O macarrão mais raro do mundo não é feito por nenhum chef renomado, mas por três mulheres que vivem na comuna de Nuoro, na ilha italiana da Sardenha. Chamada de su filindeu, que significa “fios de deus”, a receita e a técnica de preparo foram repassadas de geração em geração pelas integrantes da família Abraini há mais de 300 anos.
Cada detentora do "segredo" o guarda a sete chaves até mostrar a suas filhas. "Uso apenas três ingredientes: semolina de trigo, água e sal. Mas como tudo é feito à mão, o componente mais importante é o suor", disse a matriarca Paola Abraini em entrevista à BBC, em 2016.
![A massa "su filindeu" é toda feita à mão com uma delicada e intrincada técnica — Foto: YouTube / Great Big Story / Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-casaejardim.glbimg.com/lPVCn6HowO6qWl4s87SL211xGYo=/0x0:725x439/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2024/p/x/A9oFRJTVWLUBnL96oKxQ/su-filindeu7.png)
A massa su filindeu lembra um cabelo de anjo, só que bem mais delicada e exige muita paciência para ser feita. Ela é esticada à mão até ficar finíssima e, em seguida, é colocada sobre uma base em etapas, formando um grande mosaico rendado, e posta para secar até endurecer.
Por fim, a massa é quebrada em pedaços e cozida em um caldo de carneiro com queijo pecorino, sendo servida em prato fundo como uma sopa.
Segundo a iniciativa Arca do Sabor, da instituição Slow Food International, que classifica e preserva as tradições culinárias ameaçadas em todo o mundo, "o su filindeu é uma das comidas com maior risco de extinção, porque é muito difícil de fazer". De acordo com Paola, poucas pessoas conseguiram reproduzir a técnica.
Em 2015, uma equipe de engenheiros da empresa italiana Barilla visitou Paola para ver se poderiam reproduzir a técnica com uma máquina, mas não deu certo. Em 2016 foi a vez do famoso chef Jamie Oliver, que desistiu da empreitada após duas semanas de tentativas fracassadas.