• Por Maria Beatriz Gonçalves
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dicas_alto_astral_casa (Foto: dicas_alto_astral_casa)

“Comprar melhor é comprar coisas que façam sentido a longo prazo”, diz a pesquisadora Lena Maciel

Nossa relação com o ambiente doméstico já mudou muito ao longo do tempo, mas hoje ela tem essencialmente o papel de nos trazer conforto. “O gosto pela casa tem a ver com introspecção e a capacidade de se recolher a seus valores. Isso é algo favorável em uma época de recessão econômica, por exemplo. O retorno à casa é o retorno a si mesmo, o lugar onde você tem segurança, onde os objetos lhe são íntimos”, lembra a filósofa Viviane Mosé.

Na história social do Brasil, fez muito sentido demarcar os limites das paredes de casa como um lugar privado, só seu. Se o motivador principal para isso parece ter sido a busca pela privacidade e pela segurança, como ainda acontece hoje em dia, não havia, na época, tanta intimidade com o lar como temos atualmente. Hoje a casa é extremamente personalizada, por isso mesmo, os momentos em que ficamos indoor também são aqueles em que estamos atentos a cada detalhe que nos rodeia. “Essa é a hora em que as necessidades de ajustes e cuidados ficam mais claras”, diz o sociólogo especialista em consumo Fabio Mariano.

O que te traz satisfação em casa? Como é possível tirar o melhor desses momenos? Conversamos com especialistas de diversas áreas e chegamos a dicas preciosas para manter o astral nas alturas! No segundo post da série, o tema é: Baixo consumo.

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Compre menos, compre melhor
Ter coisas em excesso quase sempre significa acúmulo de objetos desnecessários, endividamento e falta de espaço que angustia. “Vivemos em uma sociedade de consumo em que, muitas vezes, ter é mais importante do que usufruir”, diz Gabriela Yamaguchi, gerente de Comunicação do Instituto Akatu. Você não precisa parar de comprar coisas para ser feliz em casa (se encantar com alguma peça numa feira de antiguidades faz bem para a alma, sim), mas, se o seu foco for escolher melhor, é bem capaz que acabe levando para casa coisas mais significativas e em menor quantidade. “Comprar melhor é comprar coisas que façam sentido a longo prazo”, diz Lena Maciel, pesquisadora da Box 1824 responsável pelo Report “Lowsumerism”, que fala sobre a tendência de baixo consumo hoje.

Foco na experiência 
Dados divulgados pelo Departamento de Comércio Americano mostram que, nos Estados Unidos, os consumidores estão investindo seu dinheiro extra cada vez mais no consumo de experiências e menos no de objetos. Refeições, gastos com saúde, beleza e melhorias para a casa aparecem em destaque entre as preferências dos consumidores. Essa tendência já aparece em muitas pesquisas nos últimos anos, que mostram que o valor associado ao consumo de experiências parece ser mais “vantajoso” e atraente e, por isso, traz mais felicidade do que acumular peças de roupas, por exemplo. Viviane Mosé lembra que, na sociedade atual, passamos cada vez mais a consumir o valor, e não o produto. “A geração X viveu um certo mito da meritocracia, uma época de curva ascendente de crescimento econômico na qual existia no horizonte a ideia de que todo mundo poderia ficar rico e consumir muito. Hoje sabemos que não existe espaço para tudo isso. A geração Y, também chamada de millenials, baixou um pouco suas expectativas com relação aos bens materiais. Com as informações sobre os limites do meio ambiente, passaram a dar menos valor para isso, e a relação com o consumo foi ficando mais focada em um outro lifestyle, que tem a ver com o consumo de experiências e de serviços”, diz Lena Maciel, da Box 1824.

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dicas-astral-em-casa-garimpo (Foto: Marcelo Magnani / Editora Globo Projeto de Valeria Blay)

(Foto: Marcelo Magnani / Editora Globo Projeto de Valeria Blay)

Compre consciente
Será que uma determinada peça vai te deixar feliz mesmo sabendo dos impactos que a produção dela gera na sociedade ou no meio ambiente? Nunca antes foi tão importante fazer escolhas de maneira consciente na hora de comprar. E ter informação é essencial para essa mudança de comportamento. Pergunte-se sempre: o que aquele objeto pode fazer por você, pela sua casa e pelo planeta.

Pegue coisas emprestadas
Vai usar uma vez por mês aquele cortador de grama? Bom, talvez seja melhor pedir emprestado para seu vizinho do que comprar um... Pode ser uma oportunidade para fazer contato, gerar empatia e não entulhar o armário com coisas que vão ser pouco usadas. A economia compartilhada ou consumo colaborativo já é uma realidade: os brasileiros descobriram que ter acesso a algo é tão compensador quanto a posse; que dividir é melhor do que acumular. “As feiras de trocas estão dando certo não sob uma perspectiva utilitária apenas, mas porque ali acontece um ganho, um vínculo, um grande valor afetivo agregado”, conta Lena Maciel, da Box 1824. Compartilhar faz bem, é econômico e deixa a gente mais feliz! A plataforma on-line Tem Açúcar?, por exemplo, estimula trocas e doações de objetos entre vizinhos. No Bliive, o seu tempo é o ouro do negócio: precisa de uma ajuda para arrumar seu armário? Para podar e adubar suas plantas? Pense no que sabe fazer e troque pelo que precisa. Sem dinheiro envolvido, a relação fica sempre mais horizontal e amigável.

Garimpe
A gaveta da sua avó e a feira de antiguidades podem esconder verdadeiros tesouros e trazer para a decoração um alto valor agregado a baixo custo. Além disso, ter em casa elementos com história e memória é algo que traz conforto. Misturar o novo e o velho também é uma chance de criar contrastes e surpreender com um toque inesperado para o ambiente.

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