• Giovanna Forcioni e Nathalia Armendro
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Depois de mais de um ano de isolamento social por causa da pandemia de covid-19, uma outra doença também tem aumentado o número de atendimentos nos pronto-socorros infantis. Um estudo feito por pesquisadores japoneses e publicado na revista JAMA Pediatrics mostrou que, no segundo semestre de 2020, os casos de roséola em crianças dobraram naquele país em comparação com os anos anteriores.

Criança doente (Foto: Thinkstock)

Criança doente (Foto: Thinkstock)

Segundo o pediatra Flávio Melo (PE), o cenário também se repetiu aqui no Brasil. “É sabido que são essencialmente mães, pais e cuidadores que transmitem o herpesvírus 6B ou 7 (responsáveis pela roséola) para os seus bebês, então a principal causa seria exatamente o maior contato entre os familiares”, diz.

O que é a roséola?

A Roseola infantum – ou exantema súbito – é uma doença infecciosa viral, normalmente benigna. A causa mais frequente para seu surgimento é vírus do herpes humano tipo 6, mas outros também podem causá-la, como vírus do herpes humano tipo 7, enterovirus, coxsackie vírus A e B, adenovírus e parainfluenza tipo 1. A doença pode afetar qualquer bebê ou criança, mesmo bem nutridos e sem problemas de baixa imunidade.

Covid x Roséola

A transmissão acontece por meio de gotículas de saliva e acomete principalmente crianças entre 6 meses e 2 anos. Se o seu filho apresentar febre alta, irritabilidade, diarreia e manchas avermelhadas na pele, procure o pediatra – até para descartar a possibilidade de ser uma infecção por covid-19, já que os sintomas podem ser parecidos. “Caso tenha sinais de letargia, recusa de líquidos ou de remédios, merece uma avaliação no pronto-socorro”, indica Melo. Assim como em outras viroses, adotar bons hábitos de higiene é a melhor prevenção.

Por que ela atinge bebês e crianças pequenas?

Após os seis meses, os bebês já não estão mais tão protegidos pelos anticorpos maternos, que foram transmitidos durante a gestação. Assim que essa defesa natural vai diminuindo, a criança fica temporariamente mais suscetível devido à queda na imunidade adquirida. Ao mesmo tempo, no período entre 6 e 15 meses de vida, os pequenos ainda não tiveram tempo de produzir seus próprios anticorpos. Mais: compartilhar brinquedos e estar em contato muito próximo com outras crianças – comum a essa faixa etária – faz aumentar a incidência.

Como é o tratamento?

Ele é sintomático: são indicados medicamentos para aliviar os sintomas da febre (como os antitérmicos dipirona e paracetamol), ingestão de líquidos para garantir a boa hidratação do paciente e repouso – não se deve mandar a criança à escola. Banhos mornos podem ajudar a conter o aumento da febre. As manchas na pele se resolvem por si só. Em casos graves, pode ser usado o aciclovir como tratamento específico, mas apenas com indicação do pediatra.