• Mauren Luc
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Entre todas as crianças de até 12 anos, internadas por covid-19 no Hospital Pequeno Príncipe, referência no atendimento infantil no Paraná, 50% (123) tiveram problema miocárdico como resultado da doença. Neste caso, a miorcadite - inflamação no músculo do coração - pode aparecer pós-covid e causar dano ou insuficiência cardíaca grave. Ela também pode não apresentar sintomas, dificultando o diagnóstico precoce.

Problema apareceu em metade dos pacientes internados por coronavírus (Foto: Pexels)

Problema apareceu em metade dos pacientes internados por coronavírus (Foto: Pexels)

“A miocardite pode ter diferentes evoluções clinicas, pode regredir por completo, causar insuficiência cardíaca grave, ou deixar cicatrizes no músculo do coração, com interposição de fibrose, gerando arritmias cardíacas potencialmente fatais”, explica a médica eletrofisiologista e cardiopediatra, Lânia Romanzin Xavier, responsável pelo Ambulatório Cardíaco do Hospital Pequeno Príncipe.

O problema pode aparecer na fase aguda, diz a médica, que são os primeiros 14 dias da doença; ou na fase pós-covid, meses depois da infecção.

Na fase inicial do envolvimento miocárdico, o paciente pode ser completamente assintomático, ou seja, a miocardite pode não apresentar sintomas, o que faz com que muitos pais não atentem para o problema, que pode aparecer pós-covid. “Temos pacientes que já saíram do isolamento, estão correndo, brincando, jogando bola, e ao fazer a pesquisa [exames] têm miocardite, assintomático”, revela a cardiopediatra.

Por isso, a importância do diagnóstico precoce. "Assim, todas as pessoas com caso confirmado de coronavírus, de qualquer idade, devem fazer exames de sangue e eletrocardiograma para realizar uma avaliação cardiológica", recomenda Lânia.

“Embora na criança a covid-19 tenha menor incidência e complicações, acabamos vendo envolvimento de múltiplos órgãos pela covid, sendo necessário análise multidisciplinar. O diagnóstico precoce muda o prognóstico do paciente; é muito importante para que a miocardite receba a terapêutica necessária”, alerta a médica.

No Hospital Pequeno Príncipe, desde março de 2020, foram atendidas 1.152 crianças de até 12 anos positivadas para coronavírus. Destas, 245 foram internadas e 11 morreram.