Bem-estar e Saúde

Um novo estudo sobre o uso regular de suplementos de óleo de peixe mostrou um resultado misto, ou seja, pode aumentar o risco de desenvolver doenças cardíacas ou de sofrer um acidente vascular cerebral pela primeira vez, mas também pode retardar a progressão de problemas de saúde cardiovasculares existentes e diminuir o risco de morte.

O óleo de peixe é rico em ácidos graxos ômega-3, que, comprovadamente, auxiliam na saúde do cérebro e coração.

Feito no Reino Unido, o estudo intitulado Regular use of fish oil supplements and course of cardiovascular diseases: prospective cohort study (Uso regular de suplementos de óleo de peixe e evolução de doenças cardiovasculares: estudo de corte prospectivo, em tradução literal), publicado na revista BMJ Medicine, mostrou que o uso regular de suplementos de óleo de peixe aumentou o risco de fibrilação atrial – uma alteração no ritmo ou na frequência do coração – e também de acidente vascular cerebral (AVC) em adultos e idosos sem doenças cardiovasculares prévias.

Por outro lado, para aqueles que já tinham o diagnóstico de doença cardiovascular, o uso regular do suplemento foi benéfico, pois diminuiu o risco de infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e até morte.

A suplementação de ômega-3 para prevenção primária de doenças cardiovasculares não é recomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia — Foto: Freepik / Racool_studio / Creative Commons
A suplementação de ômega-3 para prevenção primária de doenças cardiovasculares não é recomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia — Foto: Freepik / Racool_studio / Creative Commons

O estudo

Neste estudo, os autores acompanharam 415.737 indivíduos de 40 a 69 anos por volta de 12 anos. Desse total, 31% (130.365) fazia uso regular de suplemento de óleo de peixe.

A suplementação de óleo de peixe foi associada com aumento no risco de fibrilação atrial em 13% e de AVC em 5%, em pacientes que tinham boa saúde cardiovascular.

No entanto, para aqueles que já tinham alguma alteração cardiovascular anterior, o efeito da suplementação do óleo de peixe trouxe benefícios – reduziu em 8% o risco de outros eventos cardiovasculares e 9% o de morte após insuficiência cardíaca.

O risco de transição de uma boa saúde para ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou insuficiência cardíaca foi 6% maior para mulheres e não fumantes que tomavam suplementos. Os homens e idosos foram mais capazes de colher os frutos dos suplementos, reduzindo o risco de progredir de uma boa saúde para a morte em 7% e 11%, respectivamente.

Uma explicação possível para esses dados divergentes, segundo Melissa Rotatori, professora do curso de Nutrição do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), é a dose e a composição do suplemento de óleo de peixe, dados que não estavam presentes no estudo.

"Sabe aquele ditado: ‘a diferença entre o remédio e o veneno está na dose’? Pode ser aplicada também a esse caso, já que altas doses e a composição podem ser o problema", diz ela.

Outra explicação possível para os resultados discrepantes, segundo a professora, é que fatores como idade, sexo, etnia, hábitos de vida, padrões alimentares e uso de determinados medicamentos podem modificar os efeitos dos suplementos de óleo de peixe.

Como a maioria dos participantes da pesquisa eram brancos, as conclusões podem não se aplicar a pessoas de outras etnias. Segundo os pesquisadores, mais estudos são necessários para determinar os mecanismos precisos para o desenvolvimento e prognóstico de eventos de doenças cardiovasculares com o uso regular de suplementos de óleo de peixe.

Tecidos de peixes com alto teor de gordura, como cavala, arenque, sardinha, anchova, atum e salmão, são a base dos suplmentos de óleo de peixe, e podem fazer parte da dieta — Foto: Unsplash / Towfiqu Barbhuiya / Creative Commons
Tecidos de peixes com alto teor de gordura, como cavala, arenque, sardinha, anchova, atum e salmão, são a base dos suplmentos de óleo de peixe, e podem fazer parte da dieta — Foto: Unsplash / Towfiqu Barbhuiya / Creative Commons

Do que é feito o suplemento de óleo de peixe?

Estes suplementos são derivados dos tecidos de peixe com alto teor de gordura, como cavala, arenque, sardinha, anchova, atum e salmão. "Os principais ácidos graxos ômega-3 presentes são o ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA)", explica Carolina Rosa, coordenadora do curso de Nutrição do Centro Universitário CESUCA, em Porto Alegre (RS).

