• Gislene Pereira
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bebê; manchas; pele; vermelha (Foto: Crescer/ Editora Globo)

Roséola: o que é e como tratar (Foto: Crescer/ Editora Globo)

O QUE É A ROSÉOLA E QUAIS SUAS CAUSAS?

A Roseola infantum – ou exantema súbito – é uma doença infecciosa viral, normalmente benigna. A causa mais frequente para seu surgimento é vírus do herpes humano tipo 6, mas outros também podem causá-la, como vírus do herpes humano tipo 7, enterovirus, coxsackie vírus A e B, adenovírus e parainfluenza tipo 1. A doença pode afetar qualquer bebê ou criança, mesmo bem nutridos e sem problemas de baixa imunidade.

COMO É TRANSMITIDA?

Os ciclos de transmissão da roséola não são totalmente esclarecidos. Sabe-se que ela pode ocorrer por meio do contato direto com fluidos corporais, como gotículas de saliva ou secreção, durante a fase febril da doença – quando o vírus é altamente transmissível. Esse contágio é  bastante comum entre bebês que frequentam os mesmos ambientes. O vírus também pode ser passado às crianças por um portador que não esteja com os sintomas da doença, como um adulto.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS?

Os sintomas começam do quinto ao 15º dia após a infecção, quando a febre sobe repentinamente. O quadro febril é considerado de moderado a alto (entre 38 e 42°C) e contínuo – o tempo de duração vai de três a cinco dias. Assim como surge, a temperatura alta também desaparece subitamente. Então, a doença evolui para pequenas manchas vermelhas na pele que podem durar de algumas horas a quatro dias. As áreas atingidas primeiro são costas, abdômen e peito, podendo ou não ir para o rosto, pernas e extremidades de mãos e pés. Normalmente, as lesões não causam coceira. Com menos frequência, as crianças podem apresentar dores na garganta, úlceras no palato e úvula, tosse, pequenas ínguas ao redor do pescoço, fadiga, irritabilidade, diarreia leve, perda de apetite e energia, coriza e pálpebras inchadas.

É POSSÍVEL TER ROSÉOLA SEM O APARECIMENTO DAS MANCHAS VERMELHAS?

A característica dessa doença é a pele avermelhada (exantema) após febre, mas, em algumas crianças, o sintoma pode não aparecer.

EM QUAL FAIXA ETÁRIA ELA É MAIS RECORRENTE?

Atinge, de forma geral, crianças entre 6 meses a 3 anos, mas principalmente entre os 6 e 15 primeiros meses de vida.

POR QUE ELA ATINGE MUITOS BEBÊS E CRIANÇAS PEQUENAS?

Após os seis meses, os bebês já não estão mais tão protegidos pelos anticorpos maternos, que foram transmitidos durante a gestação. Assim que essa defesa natural vai diminuindo, a criança fica temporariamente mais suscetível devido à queda na imunidade adquirida. Ao mesmo tempo, no período entre 6 e 15 meses de vida, os pequenos ainda não tiveram tempo de produzir seus próprios anticorpos. Mais: compartilhar brinquedos e estar em contato muito próximo com outras crianças – comum a essa faixa etária – faz aumentar a incidência.

COMO É O TRATAMENTO?

Ele é sintomático: são indicados medicamentos para aliviar os sintomas da febre (como os antitérmicos dipirona e paracetamol), ingestão de líquidos para garantir a boa hidratação do paciente e repouso – não se deve mandar a criança à escola. Banhos mornos podem ajudar a conter o aumento da febre. As manchas na pele se resolvem por si só. Em casos graves, pode ser usado o aciclovir como tratamento específico, mas apenas com indicação do pediatra.

PODE HAVER CONVULSÃO OU OUTRA COMPLICAÇÃO?

Caso o bebê seja geneticamente suscetível a um quadro convulsivo causado por febre, pode ocorrer a convulsão, mas é muito raro e acredita-se que ela não é causada pela doença em si. É importante procurar o pediatra, aferir a febre a cada três ou quatro horas e medicar quando necessário, de acordo com a prescrição médica, evitando, assim, as altas temperaturas. Entre as complicações, a pneumonia e a encefalite (inflamação do cérebro) podem atingir pacientes com baixa imunidade.

COMO EVITAR A ROSÉOLA? EXISTE VACINA CONTRA ELA?

Não há vacina para prevenir a doença até o momento. De forma geral, assim como indicado no caso de outras viroses, é preciso adotar bons hábitos de higiene e evitar o contato do bebê com pessoas que estejam com a doença. Em casa, higienize suas mãos e as da criança, além dos utensílios de uso pessoal e brinquedos. O processo pode ser feito com álcool em gel ou sabonete e água. Conter a transmissão em escolas e creches é mais difícil, já que muitos  objetos são compartilhados, mas o ideal é esterilizá-los após o uso.

ADULTOS PODEM PEGAR ROSÉOLA?

Todos que ainda não tiveram contato com a doença estão sujeitos a ela, inclusive adultos, mas os relatos são incomuns — aparecem em casos de problemas de supressão do sistema imune, por exemplo, após um transplante de órgãos ou durante o tratamento de radio ou quimioterapia. Geralmente a pessoa mais velha tem menos ou nenhum sintoma e se torna apenas portador e transmissor de novos casos.

Fontes consultadas: Carla Dall’Olio, coordenadora médica da pediatria do Hospital Barra D’Or (RJ); Jorge Huberman, pediatra e neonatologista do Instituto Saúde Plena e do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Maria Inês Pinto Nantes, pediatra do Hospital São Luiz Jabaquara (SP); Mariana Nudelman, pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra e neonatologista da Sociedade Brasileira de Pediatria; Patrícia Haddad, pediatra do Hospital Municipal Evandro Freire (RJ).