• Texto Marilena Dêgelo
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Neste projeto da designer de interiores Paola Ribeiro, a estante foi prevista com uma abertura exclusiva para o ar-condicionado modelo split. Execução da CS Marcenaria (Foto: MCA Estúdio / Editora Globo)

Neste projeto da designer de interiores Paola Ribeiro, a estante foi prevista com uma abertura exclusiva para o ar-condicionado modelo split. Execução da CS Marcenaria (Foto: MCA Estúdio / Editora Globo)

O verão promete altas temperaturas em todo o país, segundo previsão dos meteorologistas. Quem pensa em combater o excesso de calor dentro de casa com ar-condicionado não pode simplesmente comprá-lo em uma loja como se fosse uma geladeira. Há particularidades nesse equipamento que precisam ser consideradas antes de adquiri-lo, por isso a instalação de um sistema de climatização exige a contratação de um engenheiro mecânico. Só um especialista sabe indicar o modelo mais adequado e dimensionar sua capacidade de acordo com o tamanho de cada ambiente e a quantidade de insolação que incide na casa ou no apartamento.

Há um cálculo oferecido pelos sites dos fabricantes para a compra de ar-condicionado por conta própria. “A taxa básica é de um equipamento de 12 mil BTU/hora para climatizar um ambiente de 20 m², mas, para chegar a um resultado de conforto térmico real, deve-se considerar o número de moradores, outros aparelhos eletrônicos e fontes de calor que existem no local”, afirma o engenheiro mecânico Robson Santini, da RMS Consultoria. A escolha errada pode acarretar o consumo desnecessário de energia elétrica. Além disso, antes da compra, é preciso investigar as instalações elétricas da casa para avaliar se comportam a carga do novo equipamento. Outra questão no caso do modelo split é a necessidade de verificar se existe espaço suficiente para a colocação da unidade condensadora, que fica do lado externo.

A ajuda também é bem-vinda para entender as novas tecnologias que tornam o ar-condicionado mais eficiente, econômico e até saudável. A sensação do momento é o compressor Inverter, que dispensa o acionamento “liga e desliga” para manter a temperatura desejada. Existem novos dispositivos para melhorar a filtragem do ar com design mais avançado que conferem maior conforto térmico, além de boa estética. “Independentemente da escolha, todos os aparelhos precisam de instalação feita por um profissional, cujo custo fica em torno de 20% dos preços dos equipamentos”, diz Adelson Coelho, da Samsung Brasil.

Modelos e características
O modelo split ganhou força no mercado por conta da estética, desbancando o tradicional de janela, que é compacto, mas barulhento, além de precisar de uma grande abertura na parede para instalá-lo. As unidades internas dos modelos split, como os tipos hi wall, piso teto ou cassete (acoplada ou embutida no teto), não agridem visualmente o ambiente. A questão é: onde colocar a unidade externa em apartamentos? “Podem ser usadas mãos-francesas nas fachadas, se a convenção do condomínio permitir. Nos prédios mais modernos, a sacada e a varanda são a solução. Mas, geralmente, só há espaço para uma unidade externa”, diz Robson. Atualmente, os aparelhos mais utilizados são os split Inverter, que têm uma unidade interna (evaporadora) e outra externa (condensadora), que esquenta ou esfria o ar, dependendo do clima de fora e da temperatura desejada dentro. “Os aparelhos convencionais, que ligam e desligam o termostato para manter a temperatura igual, têm picos de consumo. Os Inverter aumentam e diminuem discretamente a velocidade do compressor, gastando 60% menos energia elétrica e provocando menor ruído”, diz Adelson.

 Em apartamento ou casa com mais de 300m², uma solução é instalar um modelo multi split, que funciona com uma unidade externa e várias internas, uma em cada ambiente, a maioria das vezes. “Existe o sistema VRF, que, embora seja mais caro do que o split, permite pendurar mais unidades internas, ser programado no smartphone e ter ganho de eficiência maior”, explica Robson. Por fim,os equipamentos de ar-condicionado estão mais saudáveis.Os novos superfiltros são capazes de reduzir a presença de bactérias e fungos nocivos no ar, além de eliminar ácaros. Há modelos que acabam, inclusive, com os terríveis vírus das gripes mais perigosas.

