A uma semana do vencimento de uma dívida de US$ 548 milhões (cerca de R$ 3 bilhões) em títulos emitidos no exterior, a Intercement corre para tentar fechar a venda das operações no Brasil e na Argentina para a CSN. As companhias ainda não chegaram a um acordo, que depende da aprovação dos credores da Intercement, e podem acabar acertando a transação já num contexto de recuperação extrajudicial da vendedora, apurou o Pipeline.
Um dos entraves é que a CSN assumiria, na negociação, parte da dívida da Mover com o Bradesco, que é garantida por ações da antiga Camargo Corrêa na CCR - e a Mover quer ficar com parte dessas ações liberadas, o que desagrada o credor, segundo fontes. O banco tem em garantia ações que representam 14,86% do capital da operadora de rodovias e tem ainda um contrato de opção de venda de ações equivalente a 4,27% da Intercement Participações.
"Além disso, a CSN quer fazer a transação toda financiada, mas acho difícil não colocarem dinheiro", disse uma fonte próxima ao assunto.
A Intercement assinou um acordo de exclusividade com a CSN por R$ 10 bilhões, que vence em 12 de julho. A transação precisa da aprovação dos bancos credores - além de Bradesco, Banco do Brasil e Itaú, cujos créditos estão garantidos por ações da Loma Negra, operação na Argentina - e dos bondholders, que não têm garantias e temem um haircut.
![Intercement negocia a venda das operações no Brasil e Argentina para a CSN — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-pipelinevalor.glbimg.com/d9sWdRpYm_wsCvGOcKTWImgBXec=/0x0:1024x681/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_b3309463db95468aa275bd532137e960/internal_photos/bs/2021/N/D/cLUF9pT0qAzqgzQhAmnA/concreto-convencional-1024x681.jpg)
Os bancos, que tinham uma dívida de R$ de 4,5 bilhões contra a Intercement Participações no primeiro trimestre, vêm rolando o vencimento de pagamentos das debêntures, que só neste ano somavam R$ 1,6 bilhão entre principal e juros.
Diante do impasse até o momento, a própria Intercement vem considerando a possibilidade de negociar a transação de venda dentro de uma recuperação extrajudicial se não conseguir chegar a um acordo, uma vez que o não pagamento dos bonds aceleraria o vencimento da dívida dos bancos.
A Intercement não precisa da aprovação dos bondholders para aprovar uma recuperação extrajudicial, já que os bancos detêm a maior parte da dívida. Mas fontes próximas à empresa acreditam que ainda é possível chegar a um acordo com a CSN antes dos vencimentos dos papéis.
No primeiro trimestre, a Intercement Participações que controla a Intercement Brasil, tinha apenas R$ 1,4 bilhões em caixa. Procurada, Intercement não comentou e CSN não retornou ao pedido de entrevista até o momento da publicação.