Os móveis contam histórias e representam épocas de diversas formas, por meio de símbolos – de caráter fitomorfo, zoomorfo, antropomorfo e outras representações – sendo estes representados na da madeira esculpida, nos bronzes e marchetarias diversas.
Nos estilos Barroco e Rococó, o tema floral é muito presente. No estilo Neoclássico, o barrete da liberdade (uma espécie de chapéu típico usado pelos revolucionários franceses) pode ser encontrado em cadeiras da época da revolução e a esfinge egípcia no mobiliário do Império Napoleônico. Nesse contexto, a flor-de-lis aparece como um símbolo muito ligado à monarquia francesa.
![O símbolo da esfinge egípcia representado no mobiliário do Império Napoleônico — Foto: Arnaldo Danemberg Collection / Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-casaejardim.glbimg.com/qN-uvdK5_GRmcq10swiLl4VhAcY=/0x0:1400x1050/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2024/d/B/KzN8eHTmanVAjTbEEnuQ/esfinge-mobiliario-imperio.jpg)
Presente desde os tempos medievais, a flor-de-lis teve um papel importante na história da França, sobretudo durante os séculos 18 e 19.
Sempre associada à monarquia e ao poder real, tal símbolo adornava diversos tipos de móveis, como cadeiras, bancos, tronos, arcas, baús, entre outros, além de estandartes e brasões dos reis franceses, representando sua autoridade divina e conexão com a fé cristã.
![A cadeira é feita inteiramente de madeira e apresenta um detalhe vazado em forma de flor-de-lis em seu espaldar — Foto: Arnaldo Danemberg Collection / Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-casaejardim.glbimg.com/v_1PC_Yip4PudDcDsDBmhJvAR2k=/0x0:1400x2100/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2024/U/E/JtMKLKROikbwvhFjPXvg/cadeira-flor-de-lis.jpeg)
Foi durante o reinado de Luís XIV que a flor-de-lis alcançou seu apogeu como ícone da realeza, inclusive tendo a contração da palavra “lis” muito associada ao nome Luís, ou seja, “flor de Luís”.
Além de estar presente nas decorações palacianas e nos uniformes militares, visando demonstrar a força da realeza, a flor-de-lis era o grande símbolo da bandeira da França, tendo a sua primeira aparição no ano de 832, quando o rei Carlos II quis homenagear o também rei Clóvis (primeiro rei dos franceses, que reinou entre os anos 481 e 511).
Uma das lendas mais famosas diz que a escolha desse símbolo se deu pela sua semelhança aos raios solares, ou seja, a luz divina, representando assim a relação entre a realeza e a religião.
![Bandeira do reino da França, onde a flor-de-lis foi supostamente escolhida por representar a luz divina, ou seja, a relação entre a monarquia e a religião — Foto: Wikipedia / Creative Commons](https://cdn.statically.io/img/s2-casaejardim.glbimg.com/RvsGF9SSl8h2koxiMycgVhMaMEU=/0x0:1400x933/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2024/a/M/q6BJVdT4KRSUd7iIaEOA/bandeira-reino-franca.png)
No entanto, com a Revolução Francesa no final do século 18 e o subsequente declínio da monarquia absolutista, a flor-de-lis perdeu sua proeminência como símbolo oficial do estado dando lugar a bandeira tricolor, que representava os valores republicanos através das cores azul, branco e vermelho a partir de 1793.
![A bandeira da França representa os valores republicanos da nação por meio das cores azul, branco e vermelho — Foto: PxHere / Creative Commons](https://cdn.statically.io/img/s2-casaejardim.glbimg.com/bBBYEU-qgoiiD5TN4dTC0AyRZF8=/0x0:5760x3840/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2024/A/A/CGmxynQkGzNmClnLEWuw/bandeira-franca-tricolor.jpg)
Sobre essa bandeira, o escritor francês Alphonse de Lamartine ressaltou que “a bandeira tricolor deu a volta ao mundo com o nome, a glória e a liberdade da pátria”. Eram esses os pensamentos republicanos e revolucionários da época.
Apesar da queda do absolutismo, a flor-de-lis continuou a ser reverenciada por muitos como um símbolo de tradição e história, mantendo sua presença na cultura francesa até os dias atuais.