• Mariana Stock
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O primeiro orgasmo depois do parto (Foto: Pexels/ Pixabay)

O primeiro orgasmo depois do parto (Foto: Pexels/ Pixabay)

Sabe aquele frio na barriga de fazer algo pela primeira vez? É assim que me sinto nessa minha estréia como colunista da CRESCER. Esse mesmo frio na barriga também acontece quando uma mulher pensa em retomar a vida sexual depois de gerar e parir uma criança. Quem é mãe sabe do que estou falando.

Pois, então, hoje é dia de encarar esses frios na barriga. Como acredito profundamente no poder da vulnerabilidade, começo já mostrando a minha víscera para vocês: vou compartilhar como foi o meu primeiro orgasmo depois de parir.

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Ah! Antes disso. Prazer, eu sou a Mariana Stock, fundadora da Prazerela, uma iniciativa que tem a missão de potencializar a potência das mulheres através da sexualidade positiva.

Sou comunicadora por formação, feminista e vegetariana por filosofia, sociopsicóloga e psicanalista por vocação. Trabalhei por 10 anos como executiva de marketing: tinha o emprego dos sonhos, um carro do ano e um casamento "perfeito" aos olhos dos outros. Tinha tudo, mas não tinha o prazer de desfrutar de mim. Depois de muitas reflexões, me separei, me demiti e descobri uma maneira mais prazerosa de viver. Desse processo nasceu a Prazerela. Nesse novo caminho também conheci um novo amor, o Claudio, que se tornou meu companheiro e recentemente pai da minha filha Maria Luiza, que está completando 8 meses.

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Já estou devidamente apresentada, me sentindo íntima de vocês. Então, bora falar de orgasmo pós-parto?

O primeiro mês depois do meu parto, passei sangrando como se não houvesse amanhã. Ainda que seja normal, para mim foi uma surpresa pouco agradável. Minha rotina de autocuidado se resumia em trocar absorventes, fazer compressas frias na vulva, tomar banhos prolongados. Levou um tempo para que eu me tocasse, para que tivesse coragem de ver e tocar o meu genital.

Com a chegada da maternidade, especialmente durante o puerpério, tive a sensação de estar regredida em vários aspectos, especialmente na sexualidade. Parece que todo o prazer e a libido ficaram investidos na relação mamãe-bebê, especialmente na amamentação.

A relação com meu corpo ficou muito mais sensível. Tudo me arrepiava e deixava minhas bochechas rosadas! As primeiras vezes que meu companheiro veio me acariciar senti uma espécie de vergonha, um calafrio no corpo e um bocado de insegurança. Tudo me parecia tão inédito. E era mesmo. Uma nova Mariana, com um corpo novo, de novo.

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Quase dois meses se passaram de maternidade e a relação íntima com meu marido ainda passava longe de ser prioridade. Cada brecha da filhota, eu investia em sonecas fundamentais.

No terceiro mês, comecei a sentir mau humor, havia sempre uma tensão no ar, eu estava um tanto implicante e aborrecida com tudo. Me dei conta de que estava precisando relaxar e gozar. Sentir aquela sensação gostosa do orgasmo passando pelo corpo.

Não perdi tempo, naquela mesma noite, Malu dormiu, deixei o sono atrasado atrasar um pouco mais e convidei o marido para um carinho mais íntimo.

Meu amor começou a fazer uma carícia com um toque bem delicado por todo o meu corpo, da ponta do dedo do pé até o topo da cabeça. Que delícia foi sentir o meu corpo vivo, sentindo, arrepiando, dissipando as tensões. Demorou muito até esse carinho virar um toque genital. O Cláudio sabia que eu estava nervosa com essa retomada da vida sexual e justamente por isso se dedicou muito a cuidar de mim e das minhas necessidades.

Naquela noite, não teve sexo com penetração, Cláudio não teve orgasmos. Foi uma noite dedicada a mim. Teve toque sutil, teve massagem na vulva e até vibrador no clitoris. Sinto o quanto foi importante não me sentir pressionada a dar prazer para ele naquele momento. Eu estava receptiva a ser cuidada, mimada e acariciada.

A verdade é que o orgasmo chegou num misto de sensações. Que nervoso, que delícia, que horror, que maravilha! Quantas sensações contraditórias navegando em mim. Quando estava chegando ao clímax, meus seios se encheram e um mega orgasmo explodiu com peitos jorrando leite! Ali, ficou claro, inauguramos uma nova fase na nossa intimidade sexual.
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Do meu primeiro orgasmo pós-maternidade tirei algumas conclusões importantes: meu corpo materno está todo concentrado na amamentação, já o meu genital está fechado para balanço. A lubrificação está bem baixa em função da prolactina, hormônio responsável pela produção do leite. Biologicamente, o corpo não está querendo transar com ninguém! 
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Resolvi começar essa coluna compartilhando a minha experiência sexual, pois pouco se fala desse momento tão delicado do puerpério. Muitas mulheres têm dificuldade de amamentar, a grande maioria sofre nesta nova relação com corpo e especialmente com a pressão absurda dos homens para voltar a transar com penetração. Nesse quesito, me considero uma mulher privilegiada, tenho um companheiro maravilhoso, que me respeita e sabe da importância de cuidar de uma mulher que se tornou mãe.

Na verdade, sou mais privilegiada por me dar o direito de cuidar de mim e deixar que cuidem de mim. Mas, isso é assunto para outro dia. Até a próxima, musa!

Mariana Stock (Foto: Arquivo pessoal)

Mariana Stock é comunicadora por formação; feminista e vegetariana por filosofia, mãe da Malu, 8 meses. Sociopsicóloga e psicanalista por vocação. Trabalhou por 10 anos no mundo corporativo: emprego dos sonhos, carro do ano, casamento perfeito. Tinha tudo, mas não tinha o prazer de ser ela mesma. Separou-se, demitiu-se, reencontrou-se. Hoje, estuda o universo feminino e apoia mulheres a se empoderarem pelo caminho do prazer: prazer das nossas escolhas, do nosso corpo, da nossa alma. Prazer de ser mulher. É fundadora do Prazerela.

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