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Por O GLOBO — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 03/07/2024 - 14:34

Risco de doença ocular com Ozempic e Wegovy

Novo estudo de Harvard associa remédios Ozempic e Wegovy a risco maior de doença ocular rara que pode levar à cegueira. Resultados apontam aumento do risco em pacientes com diabetes tipo 2 e obesidade. Fabricante Novo Nordisk afirma priorizar a segurança dos pacientes. Novas pesquisas são necessárias para confirmar a relação.

Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Harvard encontrou uma ligação entre o uso de Ozempic e de Wegovy, remédios da farmacêutica Novo Nordisk indicados para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, e um risco mais de 7 vezes maior para uma doença chamada neuropatia óptica isquêmica anterior-não arterítica (NOIA-NA), condição rara que pode levar à cegueira.

O trabalho dos cientistas do Mass Eye and Ear, hospital de Harvard dedicado à oftalmologia e otorrinolaringologia, foi publicado nesta quarta-feira na revista científica JAMA Ophthalmology. A associação é nova, e o risco não é listado como um dos possíveis efeitos colaterais na bula dos medicamentos.

"O uso desses medicamentos explodiu em todos os países industrializados e eles proporcionaram benefícios muito significativos em muitos aspectos, mas discussões futuras entre um paciente e seu médico devem incluir a NOIA-NA como um risco em potencial”, diz Joseph Rizzo, diretor do Serviço de Neuro-Oftalmologia do Mass Eye and Ear e professor da Universidade de Harvard, em comunicado.

No entanto, o pesquisador, que é autor do novo estudo, enfatiza que “é importante considerar que o aumento do risco está relacionado a um distúrbio (a NOIA-NA) que é relativamente incomum”, ou seja, que embora a associação deva ser levada em consideração, a ocorrência do problema é rara.

Os cientistas decidiram investigar o assunto em meados de 2023, quando médicos do Mass Eye and Ear notaram que três pacientes haviam perdido a visão devido à NOIA-NA em apenas uma semana. Os casos chamaram atenção pois a condição é rara, estima-se que sejam apenas 10 casos em cada 100 mil pessoas. Mas os médicos observaram uma tendência: todos os três pacientes faziam tratamento com semaglutida, o princípio ativo do Ozempic e do Wegovy.

Os especialistas da instituição decidiram então fazer uma análise retrospectiva de todos os pacientes atendidos no local em busca de uma ligação entre o diagnóstico e o uso dos remédios. Para isso, observaram dados de mais de 17 mil pacientes tratados no Mass Eye and Ear ao longo de seis anos, desde que o Ozempic foi lançado.

Eles encontraram 710 indivíduos que tinham diabetes tipo 2. Os pacientes dividiram em dois grupos, um com 194 que faziam uso de Ozempic e outro, com 516, que usava outros medicamentos para a diabetes de classes farmacológicas diferentes.

O mesmo foi feito com pacientes com obesidade: foram identificadas 919 pessoas, 361 que faziam uso do Wegovy e 618 que utilizavam outros remédios para a perda de peso. Em seguida, nos dois casos, eles compararam a incidência de novos casos de NOIA-NA entre os que usavam Ozempic ou Wegovy e os demais.

Os resultados apontaram que, ao longo de 3 anos, entre aqueles com diabetes, 8,9% dos que faziam uso do Ozempic desenvolveram a NOIA-NA, contra 1,8% dos pacientes que utilizavam outros medicamentos. O risco da doença ajustado associado ao Ozempic foi 4,28 vezes maior.

Já entre os pacientes com obesidade, a relação foi ainda mais significativa. Ao longo de 3 anos, 6,7% daqueles que utilizavam o Wegovy desenvolveram a NOIA-NA, contra 0,8% dos que faziam tratamento com outras medicações. O risco ajustado da doença associado ao Wegovy foi 7,64 vezes maior.

No geral, foram 37 casos da NOIA-NA entre os mais de 500 usuários de semaglutida, contra apenas 9 registros entre os mais de mil pacientes que usavam outros remédios.

Estudo não é definitivo

A NOIA-NA é causada pela redução do fluxo sanguíneo para o nervo óptico. Com isso, o nervo óptico é privado de oxigênio e, consequentemente, danificado, o que gera a perda de visão. De acordo com Rizzo, essa cegueira é indolor e pode progredir por muitos dias antes de se estabilizar. Além disso, há relativamente pouco potencial de melhora, já que não há tratamento conhecido.

O novo estudo é do tipo observacional, ou seja, analisou a ocorrência da doença e o uso do medicamento durante um período de tempo e buscou uma relação entre eles. Ainda que possa traçar associações importantes, ele não define que se trata definitivamente de uma relação de causa e consequência. Para isso, são necessárias mais investigações.

"Nossas descobertas devem ser vistas como significativas, mas provisórias, pois são necessários estudos futuros para examinar essas questões em uma população muito maior e mais diversificada", diz Rizzo. Uma das limitações é que o estudo foi realizado dentro de um grupo de pessoas que eram pacientes oftalmológicos,

No entanto, ele traz "informações que não tínhamos antes e devem ser incluídas nas discussões entre os pacientes e seus médicos, especialmente se os pacientes tiverem outros problemas conhecidos no nervo óptico, como glaucoma, ou se houver perda visual significativa preexistente por outras causas”, continua.

Um porta-voz da Novo Nordisk, fabricante do Ozempic e do Wegovy, disse ao jornal britânico The Guardian que “a segurança do paciente é uma prioridade máxima para a Novo Nordisk” e que a farmacêutica “leva muito a sério todos os relatos de eventos adversos decorrentes do uso de nossos medicamentos”.

"A neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica não está listada como uma reação adversa conhecida do medicamento no resumo das características do produto (SmPC) para as formulações comercializadas de semaglutide (Ozempic e Rybelsus para diabetes tipo 2 e Wegovy para controle de peso) de acordo com os rótulos aprovados”, continuou.

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