• Susana Berbert
Atualizado em
Teste é realizado nos primeiros minutos de vida do bebê (Foto: Thinkstock)

Com o objetivo de avaliar a vitalidade do recém-nascido, o teste de Apgar foi criado em 1952 pela anestesista norte-americana Virginia Apgar e se popularizou mundialmente por ser um método fácil e confiável para determinar os primeiros cuidados com o bebê.

Realizado no primeiro e no quinto minuto de vida da criança, o teste baseia-se em cinco critérios de avaliação: frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, prontidão reflexa e cor da pele, que, individualmente, podem receber notas de 0 a 2, somando um total de 10 pontos.

O neonatologista Luiz Valério, do Hospital Pequeno Príncipe (PR), explica que a observação do primeiro minuto diz como ocorreu a transição intraútero para a vida fora da barriga e a avaliação do quinto minuto determina melhor as condições do bebê, que já deve estar mais estável. “No primeiro minuto, às vezes, há algum engasgo, líquido na boca, ou o bebê nasceu com ajuda de fórceps, por exemplo, e isso altera os resultados”, diz.

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Para atribuir as notas, o neonatologista afirma que questões objetivas são avaliadas. “Em relação à cor da pele: se o bebê nasce roxo, escuro, ele terá uma nota 0. Se o bebê tiver as extremidades arroxeadas, a nota será 1 e, se ele estiver corado, razoavelmente rosado, receberá nota 2, por exemplo.” O mesmo acontece com os outros critérios, como a respiração: se o bebê não respirar ao nascer, receberá 0. Se apresentar respiração inadequada, irregular, receberá 1 e se nasce com um choro forte, rigoroso, receberá 2.

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Qual é a nota de Apgar ideal?

Bebês que têm o resultado de Apgar entre 8 e 10 são considerados saudáveis, com boa adaptação e não passaram por asfixia. Já os que obtêm resultados de 6 a 7 enfrentaram uma asfixia leve e transitória, os avaliados entre 3 e 5 tiveram uma asfixia moderada e de 0 a 3, grave.

Ao observar o bebê, o pediatra, então, age de acordo com a nota atribuída. Os que atingem no primeiro minuto nota 5, por exemplo, podem ter as vias aéreas aspiradas e receber oferta de oxigênio, enquanto os que apresentam asfixia moderada e grave podem necessitar de um suporte maior. “Se ele não responder rapidamente, muitas vezes, pode ser entubado”, afirma o médico.

O especialista ressalta, ainda, que há bebês que podem apresentar alterações após a segunda avaliação, e as intervenções realizadas dependem da experiência do pediatra. “Se o médico deu nota 5 para o bebê, mas vê que ele está cada vez mais ativo e melhorando, sabe que é algo do momento. Há bebês que têm no primeiro minuto nota 3, mas no quinto minuto passam para 8. Isso quer dizer que ele teve um processo difícil de adaptação, mas mostrou resposta, o que é positivo.”

Caso a criança não tenha melhorado significativamente até a segunda avaliação, deverá ser novamente observada aos 10 minutos de vida.

bebê; recém-nascido; (Foto: Thinkstock)

Recém-nascido chorando (Foto: Thinkstock)

O teste de Apgar e a saúde do bebê no futuro

Além de ser importante para determinar os cuidados iniciais com o bebê, o teste de Apgar pode significar um prognóstico para saúde da criança. “Quando o resultado continua ruim no quinto e décimo minuto, deve haver uma atenção especial em busca de um diagnóstico que encontre o motivo da baixa pontuação. Ele pode ter cardiopatia e alteração pulmonar, por exemplo”, diz.

Se após as avaliações clínicas não forem encontrados problemas sérios na saúde do bebê, o neonatologista afirma que as mães não devem ficar alarmadas com o resultado do teste, mas realizar acompanhamentos com especialistas nos primeiros meses de vida do filho.  “Bebê com Apgar baixo, principalmente após a avaliação de 10 minutos, deve ter um cuidado maior. É importante passar por neurologista, para avaliar o desenvolvimento. Algumas sequelas neurológicas são difíceis de serem observadas nos primeiros dias”, explica.

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O teste de Apgar e a saúde da mãe

Um estudo publicado na revista JAMA Pediatrics mostrou que mães cujos bebês apresentam uma pontuação baixa no teste de Apgar têm nove vezes mais probabilidade de serem internadas na UTI.

O médico Joel Ray, do Hospital St. Michael, em Ontário, Canadá, avaliou  600.000 registros de recém-nascidos entre 2006 e 2012 e encontrou uma forte relação entre a pontuação do filho e os riscos de a mãe apresentar complicações no pós-parto. Para os bebês que tiveram um índice de Apgar entre 7 e 10 na marca de cinco minutos, apenas 1,7 a cada mil das mães foi internada na UTI. Com pontuação entre 4 e 6, 12,3 a cada mil mães foram para UTI, e as pontuações de 0 a 3 pontos significaram uma taxa de 18,2 por mil.

Para Valério, os resultados são expressivos e reafirmam algo que já é sabido: a gestação é uma via de mão dupla e o bebê carrega para fora sua história intraútero. “Se a mãe tem uma gestação difícil, com hipertensão, diabetes, algum quadro de doença crônica, isso pode afetar o bebê e ele terá chances de ter um início de vida mais complexo. Então, pode ser um indício de que a mãe vai necessitar mais cuidados no pós-parto”, explica.

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