Quando discutimos mobilidade urbana, impreterivelmente, falamos em caminhabilidade. Este conceito está associado à capacidade do espaço público proporcionar uma boa experiência ao pedestre, seja pelo acesso facilitado a atividades cotidiana, seja pela sensação de segurança ao caminhar na rua.
O índice de caminhabilidade pode ser medido por uma série de ferramentas. A mais famosa é a plataforma norte-americana Walk Score, criada em 2007, que baseia-se na distância de comodidades como supermercados, escolas, parques, bibliotecas, restaurantes e cafés. Os bairros ou regiões recebem notas de 0 a 100: quanto maior a dependência do uso de automóvel, mais próxima de zero é a avaliação.
![Um bairro com alto índice de caminhabilidade é considerado mais sustentável, dispensando o uso frequente de carros — Foto: Freepik / Creative Commons](https://cdn.statically.io/img/s2-casaejardim.glbimg.com/ukYUEHweVJQezbfqmh8sFPZG5AQ=/0x0:1000x672/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_a0b7e59562ef42049f4e191fe476fe7d/internal_photos/bs/2024/3/A/FmAyNlR4ud0p8qRdHFUQ/2148975280.jpg)
A partir de dados coletados em sites abertos, um software específico modela a vizinhança, analisando centenas de rotas para verificar a conectividade. Neste processo, são consideradas as dimensões do ambiente construído, os destinos acessíveis, a densidade populacional, o desenho urbano e o relevo. A pontuação máxima é atribuída para rotas com amenidades num raio de 400 m, ou seja, em 5 minutos de caminhada.
Mesmo na capital de São Paulo, ainda é possível encontrar bairros considerados como “paraísos dos pedestres”, com avaliação acima de 95%. É o caso do bairro Moema ou da famosa Rua dos Pinheiros, que atinge impressionantes 99%. Já no Rio de Janeiro, os bairros de Ipanema e Copacabana recebem, ambos, 97% de avaliação. Em Curitiba, os bairros Batel e Juvevê ficam empatados com uma avaliação de 98%, enquanto o Água Verde recebe 96%.
A caminhabilidade também é utilizada pelo mercado imobiliário para a prospecção de terrenos. "O pós-pandemia trouxe a usabilidade do lar como um conceito muito forte, não só dele, mas como da região ao redor. As pessoas querem sair, caminhar ao sol, praticar esportes, tomar um café e a preferência é por locais próximos. Por isso avaliar dados neste sentido é estratégico e necessário para a construção civil", comenta Anna Paula Araujo, diretora de incorporação da Construtora Equilíbrio.