Tendências do Morar

Por Hanne Lima

Especialista do WGSN, empresa de tendências que possui o portal Interiors, focado em no Design de Interiores. Contato: marketinglatam@wgsn.com

Há séculos, o mundo é desenhado para famílias e casais, porém, o número de pessoas solteiras só aumenta. Um estudo da Euromonitor revelou que entre 13% e 19% das casas serão para uma só pessoa até 2030. Assim, observamos a adaptação de estilos de vida para esse novo momento.

De jantares à luz de velas a comunidades de solteiros, o mercado pensado para dois se reinventa. Os primeiros impactos dessa mudança aparecem no tamanho das casas e nas formas de morar, que se adéquam ao aumento do interesse por moradias compartilhadas e por estilos de vida nômade.

No Brasil, houve aumento de 30% na venda de imóveis com apenas um dormitório no primeiro trimestre de 2022 – o que também expõe outra tendência: a redução no tamanho dos lares devido a esse comportamento e da alta do custo dos imóveis. Essa diminuição aliada à crescente economia solo são estudadas desde 2017 pela WGSN.

Reality shows de sucesso, como o Movimento Tiny House e a hashtag #TinyLiving (ou “vivendo pequeno”, em tradução literal), que conta com mais de 500 milhões de visualizações no TikTok, representam bem tal mudança.

Para além da configuração física dos espaços, a vida solo também tem influenciado a criação de novos comportamentos — Foto: Ilustração Patrícia Sodré / Editora Globo
Para além da configuração física dos espaços, a vida solo também tem influenciado a criação de novos comportamentos — Foto: Ilustração Patrícia Sodré / Editora Globo

Apesar do aumento do número de pessoas a viver solo, esse grupo tende a interagir mais, o que influencia a criação de “terceiros espaços”, que são ambientes de socialização e lazer que vão além de casas e escritórios.

Os espaços de aprendizagem e os de bem-estar e as áreas verdes e comunitárias nas cidades se reinventam para esse novo momento, com shoppings que se tornam pontos de encontro, como foi o caso da renovação do Livat em Londres, antigo Kings Mall.

Projetado por Kwong Von Glinow, o empreendimento Table Top Apartments, em Nova York (EUA), foi pensado para aliviar a sensação de isolamento social — Foto: Kwong Von Glinow / Divulgação
Projetado por Kwong Von Glinow, o empreendimento Table Top Apartments, em Nova York (EUA), foi pensado para aliviar a sensação de isolamento social — Foto: Kwong Von Glinow / Divulgação

A WGSN mapeia o impacto disso no varejo. Marcas começam a ser cobradas a oferecer experiências para a socialização da sua comunidade, algo importante para consumidores mais jovens. Também há exemplos de residências, como o Table Top Apartments, em Nova York (EUA), cujos apartamentos são organizados em blocos, com espaços de convívio para a comunidade; e o alojamento estudantil do estúdio Selencky Parsons, no Reino Unido, onde os estudantes têm seus próprios quartos, mas também contam com espaços de convivência.

Seja para consumidores solteiros, seja para os casados, o olhar para essas formas de viver e morar emergentes já é algo concreto. Para além da configuração física dos espaços, a vida solo também tem influenciado a criação de novos comportamentos – como a celebração do Dia dos Solteiros, que cresce ano a ano no varejo brasileiro –, além de outras comemorações, como o término de relacionamentos, mostrando reflexos de como essa tendência também impactará outros segmentos.

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