Zona Sul
PUBLICIDADE
Por — Rio de Janeiro

Aos 91 anos, Anna Bella Geiger celebra seus 75 anos de carreira e abre na próxima sexta-feira, no Sesc Copacabana, a exposição “Anna Bella Geiger — Entre o relevo e o recorte”, que traz 29 trabalhos, criados entre 1960 e 1966 — muitos inéditos no Brasil. A mostra vai permitir que o público conheça a exploração da técnica de recorte da chapa de metal da gravura, uma prática não usual na época, além de poder observar a ousadia poética e a subversão da técnica presente nos trabalhos da artista. Na época, ela se utilizava da chapa de metal da gravura como suporte para experimentação, cortando-a, o que era inimaginável para a produção gráfica do período.

Na linha do tempo traçada ainda será possível perceber que, com o passar dos anos, as formas gráficas começam a se soltar do retângulo da chapa de metal, ganhando novos contornos e promovendo novas discussões dentro do campo da própria arte.

— Minha carreira é longa, e tenho um grande número de obras abstratas. Gosto muito dos trabalhos da década de 1960. Não sou artista linear, sempre trabalhei com emoçao. Passo por mudanças e também tenho crises. Não planejava a exposição porque nós, artistas, não fazemos muitos planejamentos, mas essa vai ser muito bonita —adianta Anna Bella, que mora numa cobertura transformada em ateliê na Rua Paissandu, no Flamengo.

“Sem título”. Obra de 1965 feita em nanquim, bico de pena e aguada de café sobre papel — Foto: Divulgação/Eduardo Ortega
“Sem título”. Obra de 1965 feita em nanquim, bico de pena e aguada de café sobre papel — Foto: Divulgação/Eduardo Ortega

Anna Bella conta que a ideia nasceu da curadora Ana Hortides, que foi sua assistente no passado. As obras apresentadas exploram a jornada de quando ela era uma jovem artista experimental, que começou seus trabalhos pela arte abstrata e explorando o suporte da gravura de maneira não convencional. Anna Bella se consagrou como gravurista e pioneira na videoarte brasileira. Entre os destaques, a obra “Sem título”, de 1961, vencedora do 1º Concurso Interamericano de Grabado, na Casa de las Américas, em Havana, Cuba, no ano de 1962.

— Participei da primeira exposição brasileira abstracionista. Eu tinha 18 anos. Algumas das obras já foram exibidas em outros países, mas não aqui. Por isso são inéditas. Quando surgiu a arte abstrata, muitos artistas, como Di Cavalcanti e Portinari, falaram coisas horríveis a respeito. Mas o abstracionismo é a busca da beleza na arte. O movimento começou na época da Segunda Guerra Mundial e tem um sentido filosófico — explica.

Gravura. Obra de 1965 em que a artista utilizou metal, água tinta e água-forte — Foto: Divulgação
Gravura. Obra de 1965 em que a artista utilizou metal, água tinta e água-forte — Foto: Divulgação

Na abertura da exposição, Anna Bella vai conduzir os presentes em uma visita guiada das 16h às 18h. A mostra ficará em exibição até 8 de setembro. No dia 3 do mesmo mês, às 16h, haverá o lançamento do catálogo, com a presença da artista, que fará uma palestra.

Primórdios.  A jovem  Anna Bella em seu início de carreira, no começo dos anos 1960 — Foto: Divulgação/Fernando Ferro
Primórdios. A jovem Anna Bella em seu início de carreira, no começo dos anos 1960 — Foto: Divulgação/Fernando Ferro

— Até para mim é diferente, porque vou ver as obras emolduradas, e o fato de elas estarem ali enfileiradas será uma surpresa. Vou recordar de todos os detalhes aos quais não prestei atenção na hora de separar as peças. Acredito que minha obra tem uma estética por trás do consciente — diz.

Criatividade em esculturas e pinturas

A mostra de Anna Bella Geiger é uma das opções no Rio para quem gosta de artes plásticas. Hoje é o último dia para conferir “Anjos com armas”, com 50 obras de Sérgio Camargo, Lygia Clark, Mira Schendel e Hélio Oiticica. A exposição é um tributo ao crítico e curador britânio Guy Berret, um dos nomes que internacionalizou a arte brasileira. Com curadoria de Max Perlingueiro, diretor da Pinakotheke Cultural, tem colaboração do artista Luciano Figueiredo. A sala fica na Rua São Clemente 300, em Botafogo.

