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Criança preocupada ou sufocada com a mão na boca (Foto: Shutterstock)

Criança preocupada ou sufocada com a mão na boca (Foto: Shutterstock)

É normal as crianças levarem tudo à boca, afinal, elas estão descobrindo o mundo e querem sentir que gosto e textura tem determinado objeto. No entanto, é importante que os pais e cuidadores estejam sempre atentos para que essa curiosidade não termine em acidente. 

De acordo com um novo relatório publicado na revista Pediatrics, a taxa de ingestão de corpos estranhos por crianças americanas menores de 6 anos quase dobrou em duas décadas. O aumento foi de 92%, passando de 22 mil em 1995 para quase 43 mil em 2015 - cerca de 4% ao ano. Estima-se que mais de 759 mil crianças foram avaliadas nos departamentos de emergência dos Estados Unidos por ingestões de objetos durante os vinte anos de estudo.

Os pesquisadores usaram dados obtidos do Sistema Nacional de Vigilância de Lesões Eletrônicas, que informa sobre ferimentos relacionados a produtos em cerca de 100 hospitais nos Estados Unidos. Mas como não foram incluídos os casos de crianças atendidas por seus provedores de cuidados primários, o número real pode ser ainda maior.

O RISCO DA BATERIA BOTÃO

"É uma trajetória muito ascendente", disse Danielle Orsagh-Yentis, principal autora do estudo e pesquisadora pediátrica de motilidade em gastroenterologia do Nationwide Children's Hospital, em Columbus, Ohio. Para ela, esse aumento pode estar ligado, em parte, à proliferação de produtos eletrônicos com baterias botão, que são encontradas em uma infinidade de artigos para o lar, incluindo termometros, controles remotos e brinquedos.

Somente as ingestões dessa bateria aumentaram 150 vezes durante o período do estudo. Os especialistas alertam que ela pode ser fatal caso seja ingerida, já que pode desencadear uma série de reações químicas, levando a queimaduras e lesões significativas nos tecidos em questão de poucas horas. Se nada for feito, a criança pode ter um órgão perfurado ou hemorragia interna, segundo a Academia Americana de Pediatria. 

Em caso de ingestão, a AAP sugere dar duas colheres de chá de mel para crianças maiores de 1 ano. Isso porque pesquisadores descobriram que ele pode ajudar a proteger o tecido e reduzir as lesões. Mas os médicos alertam para que a criança seja levada imediatamente para um pronto socorro. "A detecção precoce é a chave para um tratamento eficaz", afirma Aldo Londino, cirurgião pediátrico de ouvido, nariz e garganta no Hospital Mount Sinai, em Nova York.

O QUE AS CRIANÇAS MAIS ENGOLEM

Nos últimos seis meses, o cirurgião disse ter removido um pedaço de mármore, a metade inferior de um homem Lego e uma moeda do esôfago de seus pacientes. De acordo com o estudo, entre os itens mais comuns também estão as moedas. Em 2015, elas representaram mais de 58% das ingestões e, de todos os pacientes hospitalizados durante as duas décadas estudadas, quase 80% ingeriram moedas.

Outros tipos de objetos ingeridos incluíam brinquedos, jóias, pregos, parafusos, produtos de cabelo, ímãs e decorações de Natal. A maioria das ingestões ocorreu por crianças de 1 a 3 anos. Jóias e produtos de cabelo foram desproporcionalmente ingeridos por meninas, enquanto os meninos eram mais propensos a ingerir parafusos.

ALERTA AOS CUIDADORES

Diante dos números, os especialistas ressaltam a necessidade de mais vigilância e de manter objetos pequenos guardados da maneira mais segura possível. “Isso significa mantê-los em locais elevados para que as crianças não possam alcançá-los tão facilmente e, particularmente, mantendo-os fora da visão para que não pensem neles”, afirma Danielle. 

E em casos de suspeita de ingestão, é importante levar a criança ao médico o mais rápido possível, juntamente com a embalagem do objeto ou mesmo uma foto do que pode ter sido ingerido. Segundo a especialista, isso pode ser “imensamente útil” para o sucesso do atendimento.