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A uma semana do fim da campanha de vacinação contra a gripe, apenas 29% das 140 mil gestantes e puérperas foram até os postos de saúde para se imunizar no estado de São Paulo. O dado foi divulgado pela Secretaria de Saúde nesta semana. Ainda segundo a pasta, o número de crianças vacinadas também preocupa: menos de 40%. No total, o estado tem 7,5 milhões pessoas imunizadas, sendo os idosos os que mais aderiram à campanha (60%).

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Em entrevista à CRESCER, o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, dos hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, em São Paulo, explica que a baixa taxa de vacinação não é exclusiva da gripe. "A pandemia de coronavíus gerou um movimento de reclusão das pessoas, fazendo com que todo o calendário de vacinação do Brasil ficasse atrasado. Os números estão ruins para todos os tipos de vacinas, em todas as faixas etárias. Houve um excesso de notícias em relação à vacina da covid, o que, naturalmente, acabou gerando o senso de prioridade, levando ao esquecimento das outras vacinas", explicou. "De uma maneira geral, o entendimento geral de vacinação não é exclusivamente a proteção individual, mas da população como um todo. Quanto maior o número de pessoas vacinadas, menor será a transmissibilidade das doenças", acrescentou.

 (Foto: MART PRODUCTION/Pexels)

(Foto: MART PRODUCTION/Pexels)

"O vírus da gripe, como já se sabe, passa por mutações. Então, anualmente, uma nova vacina é elaborada para proteger contra três ou quatros diferentes tipos de mutações. É importante que toda a população se imunize, mas, especialmente, as pessoas do grupo de risco, que estão mais suscetíveis a danos pulmonares, reações mais graves e têm o sistema imunológico comprometido. Essas, caso sejam infectadas, correm maior risco de terem experiência piores em termos de sintomas, sobrecarregando o sistema de saúde e as UTIs", alertou o especialista. "E é nesse ponto que chegamos nas gestantes, que fazem parte do grupo de risco para síndromes gripais", completou. 

Mais suscetíveis às infecções virais

Segundo o obstetra, o próprio processo da gravidez torna a mulher mais vulnerável às infecções virais. "Principalmente nos últimos três meses de gestação. Nessa fase, o útero está bastante aumentado, ocupando volume abdominal e fazendo com que os órgãos tenham que ser realojados. Isso vai fazendo com que haja uma compressão do diafragma e, consequentemente, a diminuição da capacidade pulmonar. O corpo já está preparado para isso na gestação, mas uma infecção, nesse momento, coloca uma 'carga a mais'. Então, se essa gestante que já está com a capacidade pulmonar naturalmente comprometida pela gestação contrair um vírus, pode ser levada a um quadro de saúde grave", alertou. 

Apesar do risco de gravidade ser maior no último trimestre, Pupo orienta que a vacina seja administrada em qualquer fase da gestação. No entanto, quem estiver com sintomas de gripe ou covid-19 deve esperar de duas a três semanas do fim dos sintomas para ser imunizado. "É necessário ter o sistema imunológico saudável, para que ele reaja à vacina. Não é infrequente ouvir pessoas que tiveram uma reação gripal um ou dois dias após a administração da vacina. Isso ocorre porque o corpo reage à dose, gerando anticorpos, que vai protegê-lo", explicou.

A campanha de vacinação contra a Influenza está ocorrendo gratuitamente nos postos de saúde até o dia 24 de junho.