Cinema
PUBLICIDADE
Por — Rio de Janeiro

O ponto de partida é promissor: que tal uma voltinha de táxi por Paris em dia luminoso? Assim começa “Une belle course” (no original). Line Renaud, vigorosa senhora de 92 anos, célebre cantora francesa que foi do Moulin Rouge ao Waldorf Astoria, interpreta Madeleine, também nonagenária, com doloroso percurso pela frente: se entregar a uma casa de repouso.

Para se despedir da cidade que tanto amou, cenário de tantos revezes e conquistas, solicita os serviços de um motorista (Dany Boon) estressado e de poucas palavras (poderia ser diferente?). Com seus brilhantes olhos azuis e passado atribulado, Madeleine conduz o profissional por caminhos desconhecidos que levam à empatia e cumplicidade.

Na direção (do filme) Christian Carion acerta, obviamente, no cenário (fotografado com nova técnica que facilita a visão do exterior mesmo com carro em movimento) e, sobretudo, na química dos atores. É com firmeza que Madeleine reage ao baixo astral do condutor, através do relato de uma vida que se esvai, como as lembranças do primeiro amor.

Se Carion acerta no presente, embalado por afinada trilha musical, derrapa na reprodução do passado, em flashbacks com excesso de peso. No ponto final, situação melodramática e previsível. Apesar dos percalços, “Conduzindo Madeleine” compensa pelo tour e, sobretudo, pela vitalidade de uma velha dama superdigna —e seu companheiro de última viagem.

Bonequinho olha.

Mais recente Próxima 'Love lies bleeding: o amor sangra', com Kristen Stewart, é 'montanha-russa de luxúria e violência'