Paisagismo

Por Por Thaís Lauton


Além da trepadeira unha-de-gato (Ficus pumila), maciços de bambuza (Bambusa gracilis) dão volume e verticalidade ao muro. O degradê de tons de verde fica completo com a forração de grama amendoim (Arachis repens). (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Além da trepadeira unha-de-gato (Ficus pumila), maciços de bambuza (Bambusa gracilis) dão volume e verticalidade ao muro. O degradê de tons de verde fica completo com a forração de grama amendoim (Arachis repens).  (Foto: Ricardo Novelli)
Além da trepadeira unha-de-gato (Ficus pumila), maciços de bambuza (Bambusa gracilis) dão volume e verticalidade ao muro. O degradê de tons de verde fica completo com a forração de grama amendoim (Arachis repens). (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Além da trepadeira unha-de-gato (Ficus pumila), maciços de bambuza (Bambusa gracilis) dão volume e verticalidade ao muro. O degradê de tons de verde fica completo com a forração de grama amendoim (Arachis repens). (Foto: Ricardo Novelli)

1 | O ataque da unha-de-gato
Ela é a mais dissimulada das espécies. Com ar delicado, como quem não quer nada, a unha-de gato, uma enrustida figueira usada como trepadeira em muros e fachadas, sofre modificações da fase jovem para a adulta. Suas folhas miúdas crescem e suas raízes ramificadas tornam-se grossas e agressivas, podendo comprometer alicerces e tubulações.

Ao se deparar com a cortina verde formada pela espécie em um muro de 300 m, a paisagista Helena Justo manteve a escolha dos clientes e apenas retardou seu crescimento. "Basta mantê-la sempre jovem, com podas constantes, que não oferecerá riscos", ensina Helena. Não quer dar mole para o azar? Vá de trepadeira falsa-vinha. Como a unha-de-gato, tem folhas lindas, mas raízes inocentes.

Uma alternativa à unhade- gato é a trepadeira falsavinha (Parthenocissus tricuspidata), de crescimento rápido e com raízes inofensivas. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Uma alternativa à unhade- gato é a trepadeira falsavinha (Parthenocissus tricuspidata), de crescimento rápido e com raízes inofensivas. (Foto: Ricardo Novelli)
Uma alternativa à unhade- gato é a trepadeira falsavinha (Parthenocissus tricuspidata), de crescimento rápido e com raízes inofensivas. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Uma alternativa à unhade- gato é a trepadeira falsavinha (Parthenocissus tricuspidata), de crescimento rápido e com raízes inofensivas. (Foto: Ricardo Novelli)
As árvores frutíferas limão-francês (Citrus ssp), lichia (Litchi chinensis) e cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata) foram plantadas nas posições dos pilares do prédio para evitar sobrecarga de peso, em vasos com 90 cm de terra. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: As árvores frutíferas limão-francês (Citrus ssp), lichia (Litchi chinensis) e cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata) foram plantadas nas posições dos pilares do prédio para evitar sobrecarga de peso, em vasos com 90 cm de terra. (Foto: Ricardo Novelli)
As árvores frutíferas limão-francês (Citrus ssp), lichia (Litchi chinensis) e cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata) foram plantadas nas posições dos pilares do prédio para evitar sobrecarga de peso, em vasos com 90 cm de terra. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: As árvores frutíferas limão-francês (Citrus ssp), lichia (Litchi chinensis) e cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata) foram plantadas nas posições dos pilares do prédio para evitar sobrecarga de peso, em vasos com 90 cm de terra. (Foto: Ricardo Novelli)

2 | Verde nas alturas — e em apuros
Coberturas de apartamentos são como o agreste para as plantas. Suportar sol em excesso e ventos fortes — condições estressantes de sobrevivência — só é possível com uma boa dose de irrigação. Que o diga o paisagista Luiz Portugal. No terraço de 118 m², com deque de ipê natural e piso de mosaico português, as espécies foram escolhidas pela resistência. Acerola, jabuticaba, capim-cidreira, camomila, gardênia... São frutíferas, ervas e arbustos aguados diariamente no verão e, nas outras estações, dia sim, dia não.