Lygia Clark. Escultura da década de 1980 que pode ser conferida em mostra que termina hoje — Foto: Divulgação
Lygia Clark. Escultura da década de 1980 que pode ser conferida em mostra que termina hoje — Foto: Divulgação

Perto de completar 83 anos, a artista Pietrina Checcacci, italiana que reside no Rio desde os 13 anos, acaba de inaugurar a exposição “Carnação”, que traz 35 obras produzidas desde 2005, além de esculturas feitas nas décadas de 1970, 1980 e 1990. Grande parte delas é inédita. “Carnação” trabalha o corpo feminino. A curadoria é de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto. As pinturas trazem ainda referências surrealistas.

— Pietrina acentua a presença feminina na arte pop brasileira com suas figuras sensuais repletas de desejo. Fiel à imagem, ela faz do corpo a sua principal ferramenta de criação e encantamento de mundo. Suas formas arredondadas, como as curvas e dobras barrocas, fazem do corpo feminino um território de luta, empoderamento e prazer— destaca Costa.

Pietrina Checcacci. Obra da nova mostra da artista plástica, que fará  83 anos — Foto: Divulgação
Pietrina Checcacci. Obra da nova mostra da artista plástica, que fará 83 anos — Foto: Divulgação

“Carnação” pode ser vista até o dia 20 de julho na Danielian Galeria, na Gávea. No mesmo espaço e até a mesma data, também é possível conferir a mostra “Fragmentos de uma pintura amorosa”, com 35 obras recentes de Chico Cunha. O artista é um dos nomes brasileiros que se destacaram nos anos 1980. Nesta exposição, ele trabalha a pintura a partir de diálogos entre a história da arte e suas referências visuais afetivas. O título da exposição é uma alusão ao livro publicado em 1977 pelo filósofo francês Roland Barthes, que analisa a linguagem das relações amorosas.

— Este flerte entre o texto de Barthes e as obras de Chico Cunha se apresentou para nós quando percebemos que os dois partem de um olhar afetivo para pensar tanto a linguagem como a pintura em si— diz Peixoto.

Há dez anos sem expor no Rio, o artista Enéas Valle apresenta a individual “A curva e a dor” até 29 de agosto na Real Galeria de Arte Contemporânea, em Copacabana. São cerca de 20 trabalhos, a maioria inédita, que traçam um panorama da trajetória do artista. A curadoria é de Ivair Reinaldim, professor do programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ. As obras são pinturas em tinta acrílica e combinam cores neutras e vivas. Valle também é um dos representantes da Geração 80, movimento que completa quatro décadas este ano.

— Vemos na exposição as diferentes faces de um profuso mundo onírico criado pelo artista, no qual prevalece a figura humana como sujeito que imagina aquilo que tem diante de si. São personas que se colocam ora em grupo, ora em dupla, muitas vezes sozinhas diante desse espaço-tempo da pintura. São figuras que excedem seus limites, expandem-se e se projetam para além de si — resume o curador.

Mostras coletivas

Mãe, pai e filho, Roma Drumond, Pedro e Antonio Tebyriçá vão além dos laços sanguíneos e compõem juntos a exposição “Triangular”, em cartaz na Galeria Patrícia Costa, no Shopping Cassino Atlântico, em Copacabana. Roma traz o movimento da pop-art, oriundo do concretismo, e convida o público a participar de suas experiências estéticas, cinéticas, interativas e sensoriais. Já Pedro tem um trabalho que remete ao grupo argentino Madi, que, embora pioneiro no concretismo, sempre manteve uma certa informalidade e liberdade no uso da forma, das cores e das pinceladas. Já o filho, Antonio, não se prende a pesquisas formais, mas ao gesto, à cor e à textura.

— Embora tenham trabalhos distintos e particulares, é possível observar desdobramentos e envolvimentos que permeiam a produção do trio — diz a curadora, Denise Mattar.

A mostra da família pode ser vista até o dia 2 de julho, de segunda a sábado.

Francês. Pinturas de diferentes cidades do mundo, de Jérôme Poignard — Foto: Divulgação
Francês. Pinturas de diferentes cidades do mundo, de Jérôme Poignard — Foto: Divulgação

No Humaitá, de 20 de junho a 21 de julho, na Galeria do Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, será possível conferir a mostra coletiva “Só a arte toca as intocáveis verdades”, que reúne obras de Katia Politizer, Laura Burnier, Marcelo Palmar Rezende, Mário Camargo, Rogério Miranda e Sandra Felzen. Segundo o texto de apresentação, a proposta é a convergência das obras “em uma experiência que desafia os limites da percepção, indo além das barreiras do mundano, explorando o inexplorado e revelando as verdades que habitam dentro do ser humano que muitas vezes permanecem intocáveis”. Estarão expostas pinturas e esculturas, além de uma instalação escultórica, totalizando cerca de 30 obras, com curadoria de Mário Camargo.

