Muito mais do que o forró pé-de-serra, o milho assado e o quentão, as festas juninas estão se agigantando e oferecendo outras opções para os frequentadores. Só na capital, são mais de 50 e para todos os gostos. Da inusitada mistura do anarriê com o rock a shows com Daniela Mercury e Tiee, os arraiás vão tomar conta da cidade a partir desse fim de semana e, alguns deles ganharam ares de grandes eventos. É o caso do Arraiá do Alemão, onde vão se apresentar a rainha do axé e o pagodeiro. A dupla cantará no domingo, numa estrutura montada na Praça de Inhaúma, com dois palcos, arquibancadas, posto médico, banheiros químicos, área para bares e quiosques. A expectativa dos organizadores é receber cerca de 10 mil pessoas, por dia. A festa começa nesse sábado e é de graça.
— É emocionante ver como o Arraiá do Alemão cresceu ao longo dos anos e se tornou um evento tão importante para nós. É incrível ver como conseguimos movimentar a economia local, reunindo pessoas de todos os cantos, de todas as idades, em uma grande festa de amor e respeito. É um momento de fortalecer laços e criar memórias que ficarão para sempre — festeja Rene Silva, fundador do Voz da Comunidades e criador do evento que chega à sua sétima edição.
Para os organizadores de quadrilhas, o ano passado foi de retomada, após um período ruim, quando muitos grupos deixaram de se apresentar. Para eles, 2024, é o de consolidação das festas e volta ao patamar de antes da pandemia da Covid-19. A boa fase é creditada em parte aos investimentos públicos, como os R$ 7,25 milhões que o estado destinou a 115 projetos juninos em 23 cidades.
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Na Capital, a prefeitura anunciou dois editais de repasses de recursos oriundos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), um deles de R$ 6,6 milhões beneficia atividades da cultura popular e urbana, entre elas as quadrilhas. O município também programou um primeiro circuito de eventos do gênero, que de 12 a 14 de julho vai rodar 16 equipamentos da Secretaria Municipal de Cultura.
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Entre os eventos particulares, a curiosidade fica por conta do tradicional Rock 80 Festival, que promete assumir sua porção caipira e vestir o chapéu de palha e a camisa xadrez para se unir aos trios de forró pé-de-serra nesse sábado e domingo, na Praia do Flamengo, com entrada gratuita. As tradicionais comidas das festas juninas também farão parte do roteiro. A ideia dos organizadores é atrair a turma que não dispensa rock and roll, mas também não abre mão do clima junino.
— Preparar edições juninas, é uma forma de realizar um intercâmbio cultural, junto aos que não frequentam eventos de rock, porém, não abrem mão de uma festa junina. Que os cariocas prestigiem nossas edições — convida Fernando Fernandes, um dos organizadores do evento.
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A Praça Paris, na Glória, vai receber também nesse sábado e domingo o evento Juninas do Rio, que depois irá a outros espaços públicos na Zona Sul, Tijuca e São Cristóvão (Quinta da Boa Vista) até meados de julho. No local serão montados palco, banheiros químicos, área com brinquedos para as crianças e barraquinhas para cerca de 70 expositores, que vão vender comidas e bebidas típicas, além de cervejas artesanais.
A quadrilha ficará por conta do grupo Junina Fogo Santo, comandada por João Marcos Silva e que, nesse fim de semana, atinge a centésima apresentação do ano. Nos intervalos da dança se apresentarão DJs e trios pés-de-serra, alguns vindos diretamente do nordeste, como o Trio Juazeiro e o de Severo Gomes.
—O que nos move é a junção da vontade de dançar com o desejo de manter viva a cultura junina. A maioria dos integrantes da quadrilha é formada por nordestinos ou são de famílias vindas do nordeste — afirma o quadrilheiro.
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O evento foi criado em 2017 pelos sócios Arisio Nogueira e Natasha Campos, que ao longo do ano se dedicam a feiras gastronômicas. A festa vem crescendo a cada ano, sem perder a sua principal característica, que é o respeito às tradições juninas. A expectativa dos organizadores é atrair de 3 mil a 4 mil pessoas por dia. A entrada é gratuita.
