• Por Casa e Jardim Online
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Paulo-Archias-Mendes-da-Rocha (Foto: Casa e Jardim)

O living visto do ambiente de estudo e trabalho do arquiteto, uma visão panorâmica, com duas poltronas moles em primeiro plano (Foto Casa e Jardim)

Um violento contraste entre a Casa do Bandeirante, tombada pelo Patrimônio Histórico, e uma residência moderna, construída em concreto aparente, marca profundamente quem chega pela primeira vez ao Bairro do Butantã, em São Paulo.

Embora frente a frente com um monumento histórico, é a construção contemporânea que domina a paisagem e impressiona mais o observador. O arquiteto P. A. Mendes da Rocha (o P. A. é de Paulo Archias), que a construiu para uso próprio, explica o seu projeto como a intenção de torna-la o habitat que lhe parecia mais válido e atual, uma síntese das experiências arquitetônicas. – A casa que construí – diz – não restringe ninguém de um modo de vida especifico e definitivo. Está mais ligada às possibilidades das coisas que se farão do que a uma fórmula atual e pretenciosa, estática, apoiada nos costumes, como por exemplo em relação à vida das crianças dentro de uma casa. Na minha, procurei ligar as crianças ao que enfrentarão fatalmente na vida real, e não submetê-las a uma proteção às vezes constrangedora.

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Paulo-Archias-Mendes-da-Rocha (Foto: Casa e Jardim)

O living do ângulo da sala de jantar, aparecendo sofá duplo de concreto, com almofadões de crina e algodão. (Foto Casa e Jardim)

– As soluções da planta são de grande liberdade. Optei pelo concreto aparente porque o acho um material de grande versatilidade. No entanto eu não renuncio a nenhuma das técnicas mais avançadas de construção: cristal temperado, sistema de canalização e aquecimento dos mais eficientes possíveis e revestimento à base de resinas plásticas resolvem o projeto sem ultrapassar os limites do essencial.

– A ideia central do projeto – Continua Mendes da Rocha – é a rejeição do supérfluo em favor da beleza, da limpidez das formas e da clara intenção plástica. A mobília funciona como equipamento complementar e aparece naturalmente a partir do espaço que decorre do desenho, já adequadamente organizado. Alguns desses espaços estão tão marcados que certas peças participam do próprio projeto, como por exemplo planos de trabalho, bancos e mesas. Assim, a casa é comunicante, porque faz o espaço render o máximo e se definir com nitidez.

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Paulo-Archias-Mendes-da-Rocha (Foto: Casa e Jardim)

Porta de entrada, diante do corredor de circulação. À direita, outro ângulo do prolongamento do living, onde as crianças brincam. (Foto Casa e Jardim)

Finalmente, o Arquiteto P. A. Mendes da Rocha faz uma afirmação que talvez seja a pedra angular de sua concepção:

– A casa não é o lugar de morar; o homem mora nas cidades. As casas são apenas um dos equipamentos das cidades.

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Paulo-Archias-Mendes-da-Rocha (Foto: Casa e Jardim)

No prolongamento do living, mesa longa onde as crianças estudam e todos trabalham. Sobre esta bancada, o aparelho de televisão. (Foto Casa e Jardim)

Paulo-Archias-Mendes-da-Rocha (Foto: Casa e Jardim)

Quartos dos garotos – três meninos e uma menina, com 4, 7, 12 e 13 anos, respectivamente. Nos três, uma constante: cama simples, em madeira, e escrivaninha em concreto aparente.a (Foto Casa e Jardim)

Paulo-Archias-Mendes-da-Rocha (Foto: Casa e Jardim)

Fachada lateral que corresponde ao acesso de serviço. Escada em balanço (Foto Casa e Jardim)

Paulo-Archias-Mendes-da-Rocha (Foto: Casa e Jardim)

Quarto do casal, iluminado profusamente por abertura centralizada no teto. Comunicação para o terraço através de portas-venezianas de correr. (Foto Casa e Jardim)

Paulo-Archias-Mendes-da-Rocha (Foto: Casa e Jardim)

Banheiro com ducha comum aos quartos dos três garotos. Chuveiro embutido em concha de concreto protegida internamente por tinta plástica. (Foto Casa e Jardim)

Paulo-Archias-Mendes-da-Rocha (Foto: Casa e Jardim)

Cozinha inteiramente aberta, vista da entrada de serviço. Armários sem portas deixam tudo em evidência. (Foto Casa e Jardim)

Paulo-Archias-Mendes-da-Rocha (Foto: Casa e Jardim)

Diagramação original da matéria publicada em janeiro de 1968 (Foto Casa e Jardim)