• Por Nathalia Fabro
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Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, antes da reforma iniciada em 2019  (Foto: Flickr/Deni Williams/CreativeCommons)

Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, antes da reforma iniciada em 2019 (Foto: Flickr / Deni Williams / CreativeCommons)

Um dos locais mais famosos de São Paulo é o Vale do Anhangabaú, que fica entre os Viadutos do Chá e a Santa Ifigênia. É um importante ponto de conexão do centro da cidade com as zonas norte e sul, além de ser um espaço cultural onde artistas se reúnem e diversos eventos são realizados. 

Mas antes de se tornar cartão postal da capital paulista, o Vale do Anhangabaú era uma terra de plantação de agrião. Diferentes projetos arquitetônicos e paisagisticos transformaram o local em um dos mais simbólicos da cidade. Conheça sete curiosidades sobre o lugar: 

1. Nome indígena
No subsolo do vale, corre o Rio Anhangabaú, nomeado em língua tupi. O significado é rio ou água do mau espírito, pois os indígenas o consideravam um córrego maldito. 

2. Era tudo mato
Nos anos 1800, a região era repleta de chácaras que cultivavam agrião e vendiam chás – assim veio a inspiração para nomear o Viaduto do Chá, o primeiro de São Paulo, inaugurado em 1892, e que marca o início da urbanização da região. Com o rio canalizado na mesma época, foi iniciado o projeto para transformar o espaço em vale: o Plano Bouvard reorganizou a área central e criou uma paisagem semelhante aos jardins de parques franceses do início do século 20.  

Vista do Vale do Anhangabaú para o Theatro Municipal na década de 1920 (Foto: Flickr/Arquivo Nacional/Fundo Fotografias Avulsas)

Vista do Vale do Anhangabaú para o Theatro Municipal na década de 1920 (Foto: Flickr / Arquivo Nacional / Fundo Fotografias Avulsas)

3. A chegada do concreto
Na década de 1950, o vale foi transformado em passagens para carros, idealizado por Francisco Prestes Maia e João Florence de Ulhoa Cintra no Plano de Avenidas de São Paulo. As vias foram alargadas para dar acesso aos veículos e muitos edifícios começaram a surgir no perímetro. Mais tarde, as vias foram transformadas em túneis que possuiam aberturas. 

As antigas vias de carros no Vale do Anhangabaú, em São Paulo (Foto: Wikimedia Commons/Werner Haberkorn/Fotolabor/Museu Paulista da USP)

As antigas vias de carros no Vale do Anhangabaú, em São Paulo (Foto: Wikimedia Commons / Werner Haberkorn / Fotolabor / Museu Paulista da USP)

4. Paisagismo
No começo dos anos 1980, a prefeitura abriu um concurso público para revitalizar a área. O projeto escolhido foi o de Jorge Wilheim, arquiteto e urbanista, e Rosa Grena Kliass, arquiteta e paisagista. A solução que eles propuseram foi fechar os túneis, aumentar a área de pedestres na parte de cima do vale e transformá-lo em um boulevard repleto de verde

5. Prédios importantes
Ao redor do vale ficam edifícios históricos, como a prefeitura de São Paulo, o Theatro Municipal, a Escola de Dança de São Paulo e o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. A Fundação Fernando Henrique Cardoso, fundada pelo ex-presidente do Brasil, também fica no local. 

Projeto de Jorge Wilheim e Rosa Grena Kliass do Vale do Anhangabaú possui jardins e árvores espelhados pelo local (Foto: Wikimedia Commons/Dornicke)

Projeto de Jorge Wilheim e Rosa Grena Kliass do Vale do Anhangabaú possui jardins e árvores espalhados pelo local (Foto: Wikimedia Commons / Dornicke)

6. Eventos e manifestações 
Por ser uma área grande, o vale é palco de eventos esportivos e culturais. Na Copa do Mundo de 2014, um telão foi colocado para que as pessoas pudessem acompanhar os jogos. Na Virada Cultural, um dos principais eventos da cidade, sempre há shows e apresentações artísticas. Ao longo da história, manifestações de cunho político também tomaram conta do espaço, como o movimento da Diretas Já, que pedia eleições presidenciais diretas no Brasil. 

7. Novo projeto
Em 2019, o vale começou a ser reformado para ganhar melhorias, como mais árvores, aprimorar a ligação entre as vias urbanas e recuperar fachadas ao redor. O projeto, idealizado pelo renomado escritório do urbanista dinamarquês Jan Gehl, também prevê a instalação de quiosques, que servirão de lanchonetes, bancas de jornal e até floriculturas. O objetivo é ampliar e deixar mais confortável a área para os pedestres. A previsão é que o espaço seja aberto em setembro de 2020. 

Nova revitalização do Vale do Anhangabaú que será aberta em 2020 coloca árvores perto das fachadas dos prédios e aumenta a área de circulação de pedestres (Foto: Reprodução/Prefeitura de São Paulo)

Nova revitalização do Vale do Anhangabaú que será aberta em 2020 coloca árvores perto das fachadas dos prédios e aumenta a área de circulação de pedestres (Foto: Reprodução / Prefeitura de São Paulo)