O guarda-corpo de vidro — importantíssimo, no caso — barra a intensidade do vento sobre as plantas, o que reduz a perda de folhas perto da piscina. Vale lembrar: quase todas as espécies estão plantadas em vasos de chapa metálica, para não aumentar a sobrecarga. Somente os vasos aparentes são de cerâmica.

O deque de ipê natural e o piso de mosaico português foram projetados juntamente com o escritório Fortes, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos. Como estão num nível acima do piso da cobertura, escondem os vasos de chapa metálica, mais leves. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: O deque de ipê natural e o piso de mosaico português foram projetados juntamente com o escritório Fortes, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos. Como estão num nível acima do piso da cobertura, escondem os vasos de chapa metálica, mais leves. (Foto: Ricardo Novelli)
O deque de ipê natural e o piso de mosaico português foram projetados juntamente com o escritório Fortes, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos. Como estão num nível acima do piso da cobertura, escondem os vasos de chapa metálica, mais leves. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: O deque de ipê natural e o piso de mosaico português foram projetados juntamente com o escritório Fortes, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos. Como estão num nível acima do piso da cobertura, escondem os vasos de chapa metálica, mais leves. (Foto: Ricardo Novelli)
O fícus foi plantado em um vaso plástico, escondido na terra. A paisagista Gigi sugere que a árvore tenha suas raízes podadas a cada ano, no diâmetro do vaso. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: O fícus foi plantado em um vaso plástico, escondido na terra. A paisagista Gigi sugere que a árvore tenha suas raízes podadas a cada ano, no diâmetro do vaso. (Foto: Ricardo Novelli)
O fícus foi plantado em um vaso plástico, escondido na terra. A paisagista Gigi sugere que a árvore tenha suas raízes podadas a cada ano, no diâmetro do vaso. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: O fícus foi plantado em um vaso plástico, escondido na terra. A paisagista Gigi sugere que a árvore tenha suas raízes podadas a cada ano, no diâmetro do vaso. (Foto: Ricardo Novelli)

3 | Fícus, só em vaso
Podado em forma de bola, em meio à vegetação, mal se nota que o fícus, de tronco sinuoso e folhas brilhantes, é uma árvore de raízes grossas, profundas, longas e invasivas, capazes de estourar tubulações, abalar alicerces e deformar calçadas. A lista de pontos negativos, entretanto, pode ser eliminada com o simples tutoramento da árvore.

Opte pelo cultivo em vaso para limitar seu crescimento, mesmo quando plantada na terra. Neste terraço de 40 m², com paisagismo assinado por Gigi Arruda Botelho, exemplares crescem dessa forma sem causar transtornos. "Conforme se desenvolve, a espécie deve ter suas raízes cortadas, em média a cada ano", sugere a paisagista.

