUS, como as das meningites B e ACWY (o SUS disponibiliza apenas a partir de 11 anos), e versões mais modernas de imunizantes contra pneumonia, por exemplo. Para finalizar, no SUS, por vezes se contempla as faixas mais prioritárias para vacinar contra certas enfermidades – gripe só para grupos de risco, meningite apenas para bebês e adolescentes, HPV com foco nos adolescentes.

15. As vacinas pagas (ou seja, que só estão disponíveis em clínicas particulares) da meningite podem ser tomadas com qualquer idade? (@viviscm)
Embora as vacinas contra meningite possam ser administradas em qualquer idade, é recomendado, de preferência, seguir o calendário proposto para as crianças: imunizantes contra meningococo ACWY e B devem ser feitos aos 3 e 5 meses, com reforço dos 12 aos 15 meses. O mais importante é fazer a proteção já no primeiro ano de vida, que é o momento em que há um maior número de casos e maior taxa de mortalidade por meningite meningocócica.

16. Minha filha tem 2 anos e não recebeu a BCG quando nasceu. Ela ainda pode tomar? (@glaucia_reis_mendonca)
Sim, ela ainda pode fazer essa vacina. A BCG é administrada até 6 anos e 11 meses. Quem ainda não recebeu o imunizante até essa idade deve ir atrás. Antes disso, porém, é interessante conversar com o pediatra. Porque quando não se vacina no começo da vida, sempre existe a possibilidade do contato com alguém contaminado ou que já teve tuberculose. Nessa situação, vale analisar se há a necessidade de fazer o chamado tratamento de tuberculose latente, por meio de um teste. Por essa razão, é fundamental conversar com o pediatra ou o infectologista para avaliação.

17. Quais são as reações mais comuns das vacinas em crianças? (@laransilveira)
Elas costumam ser leves e incluem dor, inchaço e vermelhidão no local da aplicação, febre, mal-estar e irritação. Em geral, duram de 24 a 48 horas.

18. Como saber se as vacinas para os pequenos são seguras? (@mamae_lu_3)
Todas as vacinas que vêm sendo aplicadas no país são extremamente seguras. Não haveria sentido em usá-las no PNI, com 3 milhões de crianças nascendo todo ano, se elas trouxessem qualquer risco ou malefício. Os benefícios das vacinas são muito maiores do que, eventualmente, os riscos de efeitos colaterais. Os riscos que seu filho corre adoecendo de sarampo, catapora, gripe, meningite, hepatite, pneumonia, entre outros males, são muito mais sérios do que, eventualmente, os efeitos adversos que são raros, leves e transitórios.

19. Por que demora tanto para testar e aprovar vacinas em bebês e crianças? (@nataliequeirozperinetto)
Todas as vacinas precisam passar pelas fases 1, 2 e 3 de testes – algo que temos ouvido tanto com a covid-19... O que as pessoas não sabem é que existe, ainda, a fase 4. Para que qualquer medicamento ou vacina seja aprovada, eles continuam sendo acompanhados e analisados após a comercialização. Todo esse cuidado é necessário para checar sua eficiência e segurança. Isso é natural e leva o tempo que for necessário.

20. Qual a consequência a longo prazo das vacinas da covid-19 para crianças? Será que serão seguras? (@parezende22)
Não existe nenhuma suspeita nem razão biológica plausível de que elas possam trazer algum impacto a longo prazo. À medida que vão sendo aprovadas, também vão sendo revisadas. Hoje, temos cerca de 5,5 bilhões de vacinas aplicadas no mundo, o que reforça o perfil de segurança dos imunizantes contra essa doença. E muitas crianças e adolescentes já foram imunizados e apresentaram bons resultados. Não há por que imaginar que haverá problemas no futuro.

21. Quais países já estão aplicando a vacina da covid-19 em crianças? (@gabriellaserrazina)
Ela já vem sendo utilizada em crianças nos Emirados Árabes (a partir de 3 anos), no Chile (a partir de 6), na China (a partir de 3), em Cuba (a partir de 2) e nos Estados Unidos (a partir de 5 anos), onde o FDA (agência regulatória norte-americana) acaba de aprovar o uso para a população de 5 a 11 anos. 

22. Já existe previsão para vacinação contra a covid-19 em crianças no Brasil? (@jairopinsan)
Hoje, no Brasil, apenas a população a partir dos 12 anos vem sendo vacinada. Ainda não dá para prever, já que após a divulgação dos resultados finais dos ensaios clínicos da vacinação que vêm sendo realizados em menores de 11 anos, ainda é necessária a aprovação da Anvisa. No entanto, com a recente liberação pelo FDA, órgão regulatório norte-americano, para a faixa de 5 a 11 anos, a Pfizer pretende entrar com o pedido de aprovação para essas idades ainda no mês de novembro no Brasil. O governo de São Paulo, por exemplo, anunciou que irá enviar, nesta quarta-feira (3/11), um ofício à Anvisa solicitando que o órgão regulador autorize, com urgência, o início do processo de vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19.

Fontes: Carla Kobayashi, infectologista do Hospital Sírio-Libanês (SP); Renato Kfouri, pediatra e infectologista, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e Marcelo Otsuka, vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).