No apartamento reformado pelos arquitetos Marco Donini e Francisco Zelesnikar, do escritório Arqdonini, os aparelhos de ar-condicionado do living e do quarto receberam uma camada de tinta da mesma cor da parede (Foto: Lufe Gomes / Editora Globo)

No apartamento reformado pelos arquitetos Marco Donini e Francisco Zelesnikar, do escritório Arqdonini, os aparelhos de ar-condicionado do living e do quarto receberam uma camada de tinta da mesma cor da parede. Solução para a peça não se sobressair no ambiente (Foto: Lufe Gomes / Editora Globo)

Como saber a capacidade do aparelho
A capacidade do equipamento para refrigerar um ambiente é medida em BTU/hora – British Thermal Unit (Unidade Térmica Britânica) por hora. O cálculo de BTU/hora deve considerar quatro regras:
1 Para cada metro quadrado do cômodo, multiplica-se por 600 BTU/hora;
2 Cada pessoa adicional soma 600 BTU/hora;
3 Cada equipamento eletrônico soma 600 BTU/hora;
4 Se o cômodo ficar diretamente exposto ao sol, mais 800 BTU/hora para cada medida.

Solução de marcenaria: o aparador atrás do sofá esconde a unidade condensadora de ar-condicionado, o que garantiu o aproveitamento máximo da varanda, fechada com vidro e integrada à sala de estar (Foto: Mariana Orsi / Editora Globo)

Solução de marcenaria: o aparador atrás do sofá esconde a unidade condensadora de ar-condicionado, o que garantiu o aproveitamento máximo da varanda, fechada com vidro e integrada à sala de estar. Projeto da designer de interiores Helena Kallas e do arquiteto Bruno Reis, do escritório Mandril Arquitetura (Foto: Mariana Orsi / Editora Globo)

Instalação
O especialista deve olhar o quadro de luz e avaliar as instalações elétricas que podem não ter capacidade para atender ao consumo de energia de um sistema de ar-condicionado. “A empresa encarregada da instalação dos aparelhos deve colocar todos os equipamentos necessários, como bomba de vácuo e tubulações de cobre, e checar se não ocorrem vazamentos. Se isso não for feito, há comprometimento do funcionamento e diminuição da vida útil dos aparelhos”, explica Robson.

Manutenção
A vida útil do sistema de ar-condicionado é em torno de 10 a 15 anos, mas depende da conservação e da higienização periódica. “Para assegurar um melhor desempenho e eficiência, deve-se executar a limpeza dos filtros e do gabinete em intervalos regulares, conforme as instruções contidas no manual que acompanha os produtos”, diz Luciano Valio, gerente de produto da Panasonic. O filtro interno do evaporador pode ser retirado pelo próprio morador e lavado mensalmente ou quando ele sentir que está muito sujo. Em grandes centros urbanos, recomenda-se a limpeza a cada duas semanas. “Se há muita poeira em suspensão na região, uma vez por semana pode não ser suficiente”, explica Robson. No painel, para evitar riscos, passe apenas um pano seco macio. Não use produtos químicos ou água. Também é preciso checar se existem vazamentos e fazer a medição do ar. Esses serviços devem ser realizados por uma empresa especializada de seis em seis meses.

Consumo de energia
O aparelho ou o sistema de ar-condicionado é um item que consome bastante energia elétrica. Dependendo da capacidade, gasta mais do que um chuveiro elétrico. Por isso, precisa ser corretamente dimensionado para não haver desperdício de eletricidade. “Se a pessoa compra direto com um vendedor, pode adquirir um aparelho de 12 mil BTU/hora, quando só precisa de 9 mil BTU/hora”, explica Robson.

O gasto de energia elétrica aumenta em decorrência do uso equivocado. “O termostato é colocado em uma temperatura baixa para resfriar rapidamente a área. Além de, muitas vezes, forçar o compressor, quando atinge essa temperatura, ele é desligado”, diz o engenheiro. Esse liga e desliga leva ao excesso de consumo de energia. “O ideal é manter a temperatura entre 23 e 25 graus,média que deixa apenas 10% das pessoas insatisfeitas.”

