Artesanato

Por Redação Casa e Jardim

Jalapoeira Apurada é o nome da coleção lançada em Palmas, Tocantins, uma série de peças escultóricas feitas com capim dourado e buriti por mulheres quilombolas do Jalapão, que representam o trabalho artesanal carregado de memórias e histórias do saber ancestral passado de geração em geração nessa região.

O capim dourado brota entre rios e lagos no leste do Estado, no cerrado brasileiro, com suas flores de finas hastes douradas, que brilham ao sol. Pelas mãos das artesãs da região, transforma-se em objetos de decoração, acessórios e bijuterias, que fazem sucesso no Brasil e no mundo.

Mulheres de três associações de artesãos no Tocantins se reuniram para o projeto "Jalapoeira Apurada", que resgata valores como coletividade, senso de pertencimento e o saber fazer ancestral — Foto: Loiro Cunha / Divulgação
Mulheres de três associações de artesãos no Tocantins se reuniram para o projeto "Jalapoeira Apurada", que resgata valores como coletividade, senso de pertencimento e o saber fazer ancestral — Foto: Loiro Cunha / Divulgação

As peças, apresentadas suspensas por pés metálicos que chegam até 1,80 m de altura, mais do que beleza, trazem propósito. Pertencentes a três associações locais – Associação Comunitária dos Artesãos e Pequenos Produtores de Mateiros (ACAPPM), Associação de Artesãos e Extrativistas do Povoado do Mumbuca e Associação Quilombo do Prata – as mulheres se reuniram neste projeto que remete a valores como coletividade, senso de pertencimento e ancestralidade, além da questão de qualidade de vida da comunidade e preservação dos ambientes naturais.

Com o apoio da WWF-Brasil, do Instituto A Gente Transforma (IAGT) e da Central do Cerrado, as três associações mergulharam em um processo criativo e desafiador ao longo de quase 2 anos. “Foi um projeto maravilhoso, muito desafiador no primeiro momento, porque ficamos com medo de não conseguir fazer”, conta Railane Ribeiro da Silva, presidente da associação do Mumbuca. Isso porque os modelos propostos por Marcelo Rosenbaum, presidente do IAGT, nunca tinham sido feitos de capim dourado.

Após o receio inicial do "novo", as artesãs aprenderam que eram capazes de fazer – e bem-feito. A proposta foi a de utsar os mesmos materiais e técnicas que as artesãs já empregavam no dia a dia, porém em grandes proporções, para trazer novos produtos e encontrar mercados inexplorados.

As peças da coleção "Jalapoeira Apurada" são feitas com os mesmos materiais e técnicas que as artesãs da região já usavam, mas em grandes proporções — Foto: Loiro Cunha / Divulgação
As peças da coleção "Jalapoeira Apurada" são feitas com os mesmos materiais e técnicas que as artesãs da região já usavam, mas em grandes proporções — Foto: Loiro Cunha / Divulgação

"Durante a imersão que fizemos para este projeto, entendemos que se tratava de um exercício de escuta, de trazer o protagonismo das mulheres quilombolas e exaltar esse saber fazer manual que é uma arte ancestral. Buscamos construir uma identidade que partisse das suas memórias com o capim dourado e motivá-las a falar neste lugar de conhecedoras desse universo amplo de arte e de resistência na luta pelo território", compartilha Rosenbaum.

"O próprio nome Jalapoeira Apurada, criado por elas, remete à reivindicação pela autoria do artesanato do capim dourado e ao orgulho de pertencer ao Jalapão. O que queremos trazer aqui é a força dessa união de mulheres que trabalham pela conservação do Cerrado", ele complementa.

Para Laudeci Ribeiro de Souza Monteiro, presidente da ACAPPM, esse não é um projeto que veio pronto. "Nós construímos juntos. E precisa mesmo ser com todo mundo, tem de ser o melhor para as nossas artesãs", diz.

O nome 'Jalapoeira Apurada" criado pelas artesãs remete à reivindicação pela autoria do artesanato do capim dourado e ao orgulho de pertencer ao Jalapão — Foto: Loiro Cunha / Divulgação
O nome 'Jalapoeira Apurada" criado pelas artesãs remete à reivindicação pela autoria do artesanato do capim dourado e ao orgulho de pertencer ao Jalapão — Foto: Loiro Cunha / Divulgação

Além de estimular a produção das artesãs, o projeto focou na melhoria da qualidade de vida da comunidade como consequência do processo e conservação do território. “Já está provado que povos e comunidades tradicionais são os grandes protetores dos ambientes naturais”, explica Ana Carolina Bauer, analista de conservação WWF Brasil.

O objetivo, segundo a analista, é chamar a atenção para esse bioma e mostrar que a valorização das comunidades e dos saberes tradicionais são cruciais para a conservação e a manutenção do Cerrado. Além da coleção, o projeto inclui ações de orientação para o manejo correto do fogo, treinamento sobre precificação e apoios na estruturação física e administrativa das associações e suas lojas.

Luzia Passos Ribeiro, presidente da Associação Quilombo do Prata – cuja comunidade onde vive com 90 famílias dependem da agricultura familiar e do extrativismo – já sente os benefícios provenientes do projeto. “Poucos aqui têm salário, a pesca paga muito pouco, então o capim representou um trabalho diferenciado em termos de renda”, conta.

O Quilombo do Prata, atualmente, sofre pressão do agronegócio, que avança pela região, principalmente com a monocultura da soja. “Também, por isso, precisamos manter essa cultura viva, para preservar a nossa região, a nossa casa”, avalia Luzia.

O capim dourado já é conhecido em produções de objetos de decoração, acessórios e bijuterias, mas agrega um novo olhar no projeto, com mais perspectivas para as associações envolvidas, como o aumento do mercado — Foto: Loiro Cunha / Divulgação
O capim dourado já é conhecido em produções de objetos de decoração, acessórios e bijuterias, mas agrega um novo olhar no projeto, com mais perspectivas para as associações envolvidas, como o aumento do mercado — Foto: Loiro Cunha / Divulgação

Maria Aparecida Ribeiro de Sousa, presidente da Central do Cerrado, também uma artesã do Quilombo do Prata, comemora a conquista. “O capim dourado não é novidade, mas agora ele chega com um novo olhar e traz novas perspectivas”, diz ela.

“Nossa expectativa é que ele amplie os horizontes das associações e aumente o mercado para elas. É isso que ajuda a manter uma cultura em pé. Afinal, as principais guardiãs do Cerrado são essas mulheres”, conclui.

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