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As medidas de distanciamento social, implantadas durante a pandemia para conter o avanço da covid-19, causaram um grande impacto na vida da maioria das pessoas. No entanto, esses efeitos foram ainda mais significativos para as mulheres que têm filhos pequenos, de acordo com uma análise publicada recentemente por Claudia Goldin, economista de Harvard e pesquisadora de assuntos relacionados a mulheres no ambiente de trabalho.

Mãe no trabalho (Foto: Freepik)

Mãe no trabalho (Foto: Freepik)

De acordo com os dados do documento, o número de mulheres americanas com graduação universitária e filhos pequenos atuando no mercado de trabalho aumentou até 3,7% durante a pandemia. A pesquisadora acredita que isso aconteceu porque a possibilidade de trabalhar remotamente deu para essas mães a opção de exercer suas funções enquanto permaneciam em casa, cuidando dos filhos.

Em março de 2021, havia mais mães de crianças em período escolar trabalhando do que no mesmo período em 2019. “A verdadeira história das mulheres durante a pandemia é que elas permaneceram na força de trabalho”, escreveu a pesquisadora, de acordo com o The New York Times. “Elas permaneceram em seus empregos, tanto quanto puderam, e perseveraram”, avaliou. Para Goldin, outra razão para o aumento de mães no mercado de trabalho é que elas estão se tornando, cada vez mais, a principal fonte de renda da família. 

Durante a pandemia, com o fechamento das creches e das escolas, o tempo que os pais passavam cuidando dos filhos dobrou – e as mães, geralmente, ficaram responsáveis pela maior parte desses cuidados. A pesquisadora analisou, também, que as mulheres negras que não possuem diploma universitário foram as mais atingidas pelo desemprego, já que grande parte delas atuava em áreas relacionadas a serviços e cuidados. 

Mas, no geral, as mulheres não perderam mais seus empregos durante a pandemia do que os homens, ainda segundo Goldin. O principal motivo de demissão, para ambos os sexos, foi a falta de formação universitária. O dobro de pessoas sem diploma perdeu seus empregos, quando comparadas às que frequentaram a faculdade. Uma das principais razões para isso é que os trabalhos que exigem diplomas universitários têm mais chances de poderem ser exercidos remotamente.

Comparando os meses de abril e maio de 2020 com os mesmos meses de 2018, a proporção de mães entre 25 e 34 anos, sem graduação, que estavam empregadas diminuiu de 65,9% para 61,5%, de acordo com os dados da pesquisadora.

Em 2021, o número de mães empregadas e que possuem pós-graduação aumentou, em relação a 2018. Goldin acredita que um dos motivos para isso é o fato de que elas e os parceiros tiveram a oportunidade de trabalhar de casa, dividindo mais os cuidados com os filhos.

No entanto, quando as empresas reabriram, os homens começaram a ajudar menos dentro de casa. Devido à maior necessidade de dividir a atenção entre os filhos e o trabalho, muitas mães começaram a temer que suas carreiras ficassem estagnadas. “Esse tipo de situação antecedeu a pandemia, mas foi ampliado”, escreveu a economista.

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