— A exposição ergue-se como um portal para a introspecção e a reflexão sobre a profunda relação entre a arte e a liberdade. Ser artista é um estado, os sentidos se valem e se sobrepõem de camadas técnicas, de formas e cores, em uma dinâmica contemporânea que impõe um transbordamento de sensações e que provoca um constante desabar de limites — diz o curador.

Coletiva. Obra de Sandra Felzen que fará parte de mostra no Sérgio Porto — Foto: Divulgação
Coletiva. Obra de Sandra Felzen que fará parte de mostra no Sérgio Porto — Foto: Divulgação

Hoje e amanhã, das 11h às 19h, a galeria de arte popular brasileira Nau Cultural desce as ladeiras de Santa Teresa e ocupa espaço em conjunto com a feira O Mercado no prédio do Instituto de Arquitetos do Brasil, no Flamengo. A exposição traz acervos de artesãos de Pernambuco, Alagoas e Minas Gerais, em forma de esculturas, pinturas e xilogravuras. Além da mostra, serão realizadas palestras e oficinas gratuitas sobre música, poética e mamulengo e será exibido material audiovisual produzido pelos curadores da Nau Cultural, que viajaram oito mil quilômetros em uma Kombi pesquisando e documentando 23 artistas.

Já o hotel MGallery, em Santa Teresa, exibe até 3 de agosto a exposição inédita “Luzes”, do artista francês Jérôme Poignard. A mostra é uma expressão das experiências pessoais de Poignard em cidades como Paris, Londres e Rio. O estilo do artista é marcado pela espontaneidade e a energia.

— Os visitantes poderão observar uma reflexão profunda do que vivi em cidades como Paris e Rio de Janeiro. É uma imersão e um convite a se conectarem com suas próprias memórias e emoções — avalia o artista.

Nau Cultural. Acervo de artistas brasileiros será exibido no Flamengo — Foto: Divulgação
Nau Cultural. Acervo de artistas brasileiros será exibido no Flamengo — Foto: Divulgação
Mais recente Próxima Fim de semana tem quatro festivais 0800 na Zona Sul

Inscreva-se na Newsletter: Zona Sul

Mais do O Globo

O Reagrupamento Nacional (RN), partido de extrema direita dirigido por Marine Le Pen, foi o mais votado no primeiro turno das eleições legislativas antecipadas da França

Cartaz eleitoral da extrema direita choca franceses e vira caso de polícia: 'Vamos dar futuro às crianças brancas'

Um vídeo em que Sophia, de 5 anos, aparece debochando do aparelho do chef de cozinha Cleitom Martins viralizou nas redes

Filha de Maíra Cardi causa polêmica ao criticar telefone do cozinheiro da família: 'Celular de pobre'

Depois da contundente vitória nas eleições europeias e da liderança da ultradireita nas eleições legislativas, candidato de 28 anos disse estar pronto para governar

Quem é Jordan Bardella, jovem líder da extrema direita que ameaça chegar ao poder na França

Anna Christina Ramos Saicalli é investigada por participar de esquema de fraude bilionária e terá de entregar seu passaporte no país

Ex-diretora da Americanas desembarca em SP após se entregar em Portugal

Artista foi parado após ultrapassar sinal vermelho e não manter veículo na faixa nos Hamptons; ele se recusou a fazer teste de alcoolemia e disse aos agentes que havia tomado um martíni com amigos

Justin Timberlake faz piada durante show sobre a própria prisão por dirigir embriagado; veja

Apreensão aconteceu no aeroporto de Malpensa, em Milão, durante uma inspeção de mercadorias declaradas na Alfândega como 'revestimento em pó de poliéster'

Itália anuncia apreensão de mais de seis toneladas de drogas sintéticas procedentes da China

Piloto fez um pouso de emergência em um lago congelado e teve que passar a noite ali aguardando o resgate; vídeo mostra momento em que piloto é encontrado por helicóptero

À beira da hipotermia: o dramático resgate de um piloto que pousou de emergência em lago congelado da patagônia argentina

Oficial de Náutica Renata Bessa estava no navio acidentado, em 2015, no Espírito Santo

Petrobras: sobrevivente de explosão em plataforma vai receber mais de R$ 1 milhão como indenização

Estudo da Universidade Veiga de Almeida mostra que a Avenida das Américas é a via com o maior número de eletropostos em todo o estado

Carros elétricos: Barra da Tijuca concentra metade das estações de recarga do Rio; veja o ranking dos bairros