• Texto Nathalia Fabro
Atualizado em
A chef Bel Coelho no salão do Cuia, localizado dentro da livraria Megafauna, no térreo do Copan, ícone arquitetônico de São Paulo (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

A chef Bel Coelho no salão do Cuia, localizado dentro da livraria Megafauna, no térreo do Copan, ícone arquitetônico de São Paulo (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

Desde criança, a paulistana Bel Coelho sente intimidade com a cozinha. Quando escolheu sua profissão, decidiu facilmente cursar Gastronomia e embarcou para Nova York, nos Estados Unidos, onde se formou pelo The Culinary Institute of America.

De volta ao Brasil, trabalhou no D.O.M., de Alex Atala, no Madeleine e no Sabuji. Consagrou-se como uma das chefs mais conhecidas do país a partir do Clandestino, projeto que oferecia menus-degustação que valorizavam produtos nativos – conceito que ela ainda carrega e é o mote de sua nova empreitada, o Cuia Café e Restaurante

O Cuia Café e Restaurante funciona das 10h às 22h e oferece quitutes e refeições para vários momentos do dia (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

O Cuia Café e Restaurante funciona das 10h às 22h e oferece quitutes e refeições para vários momentos do dia (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

O estabelecimento fica na livraria Megafuna, no térreo do edifício Copan, ícone da arquitetura paulista. A capacidade é baixa devido ao pequeno espaço: são poucas mesas na parte interna e na calçada ao lado, de onde é possível desfrutar do clima tipicamente urbano de São Paulo.

Assim como o nome do restaurante indica, as receitas do Cuia Café são servidas em pequenas cuias (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

Assim como o nome do restaurante indica, as receitas do Cuia Café são servidas em pequenas cuias (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

O cardápio foi pensado para contemplar diferentes momentos do dia, como café da manhã, brunch, almoço, lanche, happy hour e jantar. “A dona da livraria, Fernanda Diamant, me chamou para uma consultoria, mas acabei ficando de vez por causa da pandemia. Ela queria um café que tivesse refeições de qualidade e acessíveis, além de drinques ao anoitecer. Por isso, abrimos das 10h às 22h”, conta Bel. 

Tempurá de lula na tapioca com ponzu de uvaia (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

Tempurá de lula na tapioca com ponzu de uvaia (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

Todas as receitas (para ler as da matéria, clique nas fotos) são feitas com alimentos nativos. Há o tempurá de lula na tapioca e ponzu de uvaia (R$ 39), indicado como entrada ou petisco. De prato principal, o baião de dois com feijão-manteiguinha, pimenta-de-cheiro, abóbora defumada e linguiça artesanal (R$ 53) é democrático, visto que pode ser feito nas versões vegetariana e vegana

Baião de dois com farinha-d’água e feijão-manteiguinha (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

Baião de dois com farinha-d’água e feijão-manteiguinha (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

“Primeiro busco intimidade com esses produtos, porque nem sempre os conheço, e depois testo técnicas para usá-los nas receitas. E faço um 'trabalho de formiguinha' de falar deles com produtores, fornecedores e o público em geral, pois vários ingredientes brasileiros estão em extinção ou correndo riscos, como o jaracatiá, o licuri, o cambuci e o palmito-juçara”, ela afirma. 

Mousse de chocolate, doce de bacuri, creme de cumaru e farofa de castanha-do-pará (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

Mousse de chocolate, doce de bacuri, creme de cumaru e farofa de castanha-do-pará (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

Na cartela de bebidas há cafés especiais, chás, kombuchas, sucos e drinques com frutas nativas, como o Treme, feito com bourbon, angostura, limão, espuma de jambu e pó de jabuticaba (R$ 38). 

Receita do drinque Treme é sofisticada e saborosa (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

Receita do drinque Treme é sofisticada e saborosa (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)

O interesse de Bel pela gastronomia brasileira a acompanha desde a faculdade, e quando viajou o país para gravar o programa Receita de Viagem, ela passou a estudar cada vez mais os alimentos regionais e os não convencionais. “A hegemonia ditada pela indústria de produzir e só comprar alguns produtos, geralmente europeus, provocam a extinção ambiental e cultural. A produção de alimentos nativos é melhor para a manutenção das florestas e a agroecologia”, diz.

Além da natureza, a chef inspirou-se no modernismo do Copan para definir o estilo do Cuia. “Gosto de arquitetura e do Oscar Niemeyer, e isso se traduz na apresentação minimalista dos pratos. Esse interesse já influenciava meus trabalhos anteriores”, comenta. É o caso do Clandestino, no qual ela planejava a comida, a decoração, a trilha sonora e os detalhes das mesas. 

A chef Bel Coelho, responsável pela cozinha do Cuia Café e Restaurante (Foto: Fernando Moraes / Divulgação)

A chef Bel Coelho, responsável pela cozinha do Cuia Café e Restaurante (Foto: Fernando Moraes / Editora Globo)