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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 01/07/2024 - 04:30

Desafios do Arco Metropolitano do Rio

O Arco Metropolitano do Rio completa 10 anos sem cumprir sua promessa de desenvolvimento da região, enfrentando problemas de segurança e subutilização. A rodovia não atrai investimentos e sofre com aumento de roubos de carga, impactando negativamente a economia local. Medidas de segurança estão sendo implementadas, mas desafios persistem na busca pelo desenvolvimento esperado.

Há dez anos, o Arco Metropolitano do Rio era inaugurado com a promessa de alavancar o desenvolvimento do estado e, principalmente, da região cortada pela via, além de aliviar o trânsito na Avenida Brasil e na Via Dutra. Uma década depois, a rodovia ainda é subutilizada. Por suas pistas, entre Duque de Caxias e Itaguaí, passam diariamente cerca de 34 mil veículos nos dois sentidos. Mal iluminada e considerada insegura, é evitada por muitos motoristas.

Os problemas com insegurança se refletem nos índices de roubos de carga em seu entorno, que estão crescendo, enquanto caem no restante do estado. Levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), a partir de dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), mostra que a região do entorno do Arco — equivalente à 11ª Circunscrições Integradas de Segurança Pública (CISPs)—apresentou aumento de 4% no indicador. Foram 611 casos no ano passado, contra 587 do ano anterior. Em todo o estado, foram 3.224 casos em 2023 contra 4.229 no ano anterior, queda de 23%.

— O que percebemos é um aumento do peso relativo do Arco Metropolitano no total de roubo de cargas. Se ele foi pensado para ser uma artéria logística e um vetor de desenvolvimento, à medida que se torna inseguro, tem efeito contrário. A gente ouve de empresários “eu não passo pelo Arco à noite” — diz Isaque Ouverney, gerente de Infraestrutura da Firjan, citando maior preocupação com a interseção entre a rodovia e a BR-040, em Duque de Caxias.

Na foto, ponte conhecida como Viatuto das Pererecas, próximo à alça de acesso à Rodovia 465 (antiga Rio-São Paulo), em Serepédica. Viaturo não previsto no projeto foi construído para não alterear o habitat dos animais — Foto: Márcia Foletto
Na foto, ponte conhecida como Viatuto das Pererecas, próximo à alça de acesso à Rodovia 465 (antiga Rio-São Paulo), em Serepédica. Viaturo não previsto no projeto foi construído para não alterear o habitat dos animais — Foto: Márcia Foletto

O trecho de 71 quilômetros do Arco entre Caxias e o Porto de Itaguaí, passando por Nova Iguaçu, Japeri e Seropédica, foi entregue em 1º de julho de 2014. A obra custou R$ 1,9 bilhão (R$ 3,9 bilhões, em valores corrigidos). A rodovia, que integra a BR-493, contempla ainda parte da BR-116, entre Caxias e Magé, além de trecho entre Magé e Itaboraí, também já existente, totalizando 145 quilômetros. Havia a expectativa de que o Arco injetasse mais de R$ 1,8 bilhão no PIB do Rio e reduzisse em até 20% o custo do transporte de carga no estado, além de gerar mais de R$ 343 milhões em receita anual com arrecadação de impostos. Na solenidade de inauguração da obra, a então presidente Dilma Rousseff traçou um cenário otimista:

— (o Arco) Abre acesso a um território que estava desocupado na Baixada. Então, abre oportunidades sociais e econômicas. Não tenho dúvidas: nós hoje inauguramos um arco rodoviário que pode ser chamado caminho do futuro.

O Arco Metropolitano — Foto: Editoria de Arte
O Arco Metropolitano — Foto: Editoria de Arte

Desenvolvimento não veio

A previsão, porém, não se concretizou. Isaque Ouverney diz que estes dez anos foram uma “década perdida”:

— Passados dez anos, a gente tem uma via implantada de muito boa qualidade, mas que sofreu nos seus anos iniciais com problemas de abandono, solucionados nos anos recentes. Essa é uma década perdida porque a ocupação do entorno da rodovia não ocorreu da forma que se esperava.