—Acredito que o fato de ser um grande evento potencializa o que é nosso, natural do Brasil. É a forma de fazer a cultura permanecer viva e se perpetuar. Nessa época do ano muita gente viaja para o Nordeste, por conta do São João de lá. No futuro a gente quer que as pessoas passem a vir para o Rio e veja a cidade como uma referência de festa junina — aposta Natasha.
O Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, popularmente conhecido como Feira de São Cristóvão, não poderia ficar de fora. O espaço costuma realizar uma das maiores festas juninas da cidade e esse ano não será diferente. Pelos seus sete palcos vão passar mais de 80 quadrilhas e 14 bandas de forró até meados de agosto. A entrada custa R$ 10 e também dá acesso a mais de 400 lojas de venda de produtos relacionados à cultura nordestina.
—Estamos voltando ao patamar de antes da pandemia. Por onde a gente anda ouve falar em festas juninas — afirma Magno Queiroz Pereira, diretor da comissão de administração da feira, que estima receber um público de 50 mil pessoas por fim de semana.
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Milton Luiz da Silva, pesquisador da UFRRJ e coordenador do projeto Cultura Junina do Rio de Janeiro não vê problema no gigantismo das festas, desde que não abandonem a tradição. Também não considera descaracterização do festejo a inclusão de outros ritmos, até mesmo para animar a dança.
— Entendendo a festividade como uma expressão popular e ela tem que tocar aquilo que o povo quer ouvir. Acho que existem outros símbolos, outras características que mantêm a integridade dessa festa, que vai se moldando de acordo com a temporalidade. O que interferiria seria tirar a simbologia como as bandeiras e os balões, simbolicamente falando, não os balões de soltar, assim como as fogueiras, as comidas típicas, as barraquinhas e as brincadeiras. Esses são símbolos permanentes — defende o pesquisador.
O problema gerado pela grandiosidade das festas é o encarecimento da produção dos grupos de quadrilhas, que passam a investir cada vez mais em vestimentas e até mesmo cenários. Essa é a avaliação de Henrique Silva, presidente da Liga Cultural das Quadrilhas e Arraiais do Estado do Rio de Janeiro (Liquabaferj), entidade que representa 40 grupos de quadrilha na capital, no Grande Rio e no sul do estado. Silva estima que uma apresentação, hoje, não saia por menos de R$ 60 mil.
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— Tem as quadrilhas de roça e salão, que de um tempo para cá estão ficando cada vez mais estilizadas. As saias das dançarinas de roça que antes usavam um bambolê para fazer a armação e era um produto baratinho, agora recorrem ao filó de armação, cujo metro custa entre R$ 13 e R$ 15. E, para fazer uma saia com o devido molejo, gasta-se entre 25 metros a 30 metros do tecido — exemplifica, acrescentando que os custos podem ser elevados ainda pelo uso de pedrarias, chapéus e outros gastos como cenografia, transporte e alimentação para os grupos de dança.
Diretora artística da Associação das Quadrilhas Juninas do Rio (Aqua Rio), Vanne Costa acha natural a evolução das festas juninas. Ela lembra que até o tradicional pau de sebo (mastro untado para dificultar a subida para pegar a prenda) foi substituído por brinquedos infláveis e parques.
—Só não podemos esquecer as raízes. É preciso enaltecer a história das quadrilhas — cobra a dirigente da entidade que representa mais de 40 quadrilhas e organiza um festival estadual, cuja semifinal será de 19 a 21 de julho, em Magé.
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Confira um roteiro de festas juninas pela cidade
Arraiá do Alemão 2024
A festa começa às 16h, terminando 1h, no sábado, e 23h, no domingo. A entrada é franca. Haverá shows de grandes nomes da música como Daniela Mercury e Tiee, além de uma programação repleta de artistas do Nordeste, incluindo representantes do sertanejo, trio de forró e axé.