Orquídeas bambu (Arundina bambusifolia) suavizam a extensão de 6 m do muro. Mais à frente, em cachepôs de madeira com resina, três exemplares de kaizuka (Juniperus chinensis) dão volume à área. Os fícus podados (Ficus benjamina) pontuam as extremidades. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Orquídeas bambu (Arundina bambusifolia) suavizam a extensão de 6 m do muro. Mais à frente, em cachepôs de madeira com resina, três exemplares de kaizuka (Juniperus chinensis) dão volume à área. Os fícus podados (Ficus benjamina) pontuam as extremidades. (Foto: Ricardo Novelli)
Orquídeas bambu (Arundina bambusifolia) suavizam a extensão de 6 m do muro. Mais à frente, em cachepôs de madeira com resina, três exemplares de kaizuka (Juniperus chinensis) dão volume à área. Os fícus podados (Ficus benjamina) pontuam as extremidades. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Orquídeas bambu (Arundina bambusifolia) suavizam a extensão de 6 m do muro. Mais à frente, em cachepôs de madeira com resina, três exemplares de kaizuka (Juniperus chinensis) dão volume à área. Os fícus podados (Ficus benjamina) pontuam as extremidades. (Foto: Ricardo Novelli)
Tudo alto e distante da boca e das patas do travesso golden retriever Chunck: ao centro, bambus-mossô (Phyllostachys pubescens); à dir., no alto, papiro-do-egito (Cyperus papyrus). (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Tudo alto e distante da boca e das patas do travesso golden retriever Chunck: ao centro, bambus-mossô (Phyllostachys pubescens); à dir., no alto, papiro-do-egito (Cyperus papyrus). (Foto: Ricardo Novelli)
Tudo alto e distante da boca e das patas do travesso golden retriever Chunck: ao centro, bambus-mossô (Phyllostachys pubescens); à dir., no alto, papiro-do-egito (Cyperus papyrus). (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Tudo alto e distante da boca e das patas do travesso golden retriever Chunck: ao centro, bambus-mossô (Phyllostachys pubescens); à dir., no alto, papiro-do-egito (Cyperus papyrus). (Foto: Ricardo Novelli)

4 | Bichos e plantas: louca combinação
Quem já conhece o resultado da combinação cachorro e jardim pouco se entusiasma em ter uma área verde no quintal por onde circula o bicho de estimação. Em vez de lidar com folhas mastigadas, gramado com buracos e galhos quebrados, as paisagistas Claudia Diamant e Marina Domingues venceram a inquietude do golden retriever Chunck com um jardim minimalista de 150 m², dotado de materiais e plantas apropriados.

A primeira dica de sucesso foi substituir a grama pelo resistente fulget de cor branca no piso. "Optei por grama-amendoim junto ao muro. A espécie suporta o pisoteio de cães", diz Claudia. As plantas baixas deram lugar a exemplares altos e ornamentais — bambu-mossô, palmeira-ráfis, jasmim-manga e o pendente chifre-de-veado, entre elas. A exceção é a cica, mas suas folhas pontiagudas não são nada atrativas para o animal, que circula livre, leve e solto pelo jardim.

As folhas verde-escuras são uma das características das plantas de sombra. No corredor coberto, com piso de fulget, por onde trafega o cachorro, margeiam a parede palmeiras-ráfis (Rhapis excelsa) e nandinas (Nandina domestica). (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: As folhas verde-escuras são uma das características das plantas de sombra. No corredor coberto, com piso de fulget, por onde trafega o cachorro, margeiam a parede palmeiras-ráfis (Rhapis excelsa) e nandinas (Nandina domestica). (Foto: Ricardo Novelli)
As folhas verde-escuras são uma das características das plantas de sombra. No corredor coberto, com piso de fulget, por onde trafega o cachorro, margeiam a parede palmeiras-ráfis (Rhapis excelsa) e nandinas (Nandina domestica). (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: As folhas verde-escuras são uma das características das plantas de sombra. No corredor coberto, com piso de fulget, por onde trafega o cachorro, margeiam a parede palmeiras-ráfis (Rhapis excelsa) e nandinas (Nandina domestica). (Foto: Ricardo Novelli)
Do deque da piscina tem-se uma visão privilegiada da laje. Entre as justificativas para o uso de bromélias estão a facilidade de manutenção, a boa visualização das espécies – mesmo a distância – e o pouco peso. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Do deque da piscina tem-se uma visão privilegiada da laje. Entre as justificativas para o uso de bromélias estão a facilidade de manutenção, a boa visualização das espécies – mesmo a distância – e o pouco peso. (Foto: Ricardo Novelli)
Do deque da piscina tem-se uma visão privilegiada da laje. Entre as justificativas para o uso de bromélias estão a facilidade de manutenção, a boa visualização das espécies – mesmo a distância – e o pouco peso. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Do deque da piscina tem-se uma visão privilegiada da laje. Entre as justificativas para o uso de bromélias estão a facilidade de manutenção, a boa visualização das espécies – mesmo a distância – e o pouco peso. (Foto: Ricardo Novelli)