Percorrer o Arco mostra marcas do tempo e pichações nas treliças (estruturas metálicas dos viadutos), mas sobretudo a paisagem cercada por vegetação e poucas casas.

A perereca Physalaemus soaresi, motivo de atraso das obras, segue por lá: foi preciso construir um viaduto no Km 98 (Seropédica), para preservá-la em seu habitat.

Em toda a extensão da rodovia não se vê comércio ou postos de combustível. O único existente fica em Itaguaí.

— Cadê um posto? Cadê o recuo de caminhão? Dá raiva, porque foi uma obra que era para nos ajudar — reclama o caminhoneiro Marcos Esteves, que transportava carga até o Porto de Itaguaí e precisou parar após o pneu furar.

O motorista diz ainda que o “jeito é não rodar à noite”, por falta de segurança. Os mais de 4 mil postes que sustentavam placas de energia solar, e se tornaram a principal característica da rodovia, sumiram da paisagem. Foram retirados pela EcoRioMinas (concessionária que em 2022 assumiu a operação da via), nos trechos entre Caxias e Itaguaí, e Itaboraí e Magé, depois de terem se transformado em alvo de ladrões para sucessivos furtos das baterias. Os únicos remanescentes estão num trevo de acesso ao Arco, na altura do Hospital Adão Pereira Nunes, em Caxias, área fora da concessão. A previsão da concessionária é investir R$ 1,5 bilhão até 2052. Entre as promessas, está um novo projeto de iluminação até o final do quinto ano de contrato.

A rodovia BR 493 liga Magé a Itaguaí, é operada pela concessionária EcoRioMinas e tem um posto da Polícia Rodoviária Federal — Foto: Márcia Foletto
A rodovia BR 493 liga Magé a Itaguaí, é operada pela concessionária EcoRioMinas e tem um posto da Polícia Rodoviária Federal — Foto: Márcia Foletto

Uma praça de pedágio foi instalada em Itaguaí, com tarifa de R$ 10,10 para veículos de passeio. É possível ver equipes da concessionária atuando na via, realizando capina ou resgatando veículos enguiçados. Ainda assim, percebe-se lixo na beira da pista, como copos, garrafas e maços de cigarro. Apesar disso, motoristas como Diego Bolorini acham que a situação mudou:

— Depois que privatizou, ficou melhor. Me sinto mais seguro. Aumentou até o fluxo de veículos leves — disse.

Posto da PRF

Essa sensação de segurança é resultado da instalação na altura de Japeri de um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que, apesar de já estar em operação, passa por obras. Além disso, viaturas da PRF e carros da Força Nacional são vistos no patrulhamento da via, na chamada “Operação Palladium”.

— Sem segurança, não há desenvolvimento — diz Carlos Erane Aguiar, presidente do Conselho de Defesa e Segurança da Firjan.

Há ainda a preocupação de crescimento desordenado no entorno do Arco, como um loteamento que surgiu em Vila de Cava, Nova Iguaçu, como mostrou O GLOBO em 2015. Atualmente, há um projeto sendo desenvolvido para monitorar a ocupação no entorno da rodovia, informa o Instituto Rio Metrópole.

A EcoRioMinas diz que “realiza diariamente a limpeza manual do trecho e semanalmente a limpeza mecanizada”, retirando 600 quilos de lixo diariamente, e pede para que a população faça sua parte. Quanto às treliças, a limpeza e pintura obedecem um “cronograma de obras e manutenção”. Já sobre os postes, a concessionária ressalta que, ao assumir a via, detectou que essas peças estavam vandalizadas e inoperantes: “Além de não estarem funcionando, as estruturas ofereciam risco de acidente aos usuários da via, e por segurança todos foram retirados em 2023”.

Já a PRF informa que “equipes atuam diuturnamente realizando rondas na rodovia e com ações de fiscalização estática (blitz), conforme os locais e horários de maior incidência criminal”. Sobre o roubo de cargas, a corporação alega que houve “redução expressiva” no delito no Arco Metropolitano e na BR-040. “É comum acontecer uma ocorrência em uma via de acesso a uma rodovia federal, por exemplo, e, por desconhecimento do local, ser informado como ponto de referência a rodovia federal, mas o fato não ter sido exatamente nela.”

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