• Naíma Saleh
Atualizado em
O perigo das dietas restritivas (Foto: Thinkstock)

O perigo das dietas restritivas (Foto: Thinkstock)

Perder muito peso de maneira rápida e sem passar fome - ou quase. Essas são algumas das promessas da grande maioria das dietas restritivas, aquelas que limitam a qualidade dos alimentos consumidos e geralmente reduzem de forma drástica a quantidade de calorias. Sim, elas podem até cumprir tudo isso, mas não sem causar sérias consequências ao organismo. Veja como as três dietas mais populares do momento funcionam e quais são os riscos de adotá-las:

Dieta  hCG

Leva o nome do hormônio produzido durante a gravidez: o beta-hCG. A ideia é, além de consumir uma dieta de baixíssimas calorias (apenas 500 kcal por dia), tomar injeções com o hormônio. Os adeptos juram que isso ajuda a suportar a fome (afinal, quem vive comendo tão pouco?) e que, além disso, ajuda a queimar as gorduras difíceis de eliminar, como o culote. A intenção é que o hormônio atue fazendo o organismo pensar que está “grávido”, fazendo-o queimar calorias como se fosse para gerar o bebê. Até os homens têm aderido. No entanto, a prática não é aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e nem pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Os dois últimos órgãos já se posicionaram oficialmente contra a dieta, “considerando não ter evidências científicas de eficácia e apresentar potenciais riscos para a saúde”. No comunicado, ambos afirmam que não há comprovação de que o hormônio seja eficiente no tratamento contra a obesidade. "Se a pessoa fizer só as injeções de beta hCG, sem a dieta de baixa caloria, não dá resultado. Ainda não há estudos sobre o malefício desse hormônio para o organismo, mas como a dieta fica muito restrita em relação aos nutrientes, uma das consequências é a perda de massa muscular", explica a nutricionista Mari Chicarelli, com extensão em Nutrição e Saúde pela Escola de Harvard em Boston, nos Estados Unidos. Quando se diminui a quantidade de massa muscular, queima-se menos gordura em repouso.

Além de limitar as calorias, a dieta também proíbe o consumo de carboidratos, gorduras, doces e alimentos processados e até de frutas."Sabermos que uma dieta com essa quantidade de calorias sem suplementação traz também uma deficiência de nutrientes – se isso se alongar por 3 ou 4 meses, começamos a ver os resultados negativos no corpo", completa.

Dieta do jejum intermitente

A regra é passar longos períodos sem comer nada e depois liberar geral sem se preocupar com as quantidades. De acordo com os adeptos, a regra é comer apenas quando você estiver realmente com fome. Ou seja, não se trata tanto do quanto você pode comer, mas de quando. No geral, são recomendados jejuns diários de 16 horas ou, por duas vezes na semana, 24 horas sem comer nada.

Ao ficar muitas horas sem contar com a energia dos alimentos, o corpo entra em um estado de cetose, isto é utiliza os corpos cetônicos, produtos derivados da reserva de gordura do corpo, para dar energia ao cérebro. Na prática, emagrece, sim, afinal, está consumindo a gordura estocada, mas também traz consequências perigosas. "A cetose causa aumento da diurese (produção de urina pelo rim), fazendo o corpo liberar minerais importantes para o organismo, como sódio, potássio, magnésio e cálcio", explica Mari. Principalmente para pessoas com problemas de pressão, o jejum prolongado pode causar mal-estar e vertigem, sobretudo para quem tem pressão baixa. Mas a questão mais grave que pode ser causada pelos baixos níveis de sódio e potássio no organismo é o risco de ter um ataque do coração. "Se eu ficar sem a bomba formada por sódio e potássio, que faz o transporte ativo entre membranas celulares do coração, a chance de terr problemas cardiovasculares é grande," explica a nutricionista. Além disso, sem o magnésio não dá para manter a massa muscular em longo prazo.

A atriz Deborah Secco, que fez a dieta do jejum intermitente enquanto estava grávida - o que não é recomendado de forma alguma -, disse que chegou a ficar 23 horas sem consumir nenhum alimento. Quando estava com muita fome, ela consumia muita proteína e gordura, “para dar mais saciedade”. "Quando eu chegava no estágio de fome, comia seis bifes com queijo, quatro ovos, bacon... daí só sentia fome 10 horas depois. Quanto mais gordura, mais tempo entre as refeições", declarou em entrevista à Glamour. O consumo em excesso desses alimentos também não é bom. "Dietas hiperproteícas sobrecarregam o sistema renal. E o excesso de gordura vai ser estocado no fígado, ocasionando triglicérides, colesterol e problemas cardiovasculares", alerta a nutricionista.

Dieta da papinha

Ganhou as manchetes depois que Lady Gaga revelou ser adepta. A ideia é basicamente consumir cerca de 14 potes de papinha de bebê industrializada (doce ou salgada)  ao longo do dia e, no jantar, comer uma proteína, como um filé de frango ou de carne, junto com um prato de salada. Há quem diga que é possível perder até 16 kg com essa dieta, mas não sem ter prejuízos, sobretudo pela falta da mastigação.

É esse movimento das mandíbulas que começa a estimular a liberação das enzimas, responsáveis por fazer a digestão. "Se eu não mastigo, meu corpo não entende que eu estou comendo e não vai trabalhar direito; vai ficar em repouso", explica Mari . Além disso, uma vez que o cálcio só se fixa quando há movimento, ou seja mastigação, os dentes também são prejudicados e podem enfraquecer.

Pela diminuição brusca de calorias, as dietas drásticas, de fato, emagrecem. No entanto, o custo para o organismo pode ser alto. Além disso, em médio e longo prazo, se os hábitos alimentares não forem modificados, a tendência é recuperar todo o peso de novo. Por isso, o melhor caminho é a reeducação alimentar: com dieta equilibrada, variada e rica, deixando doces, frituras e junk food apenas para de vez em quando.

Confira aqui um cardápio de cinco dias para pais que querem perder peso (com saúde!).

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