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Tipo de contracepção pode deixar mulher mais suscetível ao HIV? (Foto: Pexels)

Tipo de contracepção pode deixar mulher mais suscetível ao HIV? (Foto: Pexels)

Mais de 600 mil novas infecções por HIV ocorrem em mulheres africanas a cada ano, e mais de 58 milhões apostam em métodos contraceptivos modernos, principalmente os injetáveis, ​​cujo uso aumentou nas últimas décadas na África e em muitos locais onde a incidência do HIV é alta. Estudos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais anteriores sugeriram que esse contraceptivo poderia aumentar a suscetibilidade da mulher ao HIV.

Em março de 2017, em função dos resultados de alguns desses estudos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou orientações para o uso de contraceptivos injetáveis por mulheres com alto risco de infecção por HIV. Na época, o Critério de Elegibilidade Médica da OMS para o contraceptivo mudou de categoria 1 (condição para a qual não há restrição para o uso do método contraceptivo) para a categoria 2 (em que as vantagens de usar o método geralmente superam os riscos teóricos ou comprovados). Agora, estes resultados foram revistos.

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Uma nova pesquisa randomizada com mais de 7.800 mulheres africanas, com idades entre 16 e 35 anos — realizado pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos —, veio para provar que esse tipo de injeção contraceptiva (acetato de medroxiprogesterona de depósito intramuscular) não apresentava risco substancialmente aumentado de aquisição de HIV quando comparado com o DIU (dispositivo intrauterino de cobre) e um levonorgestrel (progesterona sintética). "Nosso ensaio randomizado não encontrou uma diferença substancial no risco de HIV entre os métodos contraceptivos avaliados, e todos os métodos foram seguros e altamente eficazes na prevenção da gravidez", diz o professor Jared Baeten.

COMO FOI O ESTUDO?

Durante o estudo, as mulheres que não tinham HIV usaram somente um método contraceptivo por 18 meses. Os participantes foram divididos aleatoriamente em três grupos e receberam o método injetável, o DIU de cobre ou o implante. O ensaio foi aberto, o que significa que os participantes e seus médicos sabiam qual anticoncepcional estava sendo administrado. Os médicos informaram as mulheres no estudo de que seu anticoncepcional não protegia contra o HIV e recomendou que também usassem preservativos.

Os pesquisadores acompanharam quantas mulheres desenvolveram o HIV e quaisquer efeitos colaterais da contracepção que usaram. No total, 94% de todas as mulheres completaram sua última visita programada. Ao longo do ensaio, houve 397 infecções pelo HIV e nenhuma incidência significativa do HIV entre os três grupos de mulheres. Os autores explicam que o estudo foi desenhado para ser capaz de detectar um aumento de 50% no risco de HIV, mas que o julgamento não foi estatisticamente forte o suficiente para prever aumentos inferiores a 30%.

Além disso, todos os três anticoncepcionais foram altamente eficazes, com aproximadamente 1% ou menos de mulheres engravidando enquanto usavam o anticoncepcional ao qual foram atribuídas continuamente por um ano, entretanto a injeção e o implante tiveram menor incidência de gravidez do que o DIU de cobre. A maioria das gestações (71%, 181 gestações) ocorreram depois que as mulheres interromperam o uso do contraceptivo e, no geral, houve 255 gestações no estudo.

CONCLUSÕES

O co-autor Nelly Mugo, do Instituto de Pesquisa Médica do Quênia e da Universidade de Washington, ressalta que, apesar de nenhum dos métodos torná-las mais suscetíveis, eles também não funcionam como protetor contra o vírus. "Nossos resultados enfatizam fortemente a necessidade de esforços mais agressivos de prevenção e gestão de HIV e DST para mulheres africanas", diz.

O estudo teve como objetivo fornecer evidências robustas sobre os riscos potenciais para informar a tomada de decisões das mulheres, o aconselhamento sobre métodos contraceptivos e as decisões normativas e de elaboração de políticas. "Muitos fatores estão levando taxas inaceitavelmente altas de aquisição de HIV em mulheres jovens, mas temos boas razões para acreditar que contracepção não é um deles", finaliza Lisa Miyako Noguchi, da Johns Hopkins University, nos Estados Unidos.

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