• Texto Stéphanie Durante | Realização Nuria Uliana | Fotos Lufe Gomes
Atualizado em
Sem medo de mudar (Foto: Lufe Gomes)

A moradora Daniela está no sofá da Artefacto Basic, na área da sala ampliada na última reforma. Com a retirada do forro do gesso, a viga ficou aparente no teto. Sobre o assoalho de amêndola, da Indusparquet, tapetes da Botter e da By Kamy. Escada, da Benedixt. Cadeira Pantosh, da Lottoog Design para a Dpot (Foto: Lufe Gomes)

A casa é um reflexo do estilo de vida dos moradores e, por isso, ela vai se adaptando com o passar do tempo. As prioridades mudam e com elas se alteram também as cores das paredes, os acabamentos, os móveis... Este apartamento decorado de 120 m², na Vila Madalena, em São Paulo, é uma prova disso. Em pouco mais de uma década, ele passou por três reformas para se adequar às diferentes fases de vida da família.

Sem medo de mudar (Foto: Lufe Gomes)

Na sala próxima à varanda, o antigo sofá foi revestido com lona, da JRJ Tecidos. Almofadas de tricô, da Empório Beraldin. A mesa lateral, do designer Pedro Useche, ficava na casa de praia da família. Luminária, da Dominici (Foto:
Lufe Gomes)

“Há 11 anos nos casamos e esse foi nosso primeiro apartamento. Antes de virmos para cá, abrimos um dos três quartos para aumentar a sala”, diz Daniela Berland. Formada em administração de empresas, ela sempre gostou de design e arquitetura e tocou essa obra sozinha. Seis anos depois, quando o segundo filho do casal nasceu, um dormitório voltou a ser fechado e a parede, que dividia a cozinha e a sala, foi demolida. Nessa reforma, a moradora teve a ajuda do arquiteto Nelson Kabarite.

No começo do ano passado, surgiu novamente a vontade de mudar. “Sentíamos falta de uma sala maior, para receber os amigos. Chegamos a procurar um imóvel novo, mas não gostamos de nada. E ainda iríamos gastar muito mais para trocar de apartamento. Resolvemos então encarar outra reforma”, lembra Daniela.

Ela se debruçou sobre as plantas do apê e, após seis meses de muita inspiração e pesquisa de referências, desenvolveu o novo projeto: derrubou as paredes entre a sala, a cozinha, área de serviço e as dependências de empregada. Assim, a família conquistou o living de 50 m².

Sem medo de mudar (Foto: Lufe Gomes)

Depois da terceira reforma, a cozinha e as salas de estar e de jantar formam um só ambiente. Sobre a mesa da Dpot, objetos da Benedixt (Foto: Lufe Gomes)

Para integrar os ambientes, o assoalho de madeira da sala foi aplicado em toda a área. Com a retirada do forro de gesso no teto, o pé-direito ficou mais alto. Nos fundos da cozinha, Daniela criou uma porta de correr que esconde o tanque e a máquina de lavar. Ao lado, ela fez um lavabo.

Sem medo de mudar (Foto: Lufe Gomes)

Com a demolição de algumas paredes, a moradora conseguiu ampliar a área da cozinha para receber a mesa de jantar que acomoda até 10 pessoas. Cadeiras Masters, do designer francês Philippe Starck para a Kartelli, trazidas de viagem aos Estados Unidos. Armários, da Florense, e réguas de luz, da Reka. Bancos, da Madera Um (Foto: Lufe Gomes)

Essa decoração de apartamento também foi repaginada. Como a sala é um ambiente multiuso, a moradora deu preferência a peças versáteis, que podem ter diferentes funções, como a escada apoiada junto à porta de entrada. Além de decorativa, é usada para apoiar bolsas e casacos. A mesa de jantar, que acomoda até dez pessoas, segue a mesma linha: é composta por cadeiras e bancos, que transitam pelo living nas festas.

A experiência das reformas por conta própria deu tão certo que Daniela se matriculou em um curso de design e começou a trabalhar em um escritório de arquitetura. “Sempre tive vontade de atuar nessa área e leio bastante sobre o tema. Após 15 anos de carreira, decidi recomeçar do zero. É um desafio apaixonante”, diz a futura designer de interiores.

Sem medo de mudar (Foto: Lufe Gomes)

Sob a cama de Thomaz, 4 anos, almofadas da Designers Guild para a Empório Beraldin. Poltrona comprada por Daniela, quando morava na casa de seus pais. Abaixo, porta-retratos contam a história do garoto. O banheiro das crianças ganhou a banheira de alvenaria revestida de mármore, feita sob medida (Foto: Lufe Gomes)

Quatro surpresas da obra

1. A cozinha foi inteiramente aberta para a sala e, por isso, só ficou com uma parede de armários. “Sinto falta de ter mais espaço para guardar, mas aprendi a conviver com o desapego. Se compro uma coisa nova, acabo doando outra”, conta Daniela.

2. Outro problema que a integração trouxe: a cozinha precisa estar sempre impecável. A solução dos moradores foi investir em uma lava-louças. “Após receber os amigos em casa para jantar, coloco tudo na máquina. Assim não fica aquela bagunça toda sobre a pia.”

3. Na última reforma, Daniela retirou o gesso do teto para aumentar o pé-direito do living. Foi aí que ela descobriu uma viga bem no meio da cozinha. “Resolvi deixar aparente mesmo, só passei um verniz fosco para dar acabamento.”

4. A retirada do gesso trouxe mais uma dúvida: como trabalhar a iluminação? Para padronizar, eles optaram por réguas de luz.

Sem medo de mudar (Foto: Lufe Gomes)

Giovana, 6 anos, brinca com as bandeirolas que decoram seu quarto. As peças e o tapete são da Panaceia. Sobre a cama, desenhada pelo arquiteto Nelson Kabarite, almofadas da Farm e da Designers Guild para a Empório Beraldin (Foto: Lufe Gomes)

Números da reforma
Tempo de obra

6 meses (projeto) + 3 meses (execução)
Total: 9 meses

Profissionais envolvidos
1 empreiteiro, 4 pedreiros, 2 eletricistas e 1 pintor.

Paredes eliminadas
Sete: as do quarto e banheiro de empregada, da área de serviço e uma na cozinha.

Paredes construídas
Três: para criar a nova lavanderia e o lavabo.

Caçambas de entulho
Foram 6.

Sem medo de mudar (Foto: Lufe Gomes)

No quarto do casal, a parede recebeu tratamento com massa de cimento e uma demão de verniz, igual a da sala de estar. Cabeceira de madeira laqueada. Roupa de cama, da Ari Beraldin. Sob o banco Tolix, que faz as vezes de criado-mudo, luminária, da Dominici (Foto: Lufe Gomes)