Com 84 anos, Irakl Khvedaguridze é o único residente da aldeia mais alta e isolada da Europa, a vila Bochorna, localizada nas montanhas de Tusheti, na Geórgia. Ele vive com o seu cavalo, chamado Bichola, e não pretende deixar o lugar.
O idoso é também o único médico licenciado que reside na área, e sente que tem o dever de se dedicar a preservar o máximo possível de vida nas montanhas.
Em entrevista para o documentário Yes Theory, do YouTube, ele disse: “É preciso pensar no bem-estar dos outros e vou ajudar pessoas que estão doentes. Mesmo quando eu estou doente, ainda coloco meu chapéu e monto naquele cavalo.”
A região de Tusheti já abrigou uma próspera comunidade de criação de ovelhas e foi habitada por milhares de anos, mas à medida que as tradições foram desaparecendo, diversos moradores deixaram as montanhas.
Irakli mora em Bochorna, que fica a 2.200 metros acima do nível do mar. Ali há 40 vilarejos desertos e apenas 10 são parcialmente povoados. Do restante, a maioria tem apenas um ou dois residentes permanentes.
Grande parte dos aldeões deixa Tusheti no final de setembro – quando os invernos brutais levam mais de dois metros de neve e as temperaturas caem abaixo de zero –, porém Irakli permanece de plantão em sua casa para atender emergências.
O homem, que nasceu na aldeia, deixou-a para estudar medicina na capital georgiana e trabalhou em hospitais em outras partes do país. Ele se mudou definitivamente de volta para Bochorna em 2009, quando já não havia nenhum outro médico na região.
“O estilo de vida [mudou]. Ninguém quer mais trabalhar nas aldeias. Se isso continuar, também não haverá mais turismo de inverno”, contou Irakli no documentário.