Negócios
PUBLICIDADE

Por Silvia Rosa — São Paulo


Quando um dono reassume funções executivas, normalmente é sinal de que uma companhia está com problemas. No caso da Ambipar, não é bem assim. Há o que melhorar mas, apesar de o fundador Tércio Borlenghi Jr. estar voltando à cadeira de CEO, ele nunca esteve afastado do dia a dia do negócio ainda que seu cargo oficial fosse presidente do conselho. A decisão de retomar a presidência executiva não se trata de correção de rota, mas sinaliza que Tércio quer dar outro ritmo à execução das estratégias, numa companhia que passou por transformações recentes. As mudanças no comando também acenam para a sucessão na empresa.

Gestores ouvidos pelo Pipeline dizem que o empresário quer manter a empresa competitiva e aumentar a receita com a mesma base de clientes, além de reduzir o tamanho da dívida, uma vez que a despesa financeira pesou no resultado do primeiro trimestre.

A empresa de gestão ambiental apresentou prejuízo líquido de R$ 110,9 milhões no primeiro trimestre, revertendo lucro líquido de R$ 48,9 milhões de um ano antes, impactada pelo resultado financeiro que ficou negativo em R$ 182,9 milhões. A piora nessa linha do balanço se deve ao aumento de 74,2% na dívida líquida em 12 meses, que somou R$ 3,9 bilhões ao fim de março.

Ambipar: após mais de 40 aquisições desde o IPO empresa enfrenta desafio de ampliar as receitas com clientes — Foto: Reprodução
Ambipar: após mais de 40 aquisições desde o IPO empresa enfrenta desafio de ampliar as receitas com clientes — Foto: Reprodução

Para reduzir o tamanho da dívida e alavancagem financeira que estava em 3,39 vezes em março, na opinião de um gestor que é acionista da empresa, ou a Ambipar terá que usar o caixa de R$ 3 bilhões para recomprar parte da dívida ou poderá fazer uma oferta de ações quando melhorarem as condições de mercado. “Acho que a empresa vai usar o caixa para pagar parte da dívida porque, com a alavancagem financeira alta e perto do limite dos covenants, não tem espaço para novas operações de fusão e aquisição”, disse o gestor.

A Ambipar pode usar a recompra de parte da dívida para renegociar alguns limites de alavancagem presentes nas emissões de debêntures (covenants), que eram de até 3,5 vezes.

A queda da taxa básica de juros esperada para o segundo semestre pode trazer um alívio para o pagamento de juros das dívidas, que são em boa parte atreladas ao CDI, mas a companhia ainda precisa aumentar a geração de caixa e ampliar a receita com a base de clientes. A empresa tem espaço para ampliar os contratos com a atual base de clientes, já que presta serviço para algumas fábricas das empresas atendidas e pode expandir essa atuação para outras unidades.

O desafio será oferecer um preço competitivo para ganhar da concorrência. “A oferta da Ambipar se diferenciava no mercado porque oferecia um adicional de ESG para os clientes Mas , com aumento da taxa de juros, as empresas estão mais sensíveis a preço”, disse um gestor comprado no papel.

O retorno de Tércio como CEO é visto como sinalização positiva. A Ambipar foi fundada por ele em 1995 com o objetivo de atuar no gerenciamento de resíduos. Desde então, a companhia expandiu suas operações e hoje conta com duas subsidiárias: a Ambipar Environmental ESG, especializada em soluções ambientais, e a Ambipar Emergency Response, que atua na gestão de crises e no atendimento a emergências.

A companhia abriu capital em julho de 2020. Em março deste ano, a empresa concluiu a combinação de negócios entre a Ambipar Response, sua controlada, e a HPX uma Spac (sociedade de aquisição de propósito específico, na sigla em inglês), que possui ações negociadas na Bolsa de Nova York.

Na reestruturação da diretoria anunciada ontem, alguns executivos da SPAC assumem posições nas empresas. Rafael Espírito Santo, que era CFO da Response assume como CEO da empresa no lugar de Yuri Keiserman. Pedro Petersen, outro ex-HPX que era o RI da Response, passa a ser o CFO. “Isso mostra que a combinação de negócios com a SPAC não era apenas por dinheiro”, disse o gestor.

A saída de Keiserman chamou a atenção do mercado, já que ele comandou boa parte das 42 aquisições que a empresa realizou desde o IPO. A nomeação de Guilherme Patini Borlenghi , filho de Tércio e que estava como COO da Response, para COO da Ambipar sinaliza o primeiro passo para a sucessão.

Mais recente Próxima No M&A do ovo, Granja Faria compra Katayama e vira líder
Mais do Pipeline

Sylvia Leão, ex-VP de RH do GPA e Carrefour, também integra o grupo, além de membros que já estavam na administração de cada companhia

Arezzo + Soma: Azzas 2154 traz Guilherme Benchimol, Pedro Parente e Anna Chaia para o conselho

Empresa concluiu a aquisição de quatro parques eólicos da Contour e Eletrobras

Essentia, do Pátria, está perto do primeiro bilhão em renováveis

Afetada por fluxo menor em aeroportos, rede ficou sem pagar impostos e teve crédito negado pelo Itaú

Antes de pedido de RJ, Casa do Pão de Queijo fechou 19 filiais

Joint venture com BV continuará com asset management

Bradesco vai incorporar gestão de fortunas da Tivio Capital

Controladora e gestora japonesa lideraram aporte

Eve, da Embraer, capta US$ 94 milhões

Novo disco mostra o artista, aos 88, ainda mais afiado

O universo em ebulição de Hermeto Pascoal

"O que aprenderíamos se tudo desse certo sempre?", questiona a historiadora de arte

Do erro à falta de sorte: como os criativos encaram a frustração

Abertura de marcas relacionadas ao Frutaria São Paulo foi alvo de decisão liminar e multa diária

Em novo capítulo da briga de sócios, Justiça manda fechar Frutaria Beach

Reestruturação da companhia após a privatização e perspectiva de distribuição de dividendos sustentam otimismo do banco

BB inicia cobertura de Eletrobras com compra: "a gigante verde acordou"

Gestoras estão receosas com CRIs na modalidade built to suilt após empresas pararem de pagar aluguel

Casos Vibra e Cogna deixam fundos imobiliários com pé atrás