Dicas de economia de energia elétrica
• Instale o aparelho em local de boa circulação de ar e evite posicionar móveis e objetos de maneira que obstruam a saída e/ou a entrada de ar dos equipamentos.
• Mantenha as portas e as janelas do ambiente fechadas quando o ar-condicionado estiver ligado.
• Limpe periodicamente os filtros porque a sujeira diminui a eficiência do equipamento.
• Desligue o aparelho sempre que você se ausentar do espaço por mais de duas horas.
• Feche as cortinas e/ou persianas no cômodo, evitando assim a entrada de calor excessivo.

Os diferentes modelos

O aparelho mecânico da Springer Midea tem refrigerante ecológico R-410A, que não agride a camada de ozônio. Preço: R$ 1.199, com capacidade de 9 mil BTU/hora (Foto: Divulgação)

O aparelho mecânico da Springer Midea tem refrigerante ecológico R-410A, que não agride a camada de ozônio. Preço: R$ 1.199, com capacidade de 9 mil BTU/hora (Foto: Divulgação)

Ar-condicionado de janela
Modelo mais tradicional e menos tecnológico, tem funcionamento simples: o dispositivo retira o calor do cômodo e o transfere para o ambiente externo. As unidades de evaporação e condensação ficam no mesmo aparelho. Ideal para apartamento ou casas sem espaço para a unidade externa. Vantagens: tem preços mais baixos e, por ser compacto, a instalação é fácil comparada ao do modelo split. Desvantagens: apresenta baixa capacidade, entre 7 mil BTU/hora a 30 mil BTU/hora, e pode produzir bastante ruído; o equipamento exige a abertura de uma saída para o exterior, não sendo recomendado para imóveis alugados ou com proibição de realizar mudanças. Indicação: ambientes pequenos.

O Consul 12.000 BTU/hora tem três níveis de ventilação e função de aquecedor. Preço: R$ 2.879 (Foto: Divulgação)

O Consul 12.000 BTU/hora tem três níveis de ventilação e função de aquecedor. Preço: R$ 2.879 (Foto: Divulgação)

Ar-condicionado portátil
O funcionamento é semelhante ao de janela. Vantagens: além da portabilidade, é fácil de instalar e pode ser colocado em cômodos que tenham janela. Desvantagens: limitado para ambientes de até 20 m², pode fazer bastante barulho; consome muita energia elétrica. Indicação: para quem não tem condições de fazer um furo sequer na parede da casa – condomínios e imóveis alugados enquadram-se nessa categoria.

Ar-condicionado split
Composto por duas partes: a evaporadora, que lança o ar gelado para dentro do cômodo, e a condensadora, instalada na área externa, que realiza o resfriamento do ar. Vantagens: baixo nível de ruído; capacidade de até 80 mil BTU/hora; na instalação, depende apenas de um pequeno buraco para a passagem das tubulações. Desvantagens: caro, inclusive na instalação, que deve ser feita por profissionais especializados. Indicação: ambientes que permitam reformas estruturais

O Digital Inverter da Samsung tem sistema de filtragem Full HD. Custa R$ 3.599, com capacidade de 24 mil BTU/hora (Foto: Divulgação)

O Digital Inverter da Samsung tem sistema de filtragem Full HD. Custa R$ 3.599, com capacidade de 24 mil BTU/hora (Foto: Divulgação)

Ar-condicionado split inverter
Nova geração de ar-condicionado, esse modelo apresenta a tecnologia Inverter no compressor, que opera com uma capacidade mínima quando a temperatura é alcançada, o que evita o liga/desliga. Vantagem: menor ruído e maior economia de energia porque mantém a temperatura do ambiente, sem ligar e desligar. Desvantagem: o preço mais caro. Indicação: a mesma do modelo split.

Ar-condicionado multi split
É um sistema com uma unidade externa (condensadora) que abastece de ar frio mais de uma unidade interna (evaporadora). Pode até misturar modelos diferentes de evaporadoras. Em residências, os mais usados são os de parede: hi wall e piso teto. Há ainda o cassete, que é acoplado ao forro. Vantagem: é possível climatizar a casa inteira utilizando apenas um motor condensador na unidade externa. Economiza espaço na varanda e reduz o gasto com eletricidade. Desvantagem: é mais caro e tem custo de instalação de R$ 1.300 por unidade. Indicação: apartamentos e casas grandes.