• Naíma Saleh
Atualizado em
O bebê nos primeiros meses demanda atenção praticamente  exclusiva (Foto: Thinkstock)

O bebê nos primeiros meses demanda atenção praticamente exclusiva (Foto: Thinkstock)

Depois que seus filhos nasceram, quanto tempo você ficou sem encontrar com seus amigos, sem sair para jogar conversa fora em um barzinho com o pessoal da faculdade, sem ver aquela turma que se juntava pelo menos uma vez por mês para um churrasco ou mesmo sem fazer aquela ligação demorada para a sua amiga mais antiga, só para saber como estão as coisas?

Pela primeira vez, uma pesquisa comprovou que não ter uma vida social pode ser tão prejudicial à saúde como uma doença. O estudo, publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Science, dos Estados Unidos, foi realizado com adolescentes, jovens adultos e idosos por meio de informações coletadas em pesquisas anteriores. Os especialistas cruzaram dados relativos à saúde dos participantes, como pressão arterial, medida da cintura, índice de massa corporal e níveis de proteína C reativa, que pode indicar a presença de inflamações, com indicadores da qualidade de sua vida social. Foram analisadas respostas a perguntas como: com qual frequência você encontra com a sua família, quão próximo você se sente de seus pais, quanto você sente que seu parceiro (a) se importa com você e quantos amigos você tem. Assim, eles chegaram à conclusão de que uma vida social satisfatória pode prevenir doenças.

A explicação seria a de que o isolamento social tem capacidade de influenciar na regulação hormonal e no equilíbrio dos sistemas metabólicos. Isso porque a sensação de saber que você tem com quem contar pode reduzir os hormônios associados ao estresse, como a adrenalina e o cortisol, que, em longo prazo, podem aumentar os riscos de desenvolver pressão alta, diabetes, doenças cardíacas e gordura abdominal.

No entanto, para entender melhor a importância de criar laços sociais, é preciso olhar com mais atenção para a própria natureza humana: “Ser social é um aspecto do homem. Temos uma dimensão biológica, uma psíquica e uma social. Nas diferentes culturas, sejam de aspecto mais primitivo ou não, os homens se agrupam para sobreviver. Para existirmos,  precisamos de, no mínimo, 2 pessoas”, explica a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano.

Como equilibrar maternidade e vida social

"mães que têm uma tendência a sentirem aquela pontinha de tristeza, tendem a ficar ainda mais tristes"

Sim, é óbvio que com o nascimento do bebê, em um primeiro momento, todas as atenções se voltam para os cuidados com ele. Mas isso não pode acontecer para sempre. “A gente não precisa achar que ter um bebê significa se isolar do mundo. No comecinho, pela questão da novidade, da fragilidade do bebê e da chegada de uma nova pessoa na família, você acaba ficando mais em casa. Mas depois, deve tentar adequar os programas com amigos e familiares a essa nova realidade com filhos”, explica Ana Cássia.

Isso quer dizer que, se antes, você saia para jantar em um restaurante, talvez possa adaptar o programa pedindo uma pizza em casa, onde já tem a estrutura necessária para o bebê. Assim, dá para amamentar com tranquilidade e trocar as fraldas em um lugar adequado quando for preciso.

As redes sociais também podem dar uma bela ajuda! Mandar um mensagem de texto ou de voz, que seja, só para contar como vai a vida, o que você fez no dia, enviar uma foto pelo Facebook... Tudo  isso pode ajudar a nos manter conectados com a família e com os amigos. É um jeito de se fazer presente.

Sim, a  vida pode ser mais leve!

Lidar sozinha com os dilemas que a maternidade traz pode fazer com que as dificuldades pareçam muito maiores do que realmente são. Assim, a nova vida se torna um peso. “Quando você se isola, se distancia do mundo e da realidade. Quando ficamos muito sozinhos, vamos criando ideias muitos angustiantes. Dessa forma, mães que têm uma tendência a sentirem aquela pontinha de tristeza, tendem a ficar ainda mais tristes nessas circunstâncias", explica Ana Cássia.

Por isso, vale a pena se esforçar para driblar o cansaço e marcar um encontro com aquela amiga - nem que seja uma xícara de chá em casa -, ir ao almoço de domingo na casa dos seus pais, mandar uma mensagem de voz para seu companheiro(a) no meio do dia. E não se esqueça: a fase do meu-filho-precisa-de-mim-para-tudo logo passa. Mesmo.

Além disso, mais cedo ou mais tarde, é BEM provável que seus filhos ajudem a ampliar sua vida social. Você vai conhecer a família dos colegas de escola dele, vai puxar conversa com outras mães no parquinho... Seu hall de amigos tem grandes chances de aumentar.

É isso: os filhos nascem para agregar: mais experiência, mais amizade e mais amor, é claro!

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