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Crianças praticando atividade física (Foto: Lukas/Pexels)

Crianças praticando atividade física (Foto: Lukas/Pexels)

Um estudo realizado pela Universidade de Adelaide, na Austrália, mostrou que em 20 anos, a capacidade cardiorrespiratória das crianças diminuiu em 25%. Afinal, quanto menos uma pessoa se exercita, menor é o condicionamento físico. As razões dessa queda são óbvias: as áreas propícias para atividades físicas têm diminuído, enquanto aumenta a oferta de tecnologia. Mas crianças parecem ter uma energia que não acaba, certo? No entanto, pesquisadores da Universidade de Genebra (UNIGE), na Suíça, descobriram que existe uma fase específica em que elas começam a perder a motivação para participar das atividades físicas na escola.

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Para chegar a essa conclusão, eles acompanharam 1.200 alunos de Genebra, com idades entre 8 e 12 anos, durante dois anos. As crianças tiveram que preencher um questionário a cada seis meses para medir seus níveis e qual era a principal motivação: diversão, aprendizagem, saúde, notas, satisfação de outras pessoas, integração, evitando culpa ou vergonha, e assim por diante.

A equipe concluiu que, a partir dos 9 anos, as razões positivas para se exercitar - como "é divertido" e "bom para a saúde" - começam a ser substituídas por outros motivos - "para conseguir uma boa marca" ou "melhorar a imagem com os outros". "É verdade que motivações prejudiciais também significam que uma criança é fisicamente ativa, mas essas qualidades motivacionais são positivas apenas no curto prazo, o que é contraproducente para o desenvolvimento físico da criança. Na verdade, sabemos que se as crianças são motivadas por boas razões quando são jovens, elas permanecerão ativas quando adultas", explica Julien Chanal, pesquisador na Seção de Psicologia da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UNIGE.

REFORMA NA EDUCAÇÃO
Diante dos resultados do estudo, publicado na revista Psychology of Sport and Exercise, os cientistas sugerem que seja realizada uma análise mais detalhada da educação física nas escolas. Segundo os pesquisadores, o estilo de vida cada vez mais sedentário, reflete diretamente no crescente número de crianças com excesso de peso

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Na Suiça, 16% das crianças de 6 a 12 anos estão acima do peso. Em um estudo anterior, os cientistas da UNIGE chegaram a conclusão que as crianças em idade escolar não estavam realizando a quantidade de exercícios físicos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A orientação é de que elas se exercitem pelo menos 50% do tempo dedicado as aulas de educação física na escola primária. Mas, na realidade, eles se movem em média 38% do tempo. 

"Nas últimas décadas, o ensino de educação física mudou muito. As aulas são mais acadêmicas, com crianças aprendendo sobre regras, funcionamento motor e apoio mútuo. Mas essa abordagem tem um custo direto para a criança, pois reduz o tempo real dedicado à atividade física moderada a vigorosa, que já é rara fora da escola", afirma Julien Chanal. Agora, os pesquisadores estão trabalhando com a Haute École Pédagogique - uma escola de formação de professores das classes primárias -, no sentido que o educardo se envolva mais e ajude as crianças a manterem ou impulsionarem suas motivações positivas para a educação física. "Agora que as crianças não se exercitam tanto fora da escola, é vital que os períodos na escola maximizem o tempo que passam em movimento", finaliza o pesquisador.

O QUE FAZER?
Aqui, Anelise Gaya, professora de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conta como despertar o interesse pelas atividades esportivas:

Dentro do contexto
Os exercícios ficam mais atrativos quando têm relação com o que acontece no mundo. Se o assunto é Copa do Mundo de futebol feminino, por que não trazer para as aulas?

Variar é o segredo
Para sair da mesmice, as crianças não precisam ficar só nos mais clássicos. Modalidades como skate, pilates e dança podem deixar tudo mais divertido.

Prioridade
Para muitos alunos, a educação física na escola é a única atividade vigorosa e intensa do dia. Então, é preciso levar tão a sério como matemática ou português.

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