Onde: Praça Vinte e Quatro de Outubro, 43, Inhaúma
Carioquíssima na Roça
A edição temática da feira Carioquíssima, que completa 10 anos em 2024, fará três eventos em junho Para a primeira edição "da roça" no ano, as atrações musicais serão a Banda Estopim (nesse sábado, 19h) e Marimelo (no domingo, 19h). Durante o dia terá som com os DJs Taroba e Xeleléu, além de muito forró e xote. Os próximos eventos serão no Parque Garota de Ipanema (22 e 23) e na Praça Paris, na Glória (29 e 30).
Onde: Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha, Urca, a partir das 14h, com entrada grátis
Arraiá do Rock 80
Tradicional evento Rock 80 Festival veste chapéu de palha eroupa xadrez, arruma a decoração típica, para entrar no clima das festas de São João, unindo roqueiro e forrozeiros. Haverá outras edições na Urca (15 e 16) e Tijuca (22 e 23).
Onde: Na praia do Flamengo, com entrada gratuita
Juninas do Rio
Num espaço com palco, banheiros químicos, área com brinquedos para as crianças e barraquinhas para cerca de 70 expositores, vão se apresentar grupo de quadrilha, DJs e trios pés de serra, alguns vindos diretamente do nordeste, como o Trio Juazeiro e o de Severo Gomes.
Onde: Praça Paris, na Glória, nesse sábado das 13h às 21h e no domingo das 12h às 21h. Evento gratuito
Festa Junina da Feira O Fuxico
Evento contará com iguarias juninas, cervejas artesanais, música, feirinha de artesanato, e muito mais, em um ambiente todo decorado, para os participantes vivenciarem bons momentos dignos das tradicionais festas de São João. Grátis.
Onde: Praça Nossa Senhora da Paz, Ipanema
Arraiá do Beco do Rato
O espaço recebe o Trio Samburá e Luiz Claudio Coelho, neste sábado. Entrada grátis até as 14h e R$ 15 depois desse horário. No dia 29 tem mais arraía com o Casuarina.
Onde: Rua Joaquim Silva,11
Arraiá da Escola de Música da Rocinha
Uma megafesta na Quadra da Acadêmicos da Rocinha celebra os 30 anos da escola. A entrada custa R$ 15 (com entrega de 1k de alimento não perecível).
Onde: Rua Berta Lutz, 80
Arraiá da Feira do Podrão
O evento comemora 20 anos em edição junina no Shopping Aerotown Power Center, na Barra da Tijuca, nesse sábado e domingo, a partir das 14h,com entrada franca
Onde: Av. Ayrton Senna, 2541, Barra da Tijuca
Arraiá do Morro
O Parque do Bondinho, no Morro da Urca, recebe a Feira de São Cristóvão nesse fim de semana, com repentistas, trios de forró e quadrilha. Maçã do amor está liberada até das 14h às 16h. Programação prossegue até dia 30, sempre aos sábados e domingos Sábado e domingo das 13h às 17h.
Feira de São Cristóvão
Uma das festas juninas mais tradicionais e maiores da cidade acontece no Centro de Tradições Nordestinas até agosto, sempre na sexta-feira, sábado e domingo, com entrada a partir das 10h e com ingressos a R$ 10
Festa do Nordeste
Acontece nos jardins do Museu da República, no Catete, celebrando a cultura nordestina através de gastronomia, forró pé-de´serra, cordel e muito mais. Nesse sábado e no domingo, das 9h às 18h.
Onde: Rua do Catete, 153
Sambay
A roda de samba LGBTQIA+ também vai se render às festas juninas, nesse domingo, a partir das 17h, com entrada grátis até as 18h e R$ 20 (1º lote).
Onde: Av. Alm. Silvio de Noronha, 300
Arraiá da Fundição
Com Alceu Valença e Amigos da Onça como atração, a festa acontecerá na próxima sexta-feira, 14, às 20h, com ingressos a partis de R$ 100.
Onde: R. dos Arcos, 24 a 50, Lapa
Arraiá da Portela
A azul e branca de Oswaldo Cruz vai entrar em clima junino no dia 29, a partir das 14h.
Onde: Quadra da Portela, Rua Clara Nunes, 81, Oswaldo Cruz
Arraiá do CCBB
Dentro e fora do centro cultural haverá festa com forró e barracas, nos dias 29 e 30
Rua Primeiro de Março, 66
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