O que Miguel Gutierrez disse ao comitê de investigação da Americanas

Ex-CEO da varejista teria coordenado fraude com outros diretores, segundo a companhia

Por Maria Luíza Filgueiras — São Paulo


Assessores jurídicos da Americanas sacramentaram hoje, por meio de um fato relevante, que o ex-CEO Miguel Gutierrez engendrou uma histórica fraude na companhia. Chamou atenção que o relatório não veio do comitê independente formado para a investigação do caso, mas de advogados da empresa que citam acesso a um relatório preliminar do comitê e a dados não auditados. Mas afinal, qual a resposta de Gutierrez para as rubricas e contratos que a Americanas aponta como artificiais ou não autorizados? E o que ele diz sobre suas conexões com o conselho e o comitê de auditoria?

Nem o comitê independente sabe. Segundo fontes próximas, Gutierrez fez ao menos três solicitações para ser ouvido no processo de apuração, mas foi informado pelo comitê que ainda não era hora de ouvi-lo e ele seria chamado em momento oportuno.

Aparentemente atropelado por assessores jurídicos da varejista num relatório que blinda o board, o comitê independente ainda vai apresentar seu relatório de investigação nos próximos meses. Outro ponto que chamou a atenção dos investidores mais atentos no recorte de narrativa feito pela Americanas é que a companhia de certa forma modifica a explicação para o rombo, em relação ao que tinha reportado no primeiro fato relevante sobre o tema, em janeiro, e também não faz distinção entre empresas - calcula a fraude no balanço consolidado, enquanto as empresas física e on-line operavam separadas até 2021, sem apontar a origem exata da fraude em cada operação.

— Foto: Dado Galdieri/Bloomberg
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