• Naíma Saleh
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Pai e filho: a interação pode trazer benefícios desde cedo (Foto: Thinkstock)

Pai e filho: a interação pode trazer benefícios desde cedo (Foto: Thinkstock)

Com exceção de dar à luz e amamentar, os pais podem assumir as mesmas responsabilidades que as mães em relação aos cuidados com os filhos. E quanto mais envolvidos eles estiverem com a prole desde cedo, mais positivo é o impacto no desenvolvimento das crianças. E isso foi comprovado cientificamente, por uma pesquisa realizada em conjunto pela Imperial College London, pelo King's College London e pela Universidade de Oxford, todos no Reino Unido.

O estudo acompanhou as interações entre 128 pais e seus filhos em dois momentos diferentes: quando as crianças tinham 3 meses e após completarem 2 anos. Da primeira vez, os pais ficaram com os bebês, sem brinquedos ou outro tipo de distração, em cima de um tapetinho. Na segunda oportunidade, leram para os pequenos.

Em ambos os momentos, o comportamento dos progenitores foi gravado e, posteriormente, analisado por especialistas, que deram notas de acordo com a qualidade da interação com a criança. Os resultados mostraram que os filhos de pais mais envolvidos se saíram melhor em testes cognitivos, nos quais precisavem reconhecer  formas e cores.

Isso mostra que a influência paterna sobre o desenvolvimento dos pequenos é positiva, mesmo em estágios tão primários da vida. “Aquele pai que era uma figura totalmente ausente na educação dos filhos, que ficava somente como provedor e era visto como uma figura de autoridade distante já não existe mais. Hoje, os pais participam e são parte importante no processo de construção da identidade social das crianças”, explica a psicopedagoga Irene Maluf, da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Para ela, a constatação da pesquisa faz todo sentido, uma vez que a presença do pai é essencial desde cedo. Ele é o terceiro elemento que ajudar o bebê a começar a entender que o mundo não se limita a ele e à mãe, e que os dois são seres distintos. Além disso, quando a criança é cuidada por outros adultos, seus referenciais são ampliados e ela aprende a reconhecer a pluralidade que existe nas formas de se relacionar. Ninguém melhor para esse papel do que o pai.

A pesquisa ainda toca em alguns outros pontos interessantes. O primeiro é que não houve diferença nos resultados considerando o gênero das crianças: meninos e meninas receberam a mesma influência positiva de pais envolvidos. O segundo é que, embora no imaginário coletivo as brincadeiras feita pelos homens geralmente sejam mais brutas e agitadas do que as propostas pelas mães, no experimento, as atividades realizadas foram bem tranquilas, mas influenciaram positivamente as crianças. Ou seja: o papel do pai não se limita apenas às brincadeiras mais enérgicas, nem é importante apenas por fazer um contraponto ao estilo mais bem comportado das mães. Ainda assim, Irene ressalta que a forma como os homens são acostumados a interagir com os filhos costuma ser bem diferente da maneira como as crianças são tratadas pela mãe. e esse contraste é bastante positivo. "Homens têm uma linguagem própria, normalmente são mais assertivos e criança gosta muito disso, porque é estimulante cognitivamente. As brincadeiras masculinas em geral são mais desafiadoras", comenta a psicopedagoga.

Vale ressaltar que a pesquisa também constatou que filhos de pais reclusos, com comportamento depresssivo, pontuaram menos nos testes cognitivos. Ou seja: não basta estar fisicamente presente. É preciso estar realmente envolvido para que as crianças sejam estimuladas e influencidas de forma positiva nesses momentos de interação. 

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