A relação entre os baús e a história da migração na França no século 19

Historicamente, o baú foi personagem símbolo das grandes ondas migratórias que ocorreram na Europa do século 19, principalmente na França. Foram momentos agitados da história onde as pessoas muitas vezes levavam consigo, além de objetos, a esperança de tempos melhores, em outros destinos, uma busca de novas chances.

No século 19, a França viveu duas ondas migratórias, causando mudanças significativas na demografia e desempenhou um papel vital no desenvolvimento econômico, social e cultural do país, e teve um impacto significativo em seu crescimento populacional.

A primeira onda (entre 1815 e 1851) aconteceu pelo avanço da revolução industrial, causando um forte êxodo rural. Já a segunda (entre 1851 e 1914), por motivos políticos. A França passava por mudanças drásticas e, entre 1851 e 1870, foram estabelecidos o segundo império, a comuna de Paris e a terceira república, causando a migração de pessoas contrárias a tais regimes.

Todo esse movimento só foi possível por meio da construção das linhas férreas, que tiveram um grande aumento durante o reinado de Napoleão III. Estima-se que a população da França cresceu de 28 milhões em 1789 para 39 milhões em 1880.

Tudo isso colaborou com a democratização do uso dos baús. Primordialmente de madeira, muitos eram forrados em tela, com couro em seus acabamentos, além de ferragens e tacheados diversos. O uso de monogramas ou de brasões também foi uma constante, pois ajudava bastante na identificação dos proprietários.

Atualmente, o baú passou a ser um coringa na decoração das casas contemporâneas. Agora os vemos espalhados pelas salas, fazendo às vezes de mesas de centro, mesas laterais e o que mais a imaginação dos arquitetos permitir.