• Sabrina Ongaratto, do Home Office
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 (Foto: Getty)

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Não tem jeito! A pandemia de coronavírus mudou a rotina das famílias. Mas se o seu filho tem feito as refeições em frente à TV, passado tempo demais no tablet e consumindo "besteiras" diariamente, é um sinal de que está no momento de definir algumas mudanças. Mesmo que a pandemia seja passageira, segundo especialistas, é tempo suficiente para que esses maus hábitos se tornem rotineiros. "Sabemos que é um momento difícil para os adultos e para as crianças. Mas, como pais, temos que direcionar nossos filhos", orienta a pediatra Flávia Oliveira, do projeto Pediatria na Mesa.

O ideal é a busca do equilíbrio, principalmente em relação à alimentação. "Normalmente, as crianças têm uma rotina escolar regrada. Na escola, há horários para tudo, mais do que em casa. Então, essa falta de rotina impacta muito no dia a dia infantil", afirma a nutróloga Ana Luísa Vilela, de São Paulo. Segundo Flávia, a quarentena aumenta o risco de obesidade infantil. "Não só para o adulto, mas para as crianças, pois, na quarentena, temos a fórmula perfeita para o aumento de peso: estamos mais parados em casa, sem atividades externas, gastando menos energia, com fácil acesso à cozinha e mais ansiosos. E aí vem o ponto mais importante: os adultos são os exemplos das crianças. Se os pais manterem hábitos inadequados como viverem 'beliscando' e não comendo alimentos saudáveis, esse risco é ainda maior. Lembrando que uma alimentação 'pobre' prejudica a própria imunidade e deixa as pessoas mais suscetíveis às doenças", alerta.

"Obesidade sempre foi um problema e agora é crescente. Estamos tendo uma pandemia dentro da epidemia, que é da obesidade. Inclusive, ela é fator de risco para o coronavírus. Então, tem que ser, sim, uma preocupação dos pais. Eles devem orientar para que as crianças não levem esses hábitos para a pós-quarentena. A conta serve para todos: quando consumimos mais do que gastamos, acabamos engordando", completa a nutróloga.

Veja, abaixo, algumas dicas das especialistas para colocar em prática na sua casa — não somente na quarentena, mas todos os dias!

AUTOCUIDADO FÍSICO E MENTAL

"Os pais devem ensinar os filhos sobre autocuidado — não somente físico, mas também emocional —, que é algo importante a vida toda. O físico inclui a higiene básica, como escovar os dentes, tomar banho e manter uma boa alimentação. As crianças precisam entender que tudo isso faz parte da rotina. E além do físico, é importante orientar sobre o autocuidado mental, afinal, ele não é importante apenas para os adultos. Cada família pode buscar seu caminho, como fazer orações juntos, ouvir música para acalmar a mente, fazer técnicas de respiração, alongamento e uma atividade física, mesmo que seja dançar ou pular corda", explica Flávia.

REFEIÇÕES SEM DISTRAÇÃO

"Com certeza, fazer uma refeição com desvio de atenção — como TV, tablet e até um brinquedo — prejudica a qualidade da alimentação. Existe relação, sim, entre o consumo de alimentos em frente à TV e um maior risco de obesidade, pois a criança não presta atenção na quantidade que está comendo. Gosto de deixar claro que o eventual não é o problema. No entanto, tornar isso um hábito, é perigoso. Esse tipo de relação com a comida não é saudável e acaba atrapalhando a experimentação de novos alimentos. O ideal é comer sem distração, olhar para a comida, entender o que está comendo e perceber texturas e sabores", orienta a pediatra.

DE OLHO NA ALIMENTAÇÃO

Seu filho não vai até o supermercado sozinho, certo? Tampouco tem dinheiro para pagar pelos alimentos, não é? A dica das especialistas é para que os pais optem por alimentos saudáveis e os deixem sempre à mão das crianças. "Coloque as frutas à vista", diz Flávia. "Antes, os pais não ficavam em casa e não tinha tempo. Então, agora, aproveite a quarentena para ajudar seu filho a criar um novo paladar: apresente saladas, frutas e legumes. Os pais também têm que comer bem e serem exemplos. Sentem e comam juntos, mostre que é gostoso e tente diminuir ao máximo as calorias vazias, como refrigerantes, sucos e doces", diz Ana Paula. 

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SIGA UMA ROTINA

"Rotina traz segurança e dá um 'norte' para a criança", afirma a pediatra Flávia Oliveira. "Os pequenos devem ter horários para dormir, tomar banho, fazer as refeições, estudar e brincar. E não ficarem à deriva", completa. "Na escola, eles tinham horário para tudo. Em casa, os pais devem, minimamente, ajudá-los a seguir uma rotina. Isso vai ajudar o dia a dia a fluir melhor", diz a nutróloga.

MANTENHA UMA COMUNICAÇÃO ABERTA

"Mantenha um canal de comunicação aberto com os filhos. Os pais não precisam mostrar que são fortes o tempo todo. Mostre-se vulnerável para que eles sintam que não estão sozinhos nisso. Pratique a empatia, os pequenos também tiveram suas rotinas completamente modificadas, estão longe dos colegas e amigos, e isso gera muita angústia e desencadeia aquela vontade de ficar mais parado e comer mais. Esteja disposto a escutar de verdade, consolar e dizer que vai passar. E se você acha que a criança não está bem, não espere que ela se abra espontaneamente. Sente e converse", finaliza Flávia.