• Malu Echeverria
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peso na gravidez (Foto: Thinkstock Photo)

O peso do bebê ao nascer está diretamente relacionado ao ganho de peso da mãe durante a gravidez. E também terá impacto em seu desenvolvimento a curto e longo prazo, como reforça um estudo feito pela nutricionista Fabiane Francisqueti na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em Botucatu. Quanto maior o ganho de peso gestacional, por exemplo, menor a chance do recém-nascido apresentar baixo peso (isto é, menos de 2,5 kg). Mas isso não significa que está tudo bem comer exageradamente ao longo da gravidez. 

“A recomendação do quanto engordar depende do peso da grávida antes da gravidez, o que é calculado com base no chamado IMC (índice de massa corporal)”, explica o ginecologista e obstetra Roberto Cardoso, coordenador do Femme Laboratório da Mulher, em São Paulo. Mulheres com peso adequado (IMC de 18,5 a 24,9) podem ganhar de  11 a 16 kg, enquanto as com sobrepeso (IMC entre 25 e 29,9) devem aumentar de 7 a 11 kg. As obesas (IMC igual ou superior a 30), apenas de 5 a 9 kg. Já as abaixo do peso (IMC inferior a 18,5) têm de ganhar entre 12,5 a 18 kg. O obstetra ressalta que o ideal mesmo é ficar na média do esperado para cada grupo.

Se a gestante engordar além ou menos do que o recomendado, podem ocorrer alterações no corpo dela e no do bebê, com impacto na saúde de ambos. É o caso da diabetes gestacional, mais comum em gestantes obesas, que faz crescer a probabilidade da criança nascer com macrossomia fetal. A doença se caracteriza por peso igual ou maior a 4 kg no nascimento ou percentil superior a 90 e está associada a uma série de riscos, como hipoglicemia neonatal e obesidade e diabetes tipo 2 na adolescência. Já para a mãe, há mais chance do parto terminar em cesárea e de desenvolver diabetes no futuro.

Outra doença que costuma aparecer em gestantes que engordam demais é a hipertensão, chamada de pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial acompanhado da perda de proteína pela urina). O perigo maior, nesse caso, é o problema evoluir para a eclâmpsia, muitas vezes fatal para mãe e filho.

Ainda que o excesso de peso seja mais comum atualmente entre as gestantes do que a desnutrição, engordar pouco também põe a gravidez em risco. A lógica é a mesma: o bebê depende das reservas nutricionais da mãe, por isso, se ela estiver desnutrida pode comprometer seu desenvolvimento. “A tendência, entretanto, é o organismo priorizar a saúde do bebê nesse caso, em detrimento da materna”, diz Francisqueti. Ou seja, ele pode nascer pequeno para a idade gestacional, porém saudável, enquanto a mãe ficará anêmica. Mas a especialista destaca, ainda, outro problema. “Estudos mostram que fetos que se desenvolveram em ambiente de restrição alimentar têm mais chance de desenvolver síndrome metabólica e obesidade mais tarde”, afirma a nutricionista.