Existe também o ômega-3 de origem vegetal, principalmente das algas e fontes de EPA, mas esses não foram avaliados no estudo descrito acima. "Além desses componentes, o óleo de peixe pode conter pequenas quantidades de outras gorduras, vitaminas como A e D, além de outros nutrientes", comenta a coordenadora.

Melissa cita que as cápsulas de óleo de peixe que contêm somente EPA podem ser mais eficazes na redução do risco de doença cardiovascular do que aquelas com DHA e EPA, conforme um estudo de revisão sistemática e meta-análise, de 2021, intitulado Effect of omega-3 fatty acids on cardiovascular outcomes: A systematic review and meta-analysis (Efeito dos ácidos graxos ômega-3 nos desfechos cardiovasculares: uma revisão sistemática e meta-análise, em tradução livre).

Indicações de uso

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, não é recomendado a suplementação de ômega-3 para prevenção primária de doenças cardiovasculares. Porém, existem diversos estudos sobre o assunto, com evidências de sua indicação em outros aspectos da saúde, tais como:

  • Redução dos níveis de triglicerídeos no sangue.
  • Prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares.
  • Apoio nos tratamentos de hipertensão arterial, obesidade e diabetes.
  • Redução da inflamação em condições como artrite reumatoide.
  • Melhora da saúde cerebral, depressão, ansiedade e funções cognitivas.
  • Apoio à saúde ocular, principalmente na prevenção da degeneração macular relacionada à idade.
  • Apoio à saúde durante a gravidez, ajudando no desenvolvimento cerebral e ocular do feto.

Como tomar o suplemento

A prescrição de suplemento de óleo de peixe dever ser feita por um profissional da saúde, vai definir a dose segundo a alimentação, condição física, idade e presença de doenças — Foto: Freepik / Creative Commons
A prescrição de suplemento de óleo de peixe dever ser feita por um profissional da saúde, vai definir a dose segundo a alimentação, condição física, idade e presença de doenças — Foto: Freepik / Creative Commons

Em primeiro lugar, Carolina ressalta que a administração do suplemento de óleo de peixe deve seguir as orientações de um profissional de saúde, podendo ser tomado em cápsulas ou na forma líquida. "As doses recomendadas podem variar segundo a necessidade individual, mas, geralmente, a quantidade diária de EPA e DHA combinados varia de 250 mg a 1.000 mg", relata.

Conforme Melissa, a decisão sobre a dosagem de ômega-3 dependerá da quantidade consumida por meio dos alimentos, condição física do indivíduo, idade, presença de doenças e também se segue alimentação vegetariana ou vegana.

"Com base nisso, deve-se considerar o tipo de ômega-3 (de origem animal ou vegetal) e a concentração de EPA e DHA. Quanto maior a concentração de EPA e/ou DHA, mais concentrado e puro será o óleo", explica.

Para a professora, é fundamental que a pureza do óleo de peixe em relação a metais pesados e contaminantes seja comprovada por um órgão certificador especializado. Segundo ela, o programa de certificação internacional The International Fish Oil Standards (IFOS) é uma boa referência mundial no controle de qualidade do ômega-3, pois define os padrões mais elevados de pureza, frescor do óleo e concentração de EPA e DHA.

Contraindicações

O uso de suplementos de ômega-3 (e não o consumo de peixes) deve ser evitado nestas situações:

  • Indivíduos que usam anticoagulantes, pois há risco de potenciais sangramentos. Durante episódios de sangramento agudo, como AVC hemorrágico, o uso de óleos de peixe deve ser descontinuado.
  • Pessoas com alergia a peixes ou frutos do mar.
  • Pessoas com implantes de marca-passos ou stents devem consultar um médico antes de iniciar o uso, pois há alguma preocupação com a interação do óleo de peixe com esses dispositivos.
  • Gestantes e lactantes devem usar sob orientação médica devido aos possíveis efeitos de contaminação por mercúrio presente em alguns produtos de óleo de peixe.

Efeitos colaterais

Alguns sintomas gastrointestinais podem ocorrer com o uso de suplementos de ômega-3, incluindo desconforto gástrico, eructação, gosto residual de peixe, náuseas, diarreia e refluxo gastroesofágico. "Consumir as cápsulas antes das principais refeições, ou antes de dormir, pode ajudar a minimizar esses sintomas", recomenda Melissa.

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