• Crescer online
Atualizado em

Amamentar pode, sim, ser uma experiência única, rica, engrandecedora... Mas encerrar todo esse processo nem sempre é tão simples como parece. Fazer um desmame gentil e que respeite o tempo da mãe e do bebê é uma equação difícil de se resolver. E foi exatamente sobre isso que escreveu a fotógrafa americana Hannah Lacy, em um depoimento ao site Motherly

"Embora existam inúmeros artigos sobre os benefícios da amamentação, descobri da maneira mais difícil como quase não há informação sobre as mães que tiveram de encerrar sua jornada de amamentação antes de estarem prontas. As razões para isso podem ser muitas, mas o resultado geralmente é o mesmo: uma série de emoções negativas. Raiva, frustração, culpa, vergonha, tristeza...", disse. 

amamentação (Foto: Thinkstock)

(Foto: Thinkstock)

Leia o depoimento na íntegra: 

"Como mãe, não me lembro quantas vezes li na internet, em livros, posts nas redes sociais, ou me disseram que 'a amamentação é a melhor escolha' quando se trata de alimentar o bebê. Felizmente, essa narrativa está mudando para 'alimentado é melhor escolha', porque nem toda mãe tem o privilégio de poder amamentar. Eu mesma tinha a esperança e o objetivo de poder nutrir, cuidar e criar vínculo com meus bebês através da amamentação.

Embora existam inúmeros artigos sobre os benefícios da amamentação, descobri da maneira mais difícil como quase não há informação sobre as mães que tiveram de encerrar sua jornada de amamentação antes de estarem prontas. As razões para isso podem ser muitas, mas o resultado geralmente é o mesmo: uma série de emoções negativas. Raiva, frustração, culpa, vergonha, tristeza...

Quando a amamentação vai bem é realmente uma experiência incrível. Mas quando não vai do jeito que você planejou  ou do jeito que você se preparou para acontecer  pode ser realmente frustrante.

+ “Não sinto saudade, mas faria tudo de novo”, diz Sadi sobre amamentação dos gêmeos

Por muito tempo, minha amamentação 'deu certo'. Meus dois filhos acertaram a pega logo após o nascimento. Com meu primogênito, eu tive de complementar com fórmula logo na sexta semana (porque meu empregador não me garantia licença-maternidade e nem o direito de fazer pausas para bombear o leite), mas com o meu filho mais novo eu fiz livre demanda por mais de 12 meses.

Mas as minhas duas experiências de amamentação terminaram de um jeito abrupto, não planejado, imprevisto e traumático. Com o mais velho, foram nove meses e, com o mais novo, cerca de 14 meses. Receber um diagnóstico de câncer de tireoide e ter de parar de amamentar antes do primeiro aniversário do meu filho mais velho foi de partir o coração.
Passar dez dias na UTI por causa de uma reação anafilática quando meu filho mais novo tinha 14 meses de idade e acabar com a nossa experiência de amamentação também foi igualmente devastador.

Tive sorte em ter conseguido amamentar meus bebês por algum tempo? Sim. Mas foi uma perda repentina de algo especial e que dizia muito sobre a minha identidade enquanto mulher e mãe? Sim, também.

Do dia para a noite, tudo muda quando você está amamentando. Há inchaço, mamilos rachados e seios vazando. Há amamentação em livre demanda, acordadndo de meia em meia hora por meses. Há sutiãs de amamentação, almofadas, mudanças na dieta... O seu calendário gira em torno da dinâmica de amamentação ou do momento de extrair com a bomba.

Depois, vem o vínculo com o seu bebê. Nenhuma outra experiência chega perto de proporcionar isso. O sentimento de felicidade e de amor que te invade quando você segura o seu bebê nos seus braços para amamentar, enquanto olha nos olhos dele, é indescritível.
Eu não estava pronta para a dor que o fim da minha jornada de amamentação trouxe. Eu precisava do lembrete, agora que já parei de amamentar, de que não há problema em sofrer, não há problema em sentir que perdi algo precioso.

Então, mãe, seja qual for a sua jornada com a amamentação, não há problema em lamentar a perda de algo precioso para você. Você não precisa sofrer sozinha ou sofrer em silêncio. Porque eu sei qual é e sinto a mesma dor que você sente."