A casa branca de portas azuis em meio ao verde do Vale do Paraíba, em São Paulo, parece que sempre esteve ali. Preservando a história local, ela foi idealizada para uma pintora como um espaço de paz e inspiração.
"A casa-ateliê foi concebida para servir como retiro bucólico e local de imersão criativa para uma artista que traz, em sua trajetória, paisagens rurais como um tema recorrente", conta o arquiteto Gil Barbieri (@gilbarbieri.arquitetura), responsável pela obra.
A pedido da moradora, a casa foi construída para se integrar à paisagem local, fazendo referência às construções rurais e usando técnicas construtivas que tivessem relação ao contexto. Para tanto, Gil buscou referências na arquitetura rural da Serra da Mantiqueira e na portuguesa, tanto no uso dos materiais quanto na concepção dos espaços.
"Os platôs formados por muros de pedra natural em disposição de terraços remetem aos terreiros de café, que servem também como espaços de encontro, enquanto configuram as bases das construções. O ateliê, visto por um ângulo, lembra um estábulo, com suas grandes portas de madeira, e, por outro, remete a uma pequena igreja rural", detalha o profissional.
Foram oito meses de obras até que o imóvel com dois quartos, sala integrada com cozinha, banheiro, lavanderia, depósito de telas e ateliê fosse concluído. A planta foi dividida em dois volumes distintos – um para a parte da residência e outro do ateliê –, mas que, esteticamente, têm o mesmo peso visual.
"A casa tem um pé-direito mais baixo, proporcionando maior sensação de acolhimento e controle da temperatura interna, e o ateliê tem um pé-direito mais alto, de modo que as paredes livres servem de suporte para as telas de grande formato pintadas pela artista, que chegam até 3 x 6 m", explica Gil.
Nos interiores, a memória rural também foi mantida. O fogão à lenha, que também serve como lareira, foi revestido com cimento queimado vermelho, comum nas casas tradicionais da região. O piso da sala foi feito com taco de madeira peroba, reutilizado a partir de materiais que sobraram da demolição de um apartamento no edifício Copan, na capital paulista.
O forro de madeira foi pintado com uma tinta branca aguada para destacar os veios do material e fazer um contraste com a madeira escura da estrutura do telhado.
A decoração foi feita com peças que remetessem às casas de fazenda. "São móveis que não tem cara de antigos, nem de contemporâneos, são de alguma maneira atemporais. Os destaques são os vários quadros feitos por artistas amigos da moradora, que ama receber visitas nos finais de semana", aponta o arquiteto.