Pulgão: como acabar com o inseto nas plantas sem danificá-las

O engenheiro-agrônomo e fundador da Agropaulista Garden, Wagner Novais, explica que estes insetos se alimentam da seiva de plantas enquanto se multiplicam em uma rapidez exacerbada. Caso a infestação não seja controlada a tempo, a presença dos pulgões pode causar danos severos aos vegetais, impedindo que cresçam e causando enrolamento e amarelamento das folhas.

"Os pulgões também soltam uma substância açucarada, conhecida como 'honeydew', que favorecem o desenvolvimento de um fungo de coloração escura, chamado Fumagina", explica o profissional.

Comumente escondidos entre as folhagens, os pulgões pertencem à ordem Hemiptera, da família Aphididae. "Eles usam suas peças bucais perfurantes e sugadoras para extrair nutrientes diretamente do floema das plantas", especifica a engenheira-agrônoma Fabiana Fróes, sobre a ação destes insetos.

Além do perigo para a planta hospedeira, Fabiana explica que os pulgões ainda são responsáveis por transmitir vírus ao jardim e atrair formigas ao ambiente com o seu honeydew ou melada. "As formigas podem proteger os pulgões contra predadores naturais, criando um ciclo de infestação contínuo", comenta.

Com colorações e tamanhos variados, algumas espécies de pulgões são mais difíceis de serem identificadas do que outras, a depender de onde a infestação está ocorrendo. Por isso, o primeiro passo é manter a vigilância no dia a dia a fim de tomar consciência do problema o mais cedo possível, evitando um quadro mais grave ou, ainda, que eles se espalhem para outras plantas.

A boa notícia é que existem diversos remédios caseiros e inseticidas químicos que auxiliam no controle desta praga. Wagner indica uma mistura de detergente neutro, álcool de cereais e cravo-da-índia, ou fumo de rolo picado diluído em água. Ambas as misturas podem ser pulverizadas semanalmente nas plantas até que a infestação suma.

Para quem já tentou de tudo ou busca alternativas no mercado, inseticidas naturais a base de Azaderactina (óleo de neem) quinzenalmente, a base de citronela ou calda de fumo são algumas opções para quem tem animais e crianças em casa, além de não causarem danos ao meio ambiente.

"Inseticidas químicos controlam mais rapidamente os insetos, mas podem causar intoxicação em animais e humanos caso não sejam usados corretamente, segundo as recomendações do fabricante", explica Wagner.

Entre os inseticidas químicos mais recomendados, Fabiana indica aqueles que funcionam a base de princípios ativos como piretrinas, imidacloprida ou piretroides, que afetam o sistema nervoso dos afídeos.

Além dos remédios -- caseiros ou não --, o controle biológico é o melhor amigo de todo jardim. Um artigo da Universidade da Califórnia, publicado em 2011, afirma que as joaninhas, por exemplo, são verdadeiras predadoras de afídeos e ajudam a controlar grandes infestações. O texto sugere que uma joaninha adulta pode chegar a se alimentar de 50 ou mais pulgões por dia, por isso, lembre-se que alguns insetos são mais do que bem-vindos em seu jardim.

Apesar de representarem um perigo à saúde do jardim, os pulgões não representam grande risco aos seres humanos e animais domésticos.

Sem registros de mordidas, picadas ou transmissão de doenças, Fabiana ainda alerta que a presença dos pulgões causa um mal indireto para além das plantas.

"Assim como a infestação de formigas atraídas pela melada, há o uso excessivo de inseticidas para controlar os pulgões, que facilita a exposição de substâncias químicas tóxicas para humanos e animais", finaliza a engenheira-agrônoma, que também frisa a importância de seguir a risca as instruções de uso dos produtos e a adoção de práticas integradas de manejo de pragas.