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O Instituto Lagarta Vira Pupa busca chegar ao número de 10 mil assinaturas para protocolar um pedido urgente às autoridades da Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, para a aprovação de vacina da Pfizer contra a covid-19 para as crianças de 5 a 11 anos. No Brasil, o imunizante só pode ser aplicado em crianças com 12 anos ou mais.

Vacinas são aplicadas por idade (Foto: Getty Images)

Petição pede vacinação de crianças contra a covid-19 (Foto: Getty Images)

Andréa Werner, jornalista, escritora, ativista e fundadora do Instituto Lagarta Vira Pupa, que dá apoio a famílias de pessoas com deficiência, explica que a vacina da Pfizer ja foi aprovada em outros países, demonstrando ser eficaz e segura. "Por mais que os números absolutos não sejam altos como os números de adultos, é absurdo perdermos crianças para uma doença que já tem vacina testada para essa faixa etária (de 5 a 11 anos)!", ela afirma. A fundadora do Instituto ainda ressalta que mesmo que os pequenos apresentem quadros leves, eles também podem transmitir o vírus. 

Outro ponto destacado pela ativista é com relação às pessoas com deficiência. "Todo mundo se esquece também que 25% da população tem algum tipo de deficiência. Há crianças com comorbidades e doenças crônicas ou raras que as deixam mais vulneráveis a quadros graves de covid", afirma ela. Além disso, Andréa ressalta que o retorno das aulas em 2022 será totalmente presencial, então, para que isso ocorra de forma tranquila é preciso que as crianças sejam vacinadas, já que muitas escolas possuem salas cheias. 

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A petição, divulgada na última segunda-feira (6), está recebendo o apoio de outros pais, já são 8 mil assinaturas coletadas. "Sabemos que membros da Anvisa sofreram até ameaças de morte a respeito da liberação das vacinas para crianças. Confiamos no trabalho da Anvisa e estamos acompanhando e aguardando ansiosas pela liberação da vacina", pontua a ativista. Segundo ela, a instituição tem visto muitos comentários de pessoas antivacina nas redes sociais. "Meu medo real é que esse tipo de pressão interfira tanto na aprovação da Anvisa quanto do Ministério da Saúde".

Como está a aprovação da vacina para as crianças 

No mês passado, a Pfizer também protocolou um pedido para o uso da vacina aqui no Brasil. No entanto, na última quinta-feira, (2), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou que aguarda dados da farmacêutica para completar as análises sobre o uso da vacina contra covid-19 destinada às crianças entre 5 e 11 anos de idade no Brasil. Em outubro, o órgão regulador de alimentos e medicamentos (FDA, sigla em inglês) dos Estados Unidos aprovou o uso da vacina da Pfizer-BioNTech contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Segundo a agência, a autorização foi baseada em dados que incluíram contribuições de especialistas de comitês consultivos independentes, que votaram a favor de tornar a vacina disponível para crianças nessa faixa etária.

A Pfizer enviou o pedido de autorização para ampliar a imunização para essa faixa etária, no Brasil, no mês passado, no dia 12 de novembro. Segundo a Anvisa, o processo foi recebido no dia 16 de novembro e entrou em análise imediatamente, “conforme a urgência que o caso requer”.

Em 23 de novembro, a área técnica da agência reguladora avaliou os dados do relatório público da autoridade americana Food and Drug Admistration (FDA, na sigla em inglês) e outras informações apresentadas pela farmacêutica. Após essa primeira análise, a Gerência-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos (GGMED) emitiu novas solicitações ao laboratório, que incluem:

- dados de eficácia e de segurança da vacina contra a variante Delta, conforme enviado à FDA/EUA;
- dados recentes de farmacovigilância;
- informações sobre o risco de miocardite/pericardite para crianças de 5 a 11 anos de idade, incluindo comparações com outras faixas etárias e por sexo;
- informações quanto às diferenças entre as ações previstas no Plano de Minimização de Riscos e de Farmacovigilância encaminhado à Anvisa em relação ao aprovado pela FDA/EUA;
- informações e respostas às exigências encaminhadas pela FDA/EUA e pela Agência Europeia de Medicamentos (European Medicines Agency – EMA).

Em nota, a agência ressaltou que, enquanto aguarda o cumprimento das exigências técnicas, os dados apresentados continuam em avaliação, mas os prazos para a decisão são suspensos até que a farmacêutica entregue as novas informações solicitadas.

"É importante contextualizar que as análises técnicas realizadas pelas diversas autoridades consideram a realidade dos seus países, em especial as características da população e as estratégias para o monitoramento das reações adversas. A Anvisa continua comprometida e adotando o seu rigor técnico para fins de comprovação da qualidade, eficácia e segurança das vacinas aplicadas no Brasil", diz o órgão.

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A Anvisa afirma, ainda, que convidou especialistas membros de diferentes associações médicas para participar das discussões técnicas sobre a vacina contra covid-19 para uso infantil, entre eles profissionais da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

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