• Por Leo Romano
Atualizado em
A poltrona Chifruda é um dos destaques da sala colorida do arquiteto Leo Romano, em Goiânia (Foto: Victor Affaro/ Editora Globo)

A poltrona Chifruda é um dos destaques da sala colorida do arquiteto Leo Romano, em Goiânia (Foto Victor Affaro/ Editora Globo)

Venho arquiteto de outras vidas. Com 46 anos de idade, trago comigo mais da metade deles dedicado ao estudo arquitetônico. Acredito que nas “outras” vidas que tive, vidas que anteciparam minha escolha profissional, existia timidamente um arquiteto. Arquiteto menino, ao observar e ajudar a mãe nas tarefas de casa. Arquiteto adolescente, quando tomado pela posse do primeiro quarto, daqueles que pega a caneta e papel e desenha tudo, incluindo armários.

Não sei ao certo o dia em que decidi me tornar arquiteto. Sei do prazer em sentar e rabiscar cada nova ideia, do prazer em buscar nas minhas viagens a confidência silenciosa dos edifícios. Meu interesse por arquitetura transformou o arquiteto e a pessoa em um único ser. Acordo, passo o dia e sonho com o meu trabalho. Tenho a sorte de encontrar no ofício da criação, um dos grandes prazeres da minha vida.

+ LEIA MAIS: MARCENARIA: 13 SOLUÇÕES PARA APROVEITAR MELHOR OS ESPAÇOS

Living. A mesa-livreiro Gangorra, design de Leo Romano, dá personalidade ao estar, com livros e objetos afetivos do morador. Atrás, quadros dos artistas goianos Marcelo Solá e Pitágoras (Foto: Lufe Gomes / Editora Globo)

A mesa-livreiro Gangorra, design de Leo Romano, dá personalidade ao estar, com livros e objetos afetivos do morador. Atrás, quadros dos artistas goianos Marcelo Solá e Pitágoras (Foto Lufe Gomes / Editora Globo)

Gosto de uma arquitetura para o bem. De pequenas a grandes intervenções, vejo neste exercício, um caminho para a transformação e também para a felicidade. Talvez, por isso, batalho diariamente para colaborar na construção de espaços melhores no meu dia a dia. Contamino com minhas ideias e ações minha equipe e amigos de toda ordem. Estou à postos quando solicitado em ações sociais nas quais um desenho meu se torna agente transformador de um modo de vida.

Busco na arquitetura que faço uma cumplicidade de vida. Procuro ser leve e me interesso muito pelas emoções e pelos sentidos. Gosto de ser único e valorizo minha identidade. Sou sincero e honesto. Transmito para meus projetos esses valores. Vejo a boa arquitetura como um bom amigo, daqueles que a gente quer estar sempre junto e dos quais nunca nos cansamos.

+ LEIA MAIS: BLOGUEIRA CONSTRÓI MINICASA COM APENAS 2,5 M DE LARGURA

Casa de 495 m² em Quirinópolis, Goiás. Projeto do arquiteto Leo Romano (Foto: Edgard César/Divulgação)

Casa de 495 m² em Quirinópolis, Goiás. Projeto do arquiteto Leo Romano (Foto Edgard César/Divulgação)

Mais do que abrigos, projeto lares e edifícios para traduzir jeitos de viver de pessoas que acreditam poder mostrar através da arquitetura e seus elementos, sua maneira de ser.  Casas que guardam a identidade de seus habitantes. Quando estamos diante de diversas obras de arquitetura, por vezes, temos sentimentos cuja origem não sabemos ao certo. Pode ser de alegria, curiosidade, admiração, inquietação. Não sabemos verbalizar algo que nos toca de tantos modos. Mas, estabelecemos com os edifícios certos valores e predileções que nos ajudam a formatar o nosso ideal estético, funcional, e também de vida.

Segundo o filósofo suíço Alain de Botton, as pessoas são profundamente influenciadas pela arquitetura à sua volta, seja a do lar, a do ambiente de trabalho ou mesmo a das ruas. Ele acredita que o ambiente afeta as pessoas de tal modo que não seria exagero dizer que a arquitetura é capaz de estragar ou melhorar a vida afetiva ou profissional de alguém.

+ LEIA MAIS: EDIFÍCIO COPAN: APÊ TEM ESTILO INDUSTRIAL E AMBIENTES INTEGRADOS

O arquiteto Leo Romano manteve as árvores no terreno em declive e projetou o paisagismo com plantas tropicais e espelho-d’água com queda para a piscina. Assim, as áreas internas e externas parecem se confundir (Foto: Victor Affaro/Casa e Jardim)

O arquiteto Leo Romano manteve as árvores no terreno em declive e projetou o paisagismo com plantas tropicais e espelho-d’água com queda para a piscina. Assim, as áreas internas e externas parecem se confundir (Foto Victor Affaro/Casa e Jardim)

Eu tenho a sorte de morar e trabalhar em lugares que me representam. Em meu primeiro texto para Casa e Jardim, deixo registrado o meu desejo de falar de espaços construídos capazes de nos deixar felizes. Assim como para o filósofo, acredito que cada obra de arquitetura expõe uma visão de felicidade. É esta visão e esta felicidade que pretendo compartilhar com vocês. Até o mês que vem!

+ LEIA MAIS: ARQUITETO TRANSFORMA ANTIGA FÁBRICA DE CIMENTO EM ESCRITÓRIO

leo-romano-colunista (Foto: Casa e Jardim)


Leo Romano
@leoromanoarquitetura