5 | Plantas na laje
Jardineiros de primeira viagem acumulam histórias malsucedidas a respeito de infiltrações e sobrecarga de peso em lajes. Com o paisagista Alexandre Fang foi bem diferente. Ele constatou que a laje de 127 m², já impermeabilizada e provida de drenos (dois problemas a menos), suportaria carga de até 500 kg por m² — o que não é pouco. Com folga nos números, 15 toneladas de pedras, entre pedriscos e seixos-batata, cobriram a área. Ainda assim, isso permitiu apenas 6 cm de profundidade, um trecho ocupado por pedras e plantas.

A decisão por bromélias — cultivadas em trouxinhas de pano com substrato, imersas nas pedras — seguiu os seguintes parâmetros: leveza, facilidade de manutenção e possibilidade de reaproveitamento. Em caso de nova impermeabilização, repetida a cada 10 ou 20 anos, as espécies removidas poderão ser replantadas.

O caminho de pedriscos, delineado pelos maciços de seixos-batata (ambos da Pedrargil) com diferentes espécies de bromélia (da Bromell Jardim), camufla a laje. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: O caminho de pedriscos, delineado pelos maciços de seixos-batata (ambos da Pedrargil) com diferentes espécies de bromélia (da Bromell Jardim), camufla a laje. (Foto: Ricardo Novelli)
O caminho de pedriscos, delineado pelos maciços de seixos-batata (ambos da Pedrargil) com diferentes espécies de bromélia (da Bromell Jardim), camufla a laje. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: O caminho de pedriscos, delineado pelos maciços de seixos-batata (ambos da Pedrargil) com diferentes espécies de bromélia (da Bromell Jardim), camufla a laje. (Foto: Ricardo Novelli)
Para conter com mais eficácia a terra vizinha, as toras de eucalipto autoclavadas, da Icotema, foram dispostas, alternadamente, nas posições horizontal – mais baixa – e vertical. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Para conter com mais eficácia a terra vizinha, as toras de eucalipto autoclavadas, da Icotema, foram dispostas, alternadamente, nas posições horizontal – mais baixa – e vertical. (Foto: Ricardo Novelli)
Para conter com mais eficácia a terra vizinha, as toras de eucalipto autoclavadas, da Icotema, foram dispostas, alternadamente, nas posições horizontal – mais baixa – e vertical. (Foto: Ricardo Novelli) — Foto: Para conter com mais eficácia a terra vizinha, as toras de eucalipto autoclavadas, da Icotema, foram dispostas, alternadamente, nas posições horizontal – mais baixa – e vertical. (Foto: Ricardo Novelli)


6 | Disfarçando o terreno vizinho
Imagine a cena: o seu jardim, de um lado, exibe plantas escolhidas a dedo, verdejantes e em pleno desenvolvimento. O jardim do vizinho, do outro, ostenta um terreno alto, malcuidado e apinhado de ervas daninhas. Ninguém quer isso, é óbvio. Esse era exatamente o caso do projeto da foto: o terreno limítrofe, a 1,60 m de altura, estava à vista. A dupla de paisagistas João Jadão e Cid Carvalho deixou de lado o muro convencional e venceu o desnível com dois planos de vegetação.

A suave barreira exibe cercas vivas e plantas pendentes e ascendentes em um coordenado rigor de alturas e volumes. Toras de eucalipto autoclavado ajudam a conter a terra e dão graça ao conjunto. Dos 45 m de corredor, apenas 5 m foram fechados por um muro de canjica de pedras Goiás. Tudo em nome da privacidade dos moradores na área social.

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