• Sabrina Ongaratto, do Home Office
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Vanessa pegou sua filha no colo pela primeira vez nesta quinta-feira (10) (Foto: Reprodução Facebook)

Vanessa pegou sua filha no colo pela primeira vez nesta quinta-feira (10) (Foto: Reprodução Facebook)

"Se você precisa de um milagre, não desista!", anunciou Anderson Mello, em suas redes sociais. Ele é irmão de Vanessa Evelyn, 37 anos, de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, que, por pouco, não perdeu a batalha contra o coronavírus. "Foram 36 dias de CTI, 15 dias em coma, 28 dias entubada, 36 dias sem ver as filhas, 75% dos pulmões tomados pelo coronavírus, uma trombose na perna esquerda e outra nos pulmões. Ela enfrentou tudo isso três dias depois de ter passado por uma cesariana. Foram noites de muito medo, dores, lágrimas, incertezas, pânicos, mas nós vencemos!", comemora ele.

Anderson conta que foi preciso interromper a gravidez para que Vanessa fosse entubada. "Ela foi colocada em coma profundo. No dia 11 de agosto, foi desenganada pela medicina. E depois de 38 dias, ela pegou sua bebê em seu colo pela primeira vez", conta, emocionado.

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Vanessa foi aplaudida por profissionais de saúde do RJ (Foto: Reprodução Facebook)

Vanessa foi aplaudida por profissionais de saúde do RJ (Foto: Reprodução Facebook)

Vanessa deixou o hospital na quinta-feira (10), no RJ (Foto: Reprodução Facebook)

Vanessa deixou o hospital na quarta-feira (9), no RJ (Foto: Reprodução Facebook)

Segundo o irmão, Vanessa já está em casa, recuperando-se. Ela já fala, começou a caminhar e deve receber o auxílio de um fisioterapeuta nos próximos dias. No entanto, ainda não lembra de muitas coisas e fica muito emocionada ao falar sobre o assunto. Por isso, Anderson foi quem contou essa história para a CRESCER. Confira o relato:

"Vanessa tem duas filhas, Anna Beatriz de 8 anos e a bebê, Alice, que é recém-nascida. Ela estava grávida de 37 semanas quando começou a sentir muito cansaço, falta de ar e dores no corpo. Os médicos acreditavam que fossem apenas sintomas normais do final da gravidez. No entanto, no último dia de julho, eu a levei para fazer o teste rápido da covid e deu negativo. No dia seguinte, ela piorou e o marido dela a levou para a emergência. Lá, ela recebeu um antigripal e ela foi liberada. Em casa, ela me disse que estava sentindo muita falta de ar e cmeçou a ter febre. Nesse momento, decidi levá-la à maternidade. Chegando lá, os médicos suspeitaram de covid e ela foi internada diretamente no CTI, pois, o raio x já apontou sinais do vírus no pulmão.

No dia seguinte, ela fez um novo teste rápido que deu negativo. Em 48hs, ela fez o teste do cotonete e esse, sim, deu positivo. A partir de então, todos já ficaram bastante preocupados. Em uma reunião entre os médicos e a família, resolvemos que o melhor seria antecipar a cesárea. Vanessa ainda estava consciente quando Alice nasceu, mas não se lembra de nada. Felizmente, o bebê nasceu saudável e sem os sintomas da doença no dia 6 de agosto.

No dia 7, o quadro de Vanessa começou a piorar. No dia 8, a bebê recebeu alta, mas a saúde da minha irmã se agravou muito. Tanto, que os médicos pediram que ela fosse transferida para um hospital mais preparado. Depois da transferencia, a médica avisou que o pulmão dela já estava bastante comprometido e ela mesmo pediu para que fosse entubada. Segundo os médicos, ela queria nos ligar para se despedir da gente, mas eles não deixaram, pois ela tava muito mal. Eles, então, apenas deram o recado de que ela nos amava muito. 

Foram 15 dias entubada, sem evolução do quadro. Não melhorava nem piorava. Nesses tempo, foram feitos vários procedimentos e métodos para tentar reverter o quadro. Ela teve trombose pulmonar, hipertensão pulmonar e passou por uma traqueostomia. Felizmente, menos de 24 horas depois, ela abriu os olhos e deu um suspiro. A partir daí, começou a reconhecer algumas pessoas e foi melhorando a cada dia. Em dez dias, testou negativo para a covid, e foi saindo do estado grave para estável. A luta foi grande, pois a doença atingiu o psicólogico dela. Vanessa acreditava que só conseguiria respirar com a ajuda do ventilador. Então, ela precisou passar por um tratamento para conseguir voltar a respirar sozinha.

Depois de acordar do coma, ela passou por um teste de lucidez e foi aí que demos a notícia sobre o nascimento de Alice. Nesse momento, ela chorou muito. Levamos as fotos e, mesmo debilitada, ela dormia abraçada com as fotos da familia. Nessa semana, antes da alta, ela começou a ficar muito agitada e ansiosa pelo reencontro e a família sempre na torcida. Quando ela finalmente conheceu sua bebê, na quarta-feira (9), foi uma emoção muito grande, um dia muito lindo."

Assista, abaixo, o vídeo do primeiro encontro emocionante entre mãe e filha (se não conseguir visualizar, clique aqui):

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FAMÍLIA X COVID

"A minha mãe teve covid. Eu tive covid", conta Anderson. Segundo ele, felizmente ele e sua mãe não precisaram de internação. "Mas, nesse meio tempo, meu cunhado, Isaías, que é marido de Vanessa, ainda internou a mãe dele, a irmã e uma tia com covid. A família toda foi acometida pelo vírus. A doença devastou minha família. Por isso, eu e Isaías que cuidamos da minha irmã e da minha sobrinha no hospital", conta.

Anderson disse que atribui a recuperação da irmã à médica intensivista Vanessa Pizza, do Hospital Casa de Portugal, no Rio de Janeiro. "Essa médica foi atrás de tratamentos em outros estado, fez videoconferências com médicos de outros países e lutou pela minha irmã com toda a garra. Ela nos manteve em contato o tempo todo com a Vanessa, brigou pela nossa presença dentro do CTI, pois acredita que a recuperação dos pacientes depende desse contato. Ela chorou com a gente. Participou de todos os momentos e não desistiu em nenhum momento. Ela usou de todas as metodologias possíveis. Somos muito gratos a ela", finalizou.

Vanessa com a equipe médica e, à direita, com a médica que a salvou (Foto: Arquivo pessoal)

À esquerda, Vanessa com o irmão, Anderson, e a equipe médica; à direita, com a médica que a salvou (Foto: Arquivo pessoal)

Vanessa com a família, em casa (Foto: Arquivo pessoal)

Vanessa com o marido, Isaías, e as filhas, Alice e Anna Beatriz (Foto: Arquivo pessoal)