Tomar banho de frente ou de costas para o chuveiro vira debate na web

Ela costuma se banhar de costas para o chuveiro, com a água atingindo a parte posterior de sua cabeça e costas; enquanto a sua mãe prefere ficar de frente para o chuveiro e deixar a água bater primeiro em seu rosto e colo.

Com mais de 665 mil curtidas, o vídeo está repleto de comentários de pessoas chocadas com as preferências dos demais – há quem esteja do lado de Alexandra, quem defenda a sua mãe, e mesmo quem afirma rodar no chuveiro como um "frango em rotisseria".

Para a psicóloga Marcella Bianca, o sucesso da publicação se deu por diferentes razões, como autenticidade, identificação, surpresa e até mesmo humor. "Vídeos que abordam comportamentos íntimos, como o banho, podem atrair a atenção das pessoas por se tratar de algo universal e, ao mesmo tempo, pessoal", explica.

Ela diz que quando esses temas são apresentados de maneira inesperada, criativa ou envolvente, tendem a gerar um grande interesse e compartilhamento.

Além disso, analisar o comportamento do outro é sedutor porque, através disso, miramos o nosso próprio comportamento e as nossas escolhas.

"É como se olhar no espelho: a imagem que vemos pode causar desconforto ou ser agradável. É sempre atrativo e interessante olhar o comportamento do outro e julgar e, muitas vezes, esse julgamento é só uma projeção daquilo que é mais incômodo para nós mesmos", diz a psicóloga e filósofa Patrícia Stankowich.

No caso de hábitos rotineiros, como tomar banho, a estranheza também pode surgir do fato de vermos outras pessoas vivendo a experiência de modo diferente daquela que estamos habituados ou estabelecemos como um padrão para o nosso comportamento, ela explica.

Isso porque, apesar de termos preferências individuais, estamos sujeitos a considerar como "certo" aquilo que é hábito no contexto cultural e social onde estamos inseridos.

"Em muitos casos, as normas e expectativas sociais de um determinado grupo influenciam o que é considerado 'comportamento adequado' naquela cultura específica", diz Marcella. Ela acrescenta que a aversão inicial pode ser simplesmente uma resposta natural à novidade.

Resumidamente, não há uma maneira correta de tomar banho – isso porque o "certo" e o "errado" são produtos do contexto e estão em constante evolução, podendo variar de uma situação para outra.

"O que costumamos considerar como 'correto' é um padrão pensado como habitual e escolhido pela maioria em um espaço social. Nós quem criamos esses conceitos, e os comportamentos certos são aqueles mais aceitos pela maioria", diz Patrícia.

Marcella complementa que, em muitos casos, o que é considerado a "maneira certa" de se comportar é determinado por tradições, valores e expectativas da sociedade em que vivemos.

No entanto, Marcella lembra que as noções de comportamento correto podem variar muito, até mesmo de uma pessoa para outra, e que o respeito pelas diferenças individuais e a compreensão das normas sociais são elementos importantes a serem considerados ao avaliar o comportamento.