Decoração
Uma casa dentro do jardim
Reformada pela arquiteta e paisagista Daniela Ruiz, esta casa de 400 m2 é cercada pelo vasto jardim. Confira a decoração escandinava, objetos orientais e muito verde
3 min de leitura"Compramos essa casa, reformamos e tudo demorou muito. Foi ótimo.” Em tempos de velocidade e pressa, conversar com a arquiteta e paisagista Daniela Ruiz durante um dia chuvoso, em sua casa no bairro Pacaembu, São Paulo, é um sopro de esperança. Vestindo calça legging e tênis, a moradora recebeu Casa e Jardim enquanto almoçava, às quatro e meia da tarde. “Desculpa, só consegui parar agora”, diz. Nas duas horas de entrevista, ela falou sobre a casa de 400 m², erguida nos anos 1930 e totalmente repaginada, quase sem paredes, abraçada por um jardim com horta, bananeira e plantas de sombra. No sofá, na área da lareira ou no balcão da cozinha. Tanto faz. Na casa da Dani, você está sempre no jardim. Os janelões de vidro com portas de correr são os responsáveis por trazer o exuberante verde para o lado de dentro.
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Casada com o empresário Arthur Hirsch, sócio da Ethnix, importadora de móveis e acessórios orientais, ela aponta que o trabalho do marido está presente na decoração. Escolhidas sem afobação no decorrer de anos, relíquias asiáticas ocupam os ambientes, ora como protagonistas – caso da mesa de jantar, contrastada com o par de pendentes de design escandinavo –, ora como coadjuvantes. O gaveteiro indiano de fontes gráficas de linotipo, posicionado próximo da entrada e utilizado como porta-tudo, é um bom exemplo.
A metragem do imóvel permitiria arroubos decorativos. Mas o que se vê é o oposto. Em toda a casa há apenas uma estante. Feita de material simples – compensado naval –, ela abriga todos os livros do casal. “Não acumulamos coisas. Fiz questão de abolir o quartinho de despejo”, conta Dani, que teve como braço-direito sua mãe, Maria do Rosario Rocha, também arquiteta e paisagista. Outra preocupação da moradora foi reverter a predisposição imponente da casa, mantendo os espaços livres, apenas com móveis necessários. Entre o living e a sala de jantar, uma passagem recebeu tapete, almofadas, pufes e tornou-se área de convívio. Fica perto da lareira, onde ela ensina as filhas a sentar no chão e preparar o chá.
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Tempo. O tempo do jardim, o tempo da casa, o tempo de ler este texto até o final. Esse é o tema ao qual a moradora tem se dedicado, em leituras e reflexões. “Gosto da decoração incompleta. Não sei fazer o que as pessoas chamam de ‘mobiliar’, no sentido de resolver uma pendência”, diz. Depois de ser mãe pela segunda vez – dois partos naturais –, ela decidiu trabalhar em casa e questionar a velocidade da era digital. Essa maneira de pensar já se reflete em seus novos projetos. Eles partem do estudo aprofundado do cliente e da construção do jardim arquetípico: mais do que bonitas, as plantas devem fazer sentido para você. “Precisamos voltar a entender o tempo biológico da vida. O contato com o verde e com os filhos nos ensina isso”, afirma.
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Só na nossa casa tem...
“O silêncio necessário para que eu possa escutar, todos os dias, o canto dos pássaros e as crianças brincando.” | “Um bocadinho de todos os meus amores...” | “A liberdade que me inebria e me traz entusiasmo para a vida.” | “Minha casa é o meu laboratório, onde experimento livremente os espaços, os modos, as cores e as plantas.” por Daniela Ruiz